oito

3.1K 822 878
                                    

Jake Lowell

não esqueçam a estrelinha!
meta pro próximo capítulo: 300 estrelinhas e 600 comentários

   Eu sabia que seria apenas uma questão de tempo até que ela se desse conta de que o meu irmão, Adam, havia pego o livro de sua família. Então quando era pouco depois das oito horas da noite e eu ouvi o barulho do motor dela se aproximando mesmo a alguns metros de distância, parei de desferir socos no saco de areia.

Ainda com as mãos envolvidas por bandagens de proteção, subi as escadas do nosso porão que usávamos para treinar e fui até a porta da frente, passando por meus dois irmãos na sala, assistindo um programa na tevê com meio sorrisos nos rostos. Idiotas. Eles também ouviram ela chegando. As batidas fortes começaram a ser desferidas contra a porta antes que eu alcançasse o hall de entrada. E, quando girei a maçaneta, encontrando um par de íris furiosas, não fiquei nem um pouco surpreso.

Marjorie estava vestindo um pijama de flanela. A camiseta era curta, mostrando uma parte de sua barriga e estava um pouco desbotada. O short era minúsculo também — mais do que para meu próprio bem — e expunha um par de pernas longas e torneadas. Respirei fundo, voltando meu olhar para seu rosto e apoiei meu braço no batente da porta.

Ela parecia pronta para me mandar ir para o inferno quando nossos olhares se encontraram inicialmente. Agora, entretanto, parecia em choque. Quase sem fala. Suas íris desviaram de meu peito e abdômen nus. Eu estava usando nada além de uma bermuda de nylon de treinamento. Ela engoliu em seco e cruzou os braços em frente ao peito, adotando uma pose defensiva como se estivesse dizendo "Você olhou primeiro".

— Cadê o meu livro? — ela ralhou entre dentes, o rosto sendo tomado por um rubor vermelho.

Nossa, eu poderia vê-la daquela forma para sempre: cabelos cacheados e rebeldes, com um volume que me fazia questionar como seria beijá-la afundando uma das mãos em seus fios encaracolados, o rubor nas bochechas e o olhar de fúria no rosto. O nariz bonitinho um pouco franzido. Ela era linda — queria que não fosse.

— Não sei onde está seu livro — fui sincero. — Não fui eu quem peguei.

— Você é um cachorro — ela cuspiu as palavras, aproximando-se um pouco mais. Recuei um passo porque já podia sentir seu calor corporal mesmo que ela não estivesse me tocando. Suas íris castanho escuro estavam fixas nas minhas. — Você invadiu a minha casa. Por que eu deveria acreditar em você?

Uma onda de risos abafados pairou no ar. Meus irmãos estavam obviamente ouvindo nossa conversa. Ela ficou na ponta dos pés, observando sobre meu ombro com o olhar semicerrado. Então simplesmente atravessou para dentro, esbarrando em mim bruscamente e marchando até a sala. Fui atrás dela, encostando-me contra uma das paredes e ficando a alguns passos de distância.

— Qual dos dois babacas está com meu livro? — ela perguntou, parecendo impaciente.

— Não sou eu — Keac disse, erguendo as mãos em rendição.

Marjorie se voltou para Adam, sentado em uma poltrona.

— Devolva-me — Marjorie ordenou, lançando a ele um olhar que até seria mortal e intimidador se ela não fosse adorável.

— Esse aqui? — Adam perguntou, tirando o livro de trás de si e folheando-o. Os olhos de Marjorie pareceram ficar em chamas. — Não sei não... — ele continuou, fechando-o e ficando de pé. — Gosto muito dele. Acho que vou pegar para mim.

Marjorie tentou tomar o livro de suas mãos mas ele o ergueu para o ar, deixando-o fora de seu alcance.

— Meu deus, como você é insuportável — ela murmurou. — Por favor, me devolva o livro. É uma das poucas coisas de minha mãe que ficou para mim depois que ela... — Seu tom de voz foi morrendo lentamente e a diversão nos rostos de meus irmãos sumiram.

BreatheOnde histórias criam vida. Descubra agora