Despertar

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O tempo parecia ter parado, saber se era dia ou noite havia se tornado uma distinção impossível de se fazer já que não haviam janelas ao meu redor.
Os únicos sons produzidos ali em baixo eram os meus e os do homem que havia me aprisionado. Ele nunca deixava de me trazer comida, mesmo sabendo que eu não iria comer, talvez na esperança de que eu fosse acabar cedendo a qualquer momento.
Mas conforme os dias foram passando e o meu estado piorando, ele passou a demonstrar uma preocupação ainda maior.
Foram inúmeras tentativas para tentar fazer com que eu confiasse nele e desse por fim aquela greve de fome que eu estava fazendo. Porém quanto mais ele se esforçava para me convencer, mais eu sentia raiva dele porque nada daquilo fazia sentido, éramos inimigos então porque ele estava se dando o trabalho de me manter viva?
Mesmo tendo tempo de sobra para pensar,  eu não conseguia entender o porquê dele ter me salvado naquele dia, para depois me deixar trancafiada naquele lugar como se eu fosse um animal.
Por algum motivo o meu genjutsu não funcionava contra ele, e uma luta física estava fora de questão naquele momento, pois eu estava ficando cada vez mais fraca.
O frio já não me incomodava mais e eu estava começando a ter alucinações bem esquisitas durante a noite, claramente uma conseqüência da greve de fome.
A situação tornou-se ainda pior após eu começar a sentir as tonturas, vertigens e as náuseas, claros sintomas de hipotensão. Foi então que eu senti que havia chegado no meu limite, eu estava morrendo aos poucos, as lágrimas já não saíam mais de meus olhos, minha pressão estava cada vez mais baixa e em poucas horas eu iria começar a ter possíveis arritmias cardíacas e falência dos órgãos, para no fim acabar chegando a morte.
Naquela noite minha mente estava vazia, as dores já não me incomodavam mais devido ao torpor que dominava o meu corpo. Saber que aquele seria o último dia do meu sofrimento me deixava com uma sensação de paz finalmente.
Naquele momento enquanto eu fechava os meus olhos, achei ter feito a escolha certa ao abrir mão da minha própria vida e quando enfim comecei a perder a consciência, ouvi um barulho metálico de repente, seguido de passos rápidos e em seguida senti alguém puxando o meu corpo.
- Ei acorde! - Ele disse, enquanto colocava uma das mãos em meu rosto. - Você não pode morrer!
Quando abri os meus olhos devagar para tentar entender o que estava acontecendo ao meu redor, pude ver ver o rosto daquele homem novamente, embora minha visão ainda estivesse meio embaçada, eu conseguia notar a expressão de desespero dele enquanto me segurava daquele jeito. 
- O que está fazendo consigo mesma é um erro!
Eu olhava para ele sem saber como reagir ao que estava ouvindo, me perguntando se aquilo estava mesmo acontecendo ou se era apenas mais uma de minhas alucinações. Porém o calor da pele dele sobre a minha me dava a sensação de que aquela cena era mesmo real, ele estava tentando desesperadamente me livrar da morte.
- Beba isto - Ele disse enquanto aproximava um copo dos meus lábios.
Senti a água deslizando por minha garganta devagar, sentindo como se estivesse recebendo aos poucos a vida novamente.
Em seguida ele retornou a colocar sua mão em meu rosto e enquanto olhava nos meus olhos, algo dentro de mim havia mudado naquele momento.
- Eu não vou permitir que você morra.
Foram as últimas palavras que escutei dele antes de desmaiar, e quando retomei a consciência algum tempo depois, notei que eu estava deitada em minha cama e ao olhar  para o lado, vi que havia uma bolsa de soro pendurada próximo da minha cama e ela estava conectada em meu braço.
Eu ainda me sentia extremamente fraca, porém eu estava melhor do que antes de perder a consciência.
Quando eu ia tentar tirar aquilo do meu braço, acabei me assustando ao ser impedida no mesmo instante por aquele homem, eu não havia sentido a presença dele.
- Nem pense em fazer isso.

O Ninja Que Copiava - Parte 2 Onde histórias criam vida. Descubra agora