Eu sou muito burro.
Eu acho que eu nunca fui tão impulsivo e cruel como ontem de tarde... Já era de manhã e eu não tinha conseguido dormir direito, pois a cena do beijo não parava de passar na minha cabeça e o pior é que eu tinha gostado, além de querer repetir.
Isso era loucura, afinal eu não sou gay, já que eu havia tido namoradas, Júlia e Sara. Além de ficar com garotas até que frequentemente, não tinha como isso acontecer, era impossível.
Mas e se... Não!
Esse monólogo estava se repetindo, desde que tirei minhas mãos de Felipe, eu tinha adorado o contraste da minha mão branca em seu pescoço negro. E seus lábios nos meus, além da sua mão em minha bochecha.
Foco Gabriel! Você precisa resolver esse assunto!
Além de tudo isso, eu tinha sido cruel com Brenda, mas eu não queria beijá-la! Será que ela não havia entendido durante aquela semana? Eu tinha dado tantos foras! Não queria a chatear daquele jeito, contudo ela já estava muito bêbada e talvez tenha tido uma reação ruim, não sei...
Eu já tinha me contentado que o amor mágico não existia, era tudo um desejo carnal de continuar nossa descendência. Mas o arrepio que senti, quando ouvi a voz de Felipe tinha me deixado confuso com essa verdade.
O que eu estava pensando?
Eu tinha gostado das minhas namoradas do ensino médio, quer dizer, foi bom beijá-las e conversar com as meninas. Mas perdi o interesse após alguns meses, internamente acho que eu só gostava delas e não as amava, por isso não consegui levar a relação adiante. Pelo menos terminei amigavelmente e elas foram compreensivas, por isso me contentei que não havia isso de amor. Talvez uma paixão, mas foi tudo sem graça e continuei como coadjuvante.
Ainda não tinha começado a procurar minha chave.
Após o choque e atração do beijo, Enzo havia ido conversar comigo. Eu não queria brigar com ele e também não queria ser sincero com meus sentimentos, tinha receio de me entregar de novo na nossa relação fraternal e ele surtar novamente. Admito que criei um muro para ele, desde o ano passado, mas sentia muita falta dele.
Aquela briga me consumiu durante meses, eu não conseguia acreditar que meu irmão não confiava em mim, isso simplesmente me destruiu. Já que percebi que era só mais um figurante em sua vida, após uns meses nos reaproximamos, porém o medo de que aqueles sentimentos voltarem era maior, então nossa relação estava diferente, ainda brigávamos, mas eram coisas bobas.
Dessa maneira, eu não queria ter nenhuma conversa plenamente franca com ele, quando fui escovar meus dentes comecei a relembrar de nossa conversa.
- Gabriel?
- Sim.
- O que aconteceu? - ele disse com um olhar preocupado.
- Um beijo - eu disse já um pouco farto da nossa conversa.
- No Felipe? Quer dizer, você gostou?
- Sim, eu não queria beijar aquela garota de novo. Então beijei a segunda opção!
- E você gostou? Porque parecia que não vocês não iriam se soltar.
- Foi um pouco mecânico pra mim - mentiroso - não senti nada demais.
Mentira, mentira, mentira...
- De verdade? Você tá com medo dos comentários?
Nossa eu tinha até esquecido que todos estavam nos olhando, não acredito que fui tão idiota.
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A Nossa Vez De Ter Uma História (FINALIZADA)
Romance[CONCLUÍDA] Gabriel está apaixonado pelo melhor amigo do irmão. E Felipe está apaixonado pelo irmão do melhor amigo. E agora? Gabriel é um menino comum e está totalmente desiludido com a vida, já aceitou que ela vai ser sem graça, afinal ele nem con...