Convivência

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Após aquele acontecimento, os dias passaram-se a se tornar mais toleráveis. Eu havia voltado a me alimentar e estava me sentindo bem melhor, apesar de ainda estar trancafiada naquele lugar.
Kimimaro e eu estávamos nos dando bem agora, ele passou a me visitar mais vezes e até ficava por um período maior de tempo comigo, o que me deixava bem de certa forma, era muito melhor do que ficar sozinha.
Podia ser impressão minha, mas ele parecia estar se esforçando bastante para não me ver mais triste e por incrível que pareça, estava dando certo, a convivência com ele tornava a situação mais suportável.
Em uma das noites que passei lá dentro, acabei acordando por causa de um pesadelo e mesmo tentando voltar a pegar no sono novamente, eu não consegui.
Quando me sentei para tomar água, fiquei assustada ao ver a silhueta de alguém parado na frente da minha cela.
- Não pode ser… - Eu disse enquanto colocava as mãos em minha cabeça. - Estou tendo alucinações novamente.
- Isto não é uma alucinação.
Abaixei minhas mãos devagar e voltei a olhar na direção de onde vinha aquela voz da qual eu já havia me familiarizado.
Quando Kimimaro se aproximou das grades, pude sentir um alívio instantâneo quando vi o rosto dele sob a luz que vinha do corredor.
- O que você estava fazendo aí parado?
- Vim ver se você estava bem.
- Mas… você já havia feito isso hoje.
- Sim, você me pegou no flagra.
Ficamos nos olhando por um momento, tanto ele quanto eu parecíamos estar meio constrangidos com aquela conversa.
- Pode voltar a dormir Hikari, não era a minha intenção ter te acordado.
- Acho que mesmo se eu tentasse, seria impossível por causa do pesadelo que tive.
- Então já que está acordada… Quer dar uma volta comigo?
- O que?
- Talvez te ajude a relaxar e esquecer desse pesadelo, e você precisa tomar um ar fresco.
Olhei para ele meio desconfiada, era a primeira vez que ele havia me dado a chance de sair daquele lugar.
- O que foi Hikari?
- Você está falando sério Kimimaro?
Kimimaro começou a abrir os cadeados da cela um por um, e em seguida abriu o portão devagar.
Estava sendo tão difícil de acreditar que aquilo realmente estava prestes a acontecer, era como se eu estivesse dentro de um sonho estranho novamente.
- Pode vir.
Coloquei minhas botas e em seguida me levantei para ir até ele, porém quando cheguei próximo ao portão, fui tomada por um sentimento ruim que me fez ficar imóvel no mesmo instante. Era como se algo em meu interior estivesse tentando me impedir de sair dali.
- O que foi Hikari? - Kimimaro me perguntou meio surpreso. - Achei que você teria uma reação diferente.
Fiquei sem saber o que dizer, eu estava tão nervosa que mal conseguia respirar direito naquele momento.
Kimimaro então pegou em minha mão e me deu um sorriso.
- Está tudo bem, vamos apenas dar uma volta.
- Você não vai… amarrar as minhas mãos?
- Não, porque eu confio em você.
Enquanto segurava minha mão, Kimimaro começou a me levar pelo longo corredor e quanto mais nos afastávamos daquela cela, mais eu sentia a tensão percorrendo meu corpo. Talvez ter ficado presa naquele lugar há tanto tempo tivesse feito com que eu tivesse criado um certo medo da liberdade.
- Chegamos. - Ele disse enquanto girava a maçaneta de uma porta.
O brilho da lua foi a primeira coisa que chamou a minha atenção quando ele abriu aquela porta, estava tão intenso no meio daquele imenso céu estrelado.
Eu mal conseguia conter as lágrimas que insistiam em transbordar dos meus olhos, de tanta felicidade que eu estava sentindo naquele momento.
Enquanto eu olhava ao redor, notei o quanto eu estava sentindo falta das coisas simples,
antes de ter ido parar naquele lugar, eu mal me importava com coisas assim, minha vida era completamente dominada pelas tarefas que Baki e o quarto Kazekage me davam, eu mal tinha tempo para mim mesma.
- Você está bem?
Abaixei meu rosto e dei um sorriso ao ouvir a voz de Kimimaro, eu estava tão envergonhada por estar chorando daquele jeito.
- Sim.
- Desculpe, sei que você não está feliz e me sinto culpado por ter te mantido presa durante esse tempo todo.
- A culpa não é sua Kimimaro, você está apenas seguindo ordens. - Eu disse enquanto tentava afastar as lágrimas insistentes que deslizavam por meu rosto. - Estou tendo um bom tempo para pensar e notei que minha vida era sufocante demais, apesar de eu estar livre, nunca consegui aproveita-la de verdade.
Kimimaro levou suas mãos em meu rosto e o ergueu devagar para que pudesse olhar em meus olhos.
- A vida de um ninja não é nada fácil, porém eu sei que todo o seu esforço não foi em vão.
- Se não fosse por você, eu teria desistido da minha vida.
Kimimaro ficou surpreso ao ouvir minhas palavras e em seguida esboçou um sorriso tão bonito que deixou meu coração inquieto no mesmo instante.
- Você é tão bonita.
- Não sei porque está dizendo isso, eu fico horrível quando choro desse jeito.
- Você está enganada, você é linda em qualquer estado emocional.
Senti o ar fugindo de meus pulmões naquele exato momento, meu coração parecia que ia sair pela boca e para a minha surpresa ele decidiu se aproximar de mim.
- Kimimaro…
Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, Kimimaro se abaixou e me deu um beijo, marcando aquela noite em minha mente e em meu coração também.
 




O Ninja Que Copiava - Parte 2 Onde histórias criam vida. Descubra agora