Bill?

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Quando o relógio marcou dez horas da noite Rony já estava sentindo os nervos trêmulos a mais de uma hora atrás quando trocou o pijama velho e favorito de usar para o moletom com capuz, o gorro e óculos escuros que os funcionários já tinham lavado e devolvido ao seu guarda-roupa - ele repetiu todo o vestuário como um pateta, sem razão mais importante do que se fazer lembrar do porre e da garota que conheceu. A casa estava silenciosa e ele previa que os pais deveriam está no quarto presos nas inúmeras ligações que faziam e que recebiam, nas agendas e planilhas que monopolizavam o tempo da vida do ruivo, sem qualquer interação normal um com o outro. No jantar, como sempre, não houvera muita conversa, apenas o tilintar dos talheres no prato de cada um e o desconforto era grande para ele em ver a falta de barulho em uma refeição entre eles.

Aquelas pequenas percepções começavam a cutucar um buraco em seu peito e o garoto tentou, nos minutos em que se seguiu a refeição, lembrar de como a família passou de um grupo de pessoas barulhentas e felizes para algo igual a uma reunião sem olho no olho e superficial, alguns comentários corriqueiros sobre o tempo e a última tragédia do noticiário noturno.

Rony tratou de esquecê-los assim que subiu para seu quarto, durante o longo e quente banho, durante a hora que ficou jogado na cama passando em sua cabeça o rastro de cachos castanhos borrados. Aquela noite prometia algo e a perspectiva escondida fazia sei coração bater como um planeta rodeado por estrelas. Tinha ficado distraindo-se, esperando o tempo passar enquanto tocava baixinho alguns acordes de seu antigo violão, as vezes caminhando de um lado para o outro, mexendo nas gavetas a tanto tempo não tocadas e acumulando coisas que nem ele sabia o porque. Ficou surpreso quando encontrou sua antiga faixa de acampamento e foi inevitável não lembrar dos antigos amigos.

Esqueceu aquilo minutos depois e decidiu agir.

Abrindo a porta bem devagar e constatando ninguém a vista saiu e desceu as escadas. Escreveu um rápido bilhete para Laura afim de não preocupá-la quando não o achasse no quarto naquele noite - já que ela sempre levava um copo de leite para ele -, Rony o deixou em cima da bancada e foi para a garagem.

Pegou a chave de seu volvo e pisou no acelerador depois de esperar onze intermináveis segundos até o portão se abrir com um estralo alto demais para o ruivo. Saiu dali antes que o segurança na guarita ficasse desconfiado demais e fosse reportar ao superior e então o superior ir fofocar para os seus pais e o circo se construir e o drama familiar corroer suas entranhas. Essa noite ele não tinha paciência pra isso. 

Forçou a mente a se lembrar do caminho até o pub e ficou alguns tempo dando voltas em algumas ruas até dá um tapinha no volante e lembrar qual esquina entrar, lembrar da fachada e de como era movimentado aquela hora. A toda hora pessoas entravam e Rony puxou mais ainda o capuz para cima da cabeça quando saiu do carro e caminhou até a entrada, escutando as conversas na fila. Na calçada, pode ouvir o som suave e melodioso de uma voz cantando sendo ampliada pela estrutura do bar... uma pessoa estava cantando, as notas sendo abafadas por está dentro do local fechado. O guarda roupa humano que ficava na entrada olhando quem abria a porta o deu passagem após encarar Rony e constatar talvez que ele fosse só mais um adolescente. 

Seus olhos foram se acostumando aos poucos a pouca luz no bar junto com o óculos escuro e olhou diretamente para o balcão e franziu a testa: Hermione não estava ali. Algumas possibilidades passaram por sua cabeça mas nenhuma delas o preparou para o que viu após uma garota esbarrar em seu braço e jogá-lo pra frente. 


De manhã, quando você acorda

Eu gosto de acreditar que você está pensando em mim

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