A Nossa Vez De Ter Uma História (FINALIZADA)

Capítulo 17 (Gabriel)

Arrependimento e desejo... Eram os dois sentimentos que me dominavam por inteiro. Mas a confusão finalmente acabaria! Aquela semana tinha sido conturbada... E eu precisava colocar um fim naquilo, eu sentia falta da presença de Felipe, porém tinha vergonha de encará-lo.

Nunca achei que eu fosse uma pessoa que fugia de seus problemas, mas eu era... Queria ter a determinação do Percy e ser eu mesmo. Ou conseguir ser como Pollyanna e ser menos triste, contudo eu sou Gabriel e estava com medo...

Depois daquele beijo maravilhoso eu dirigi por horas na chuva, comi um hambúrguer em drive thru qualquer e chorei... Eu estava muito confuso e não tinha ideia que eu podia chorar tanto, por que eu era tão inseguro? Tão medroso? E por que eu o beijei? Devia ter me segurado, cedi ao impulso com tanta facilidade... E o pior era que não sentia nenhum arrependimento, apenas medo das consequências do que eu desejava. Foi tão bom gritar foda-se...

Aprendi com os livros que a melhor decisão é conversar, mas eu tinha fugido da conversa que deveria ter com Felipe. Entretanto antes disso eu precisava ser honesto comigo mesmo e entender essa parte de mim.

Eu queria beijá-lo e aquela música me deu o empurrão que eu precisava, pois no momento em que o convidei para dançar não pareceu errado. Também nem pensei que aquilo seria estranho para dois caras héteros, visto que só queria Felipe perto de mim...Quando eu toquei na sua mão não tive como escapar do desejo, então o beijei... Para minha surpresa ele retribuiu tudo e me beijou com a mesma paixão que eu sentia no meu coração, tinha sido tão maravilhoso... Até me faltam palavras para lembrar, só queria de novo. Isso era errado? Meu Deus, por que eu fico tão emocionado quando me apaixono?

Só percebi que aquilo era real quando ouvi meu irmão, então fui cruel e fugi. Deixando Felipe no meio do furacão... Sozinho. De alguma forma, Felipe também queria me beijar. Será que Felipe gostava de mim? Será que ele era gay? Não, ele não parecia gay... Mas gay tem aparência? Caralho, eu só penso merda.

Passei a semana o evitando, só o via na sala de aula, onde sempre o olhava sem ele perceber, então eu fiz de tudo para me ocupar: iniciei diversas leituras, fiquei muito tempo na biblioteca, falei com os professores, fiz atividades a mais... Mas eu estava exausto, eu precisava vê-lo! Eu não deveria ir atrás do que eu queria, embora sentisse medo do meu pai, visto que foi por causa desse sentimento que sai correndo. Dessa forma, o medo falou mais alto, primeiro eu tinha que entender o que estava acontecendo. De uma coisa eu tinha certeza... Eu gostava de Felipe e eu o desejava... Será que eu era gay? Não, eu tive namoradas e gostei delas, até perdi minha virgindade com a primeira... Talvez bi, não sei... Era muito confuso.

Apesar de conhecer a comunidade LGBTQIA + e entender o básico sobre o assunto, eu nunca me permiti tentar me identificar com ele, pois seria uma decepção para o meu pai (na verdade mais uma, já que eu sequer conseguia ser como ele gostaria). Então só me dei a liberdade de pensar sobre isso naquele beijo com Felipe que havia sido um divisor de águas para mim.. Como se o garoto me contasse que a chave para a prisão estava no no meu bolso desde o princípio e eu poderia ter me soltado se quisesse... Por isso, eu agora tinha a chave na minha mão e estava mais decidido de finalmente sentir o vento do lado de fora.

Eu ia explodir, precisava conversar com alguém sobre, ainda mais que a cada momento lembranças que eu enterrei voltavam para me assombrar, principalmente o dia do violão e alguns acontecimentos que tinha me alertado a possibilidade de eu gostar de garotos. Por esse motivo, em um momento de fragilidade na última aula da sexta-feira, eu fui tomado pelo impulso novamente, por isso, pedi para André cutucar nossa amiga... Ignorar Felipe estava ficando mais difícil, pois só queria gritar que gostava dele e mandar meu pai pro inferno. O que está acontecendo comigo?