PRÓLOGO

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​O que eu estava pensando? Que ela ficaria trabalhando na minha casa e fingido que nada tinha acontecido? Que todos os momentos e lembranças boas que fizemos iriam sumir no tempo como nada?

Não sei o que eu tinha na cabeça quando concordei em viajar durante um ano fazendo shows pelo mundo quando o centro do meu mundo estava ali, saindo de uma lanchonete com um semblante tão triste que doía até em mim - a caracterização de algo bem maior e mais profundo escondido numa face aparentemente neutra. Eu poderia afirmar confiante o bastante que aquele sorriso que preenchida seus lábios não era verdadeiro, apenas cordial e duramente fabricado na ocasião necessária.

Observei, na segurança do meu carro, Hermione limpar as mãos no avental assim que colocara em cima da mesa do lado de fora da lanchonete uma porção de batatas fritas para um casal que não desgrudava as mãos. Vi também quando ela passou um tempo a encarar as mãos do casal, um tremor no queixo tão imperceptível quanto pude notar daquela distancia e logo em seguida entrar no estabelecimento apressada.

Pela janela lateral pude vê-la estancar perto do balcão, segurando no mármore precariamente pra respirar fundo. Com certeza se esforçando para não chorar.

A noite já começava a chegar e foi quando o céu começou com seu espetáculo de azul, rosa e laranja foi que as pessoas que comiam do lado de fora foram embora, deixando a calçada repleta de mesas e cadeiras abandonadas com apenas a sombra de bons momentos para trás.

A esperei paciente terminar seu turno e sair. Ela usava um casaco azul por cima do uniforme de garçonete e o cabelo estava preso a um elástico. Sai do carro e bate o mais silenciosamente a porta. Como ela caminhava de costa para mim, tive que dar alguns passos até conseguir sua atenção.

- Hermione? 

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