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Quando o jantar finalmente teve um fim, Freya se sentiu aliviada, pois poderia voltar a tranquilidade de seu novo quarto. Apesar de ter dormido, ela ainda se sentia cansada por ter chorado e pelo dia exaustivo. Ignorar Alef não foi uma tarefa fácil, e ele também não estava ajudando em nada. Fingir que ele não existia ficou praticamente impossível quando ela sentiu o garoto lhe encarando.
Apesar de ter ficado com uma vontade quase incontrolável de olhar para ele, ela conseguiu se conter, mas pela visão periférica podia ver que ele lhe encarava vez ou outra, era quase como se a estivesse forçando a retribuir o olhar, e ela não entendeu o motivo daquilo já que algumas horas atrás a presença dela para ele valia tanto quanto um ótimo livro para alguém que não sabe ler, ou seja, não valia nada.
E agora, de repente ele se mostrava interessado, lhe olhando, lhe dirigindo a palavra e até mesmo sendo cúmplice nas suas mentiras. Qual era a dele? Só podia ser maluco, ou então havia se dado conta de que ela estava o ignorando e não gostou disso. Bem, o feitiço havia virado contra o feiticeiro, e se ele gostava ou não, ela não se importava. Agora era a vez dela de dar uma de intocável, e estava começando a adorar fazer aquilo, fazer aquele idiota provar do próprio veneno era muito satisfatório.
Enquanto brincava com uma das flores do vaso que ficava no centro da mesa, ela se sentia adorável ignorando o olhar de Alef. Ele a encarava de um jeito insistente, e se pudesse falar com certeza iria gritar: "Olha pra mim!". No início nem era nada pessoal, ela quis fingir que ele não existia para se poupar de estresse e dores de cabeça, agora aquilo estava virando uma brincadeira muito muito divertida.
Pelo menos para ela, ele pelos vistos não sabia apreciar uma boa diversão inofensiva. Esses detalhe a intrigou bastante, eles nem se conheciam, então porque de uma hora para outra ele se mostrou todo interessado, querendo chamar sua atenção? Ela balançou a cabeça levemente, as coisas só ficavam cada vez mais e mais estranhas. Louis e Katherine levantaram de seus lugares, Charlie e Daphne logo depois, ela fez o mesmo em seguida, pronta para voltar para a paz de seu quarto.
Todos se despediram desejando boa noite e bom sono uns aos outros. Alef ainda estava sentado em seu lugar, com o rosto escondido atrás de seu livro, indiferente a tudo e todos ao seu redor. Talvez havia desistido de encarar Freya, parecia que não iria dizer nada, porém, quando a garota já estava quase saíndo do salão de refeições com seus pais, ele murmurou uma coisa por detrás das páginas de seu livro que fez com que todos parassem para ouvir. O tom de voz dele era baixo, misterioso e peculiar quando disse o seguinte:
- É, durmam bem, se conseguirem...
Quando ele disse aquilo, Freya estancou sentindo o coração se acelerar diante das estranhas palavras que tinha acabado de ouvir. Ela não sabia o que ele queria dizer, mas sentiu que aquelas simples frase estava carregada de mistérios, mistérios esses que Alef sabia muito bem quais eram, e que ela agora desejava com todas as suas forças não poder descobrir. Ele fechou seu livro e levantou de seu lugar, caminhando até às janelas de vidro de parede inteira que permitiam ver a frente da mansão, como se nada houvesse acontecido.
