DEPOIS DA BEBEDEIRA

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Com a mente confusa e sua cabeça prestes a explodir, Rony abriu os olhos para a claridade que invadia seu quarto pela manhã e sua vista ardendo em milhares de pontos coloridos em amarelo. Com os pensamentos lentos ele voltou a fechar os olhos e usou as mãos como segunda fonte de realidade para começar a acordar e foi com elas que apalpou seu peito - roupas então. Estava deitado na cama, ainda com a roupa da noite anterior e cheirando a... bebida?

Com muito esforço e com a ajuda dos braços ergueu-se da cama e sentou, um arroto mau educado atravessando sua boca e seu estômago embrulhando com o ato brusco apesar de estar se movendo o mais lento possível. Passou as mãos nos cabelos desgrenhado, um mar de pequenos nós puxaram seu couro cabeludo e o ruivo gemeu quando o latejar entre os olhos pareceu acordar e correr por entre seu crânio. Quando conseguiu arrastar seu corpo até a beirada da cama uma tontura trouxe também uma memória súbita do som da risada de uma pessoa aos seus ouvidos e Rony franziu o cenho, procurando pelo quarto se alguém estava por ali. Sua mente achou de bom tom então soltar pequenos fragmentos borrados de uma conversa esquisita. Pequenos fragmentos de não sou menor de idade e não acredito que estou fazendo isso!, você vai ter uma bela de uma ressaca amanhã. Sorte sua que seu fígado parece bom para aguentar essas doses.

Rony balançou a cabeça quando a risada voltou a ecoar. 

Caminhou até o banheiro do quarto e levou um susto quando viu seu rosto no espelho. Os olhos estavam vermelhos e sua boca parecia um deserto de tão seca, os lábios brancos. Resolveu que um banho seria melhor para melhorar com os sintomas da ressaca e não estragar tudo, revelando as condições em que estava para os pais e ganhando de presente de boas vindas outra briga e recomendações chatas de como alcoolismo pode ser prejudicial pra saúde e de como ele não queria decair no mesmo caminho que outros astros da música quando bebidas, drogas e mulheres ocupavam as responsabilidades deles. Ele podia passar por mais essa. Não queria ser julgado outra vez.

Depois sair do box o cantor enrolou-se na toalha e vestiu a primeira roupa que pegou no guarda roupa. Abrindo a porta do quarto o mais devagar possível, saiu e foi para a cozinha. Laura estava de costas para ele, guardando alguns alimentos na geladeira e murmurando algo para si mesma concentrada. Rony sabia que ela odiava ser assustada mas não se conteve em andar de fininho até onde ela estava e lhe apertar a cintura gorducha.

- Bu! - gritou. Laura pulou e puxou as costas pra trás e o olhou irritada, as bochechas travadas em uma careta de impaciência, as mãos no peito. 

A cozinheira o estapeou no ombro. E mais uma vez. 

- AI! - ele se defendeu do ataque dela. - Ok, ok, parei!

- Seu danado! - ela franziu a testa e cruzou os braços. - Posso saber onde você estava ontem a noite? Me deixou preocupada e nem consegui dormir enquanto não chegava!

Rony parou de rir e encarou sua antiga babá.

- Enquanto eu não chegava? - ele repetiu as palavras dela. - Você viu quando eu cheguei?

- E como eu não veria? - Laura retornou para o que estava fazendo. - Passava das três horas da madrugada quando você quase colocava para baixo a porta dos fundos. Eu que a abri para que você entrasse e não passasse o resto da noite do lado de fora.

O garoto arregalou os olhos e observando o tempo do outro lado das janelas que rodeavam a cozinha, o sol não estava forte o bastante para passar do horário do almoço. 

- Três da manhã, hein? 

- Bom, - Laura terminou de guardar tudo na geladeira e surgiu, para o espanto de Rony, com uma tigela com cereais e leite. Puxou a tigela para mais perto e aceitou a colher que lhe entregava. - Como eu já disse, você quase derrubou a porta dos fundos. Esmurrava ela com vontade e só parou quando me viu... ou acho que me viu porque você estava cheirando a bebida!

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