vinte e dois

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Eu não sabia para onde Jake estava me levando

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Eu não sabia para onde Jake estava me levando. Enquanto eu sentia meu coração disparar contra minhas costelas, eu continuava com os braços rodeando seu tronco esguio, a bochecha colada em suas costas e os olhos fechados com força. Ele estava numa velocidade acima do que o permitido. E eu não encontrava voz para dizer a ele que fosse com mais calma, que eu era uma medrosa e tinha medo de que nós capotássemos.

Mas, de alguma forma, como se pudesse ler meus pensamentos, ele foi diminuindo a velocidade gradativamente. Só percebi que não havia sido por minha causa quando ele anunciou que tínhamos chegado. O trajeto levou uns trinta minutos. Trinta longos e agonizantes minutos.

— Por que parece que você vai vomitar? — Jake perguntou, quando descemos da Noite Estrelada. Minhas pernas pareciam gelatina.

— Estou bem — disse, ignorando meu estômago dando voltas e voltas.

Fixei os olhos no chalé a poucos metros de distância. Parecia mais ou menos como o que eu morava, só que um pouco maior e bem estruturado. Jake enfiou as mãos nos bolsos do jeans que usava. Os cabelos loiros estavam uma bagunça dourada adorável.

— Quer entrar? Esse chalé era do meu pai. Ele deixou para nós depois que se foi.

Acenei com a cabeça, comprimindo os lábios. Jake e eu começamos a caminhar até o deck de madeira. Ele abriu a porta com uma chave e depois nós adentramos no lugar. Fitei a sala simples, um quadro pregado em uma das paredes chamando-me atenção.

Me aproximei e vi a foto com três irmãos. Keac era o mais alto, devia ter sete anos na foto. Por aí. Ele sorria abertamente, um dos dentes da frente faltando. Adam estava sério, com os olhos um pouco desconfiados enquanto observava a pessoa atrás da câmera. E, por fim, o garotinho de cabelos loiros. Jake não devia ter mais que quatro anos. Estava em pé ao lado de Adam, um dos braços de seu irmão mais velho ao redor de seus ombros, de forma protetora, enquanto tinha uma expressão de tristeza que partiu meu coração.

— Você parecia arrasado nessa foto — sussurrei, ainda observando-a.

— Devia estar — retrucou, de algum ponto atrás de mim no cômodo.

— Você se lembra o porquê?

— Não, era muito novo. Não lembro de muita coisa dessa época. — Ele parecia honesto.

Vi Jake se aproximar pelo canto do olho. Ele parou ao meu lado e colocou um disco numa vitrola que eu não tinha percebido. Quando uma Can't Help Falling in Love do Elvis Presley começou a tocar, nem escondi a surpresa no meu rosto. Um dos cantos dos lábios de Jake se ergueram levemente para cima. Ele me encarou com expectativa, uma das mãos estendidas em minha direção.

Mordendo os lábios para conter um sorriso bobo que queria se espalhar por meu rosto, deslizei minha palma sobre a sua, sentindo aquela corrente elétrica de sempre atravessando o meu corpo. Jake colocou a mão livre em minhas costas e começou a me guiar suavemente pela sala. Nós estávamos nos movendo minimamente, no ritmo calmo da música, a letra gravando-se em minha mente.

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⏰ Última atualização: Mar 31, 2021 ⏰

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