NOITE MUITO LOUCA

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Lexie lutava para manter os olhos abertos.

Os dançarinos rodopiavam a sua frente e contou até sete para avançar e finalizar a coreografia com seu solo. O momento pareceu voltar quando a gritaria explodiu por todo lado, como se testando o sistema de cobertura de som do pobre estádio. Seus ouvidos – no momento quase como se desacostumados com a barulheira - começou a zumbir e ela sacudiu a cabeça, as bochechas doloridas de tanto sorrir. Após um tempo ela aprendera a sorrir de uma forma animada, fofa, engraçada e sexy tudo ao mesmo tempo sem parecer que estava tendo um ataque como se seu rosto não doesse em cem lugares diferentes o que poderia ser medicamente impossível já que não sabia se a face tinha tantos pontos assim.

Apesar de tudo ela alargou mais a boca e tropeçou para frente. De cada lado alguém pegou suas mãos e juntos, em uma fila da horizontal eles fizeram uma reverência para o público. Estava cansada. Talvez cansada não fosse ainda a palavra correta já que o show durara muitas horas e ela não tivera tempo o suficiente nem para comer algo. Uma fadiga borbulhava por seu corpo e se não fossem os fãs gritando ela poderia jurar que até a banda escutou seu estômago roncando.

- LEXIE, LEXIE, LEXIE!

Lexie gargalhou, agora suavemente. Seus dançarinos saiam do palco e ela suspirou. Por um segundo apenas olhou para aquele mar de gente. Eram muitas pessoas, crianças, adultos, idosos, mas nada superava a quantidade de jovens gritando seu nome, o quanto era linda e até um pedido de casamento, ela não estava enganada. Sim, com certeza. Quem resistia ao furacão Lexie Lux, a estrela do mundo pop? Ninguém, ela deu-se o trabalho de responder. O seu lugar era ali, observando todos de cima, sempre a primeira, sempre a favorita, completamente amada por todos. Seria cansativo se não fosse tão merecedor.

Porque Lexie Lux não falha.

- E aí Liverpool!

Mais gritaria. Ela pulou, levando a mão a orelha e fingindo não escutar enquanto o ovacionava o público. Seus saltos estavam jogados em algum lugar no backstage e ela dava pulos, seguindo as palavras proferidas.

- É, eu sei – disse, olhando para todos. – Foi um bom show, pessoal. Eu gostaria muito de ficar, mas como todos sabem, uma estrela tem que brilhar para todos. E essa estrela aqui tem que ir embora. Obrigada a todos! Eu amo vocês!

Ela parou no meio do palco e fechou os olhos, abriu os braços e permaneceu absorvendo as palmas por alguns segundos. Atrás do palco estava mais calmo do que nos intervalos ou no início. Polly estava falando ao celular enquanto Lexie era apalpada por várias mãos. Alguém a empurrou para um vestiário e antes que tirarem seu vestido suado ela lembrou de situar-se do momento.

- CHEGA! – exigiu, olhando feio para duas mulheres quaisquer e fechando a porta do seu camarim. Apesar de distante ainda podia ouvir os gritos do lado de fora, junto com as gargalhadas de Polly e outras dezenas de empregados. Caminhou até o espelho. Sua maquiagem estava impecável. Nada mais do que a sua obrigação já que levava o seu nome. Seus cabelos estavam bagunçados, porém um bagunçado sexy e ela adorou isso. Arqueando uma sobrancelha ela sorriu para o seu reflexo. Não existia garota mais linda que ela.

Alguém bateu na porta e num gesto automático alcançou uma das coisas que atulhavam uma parte da mesa. Não sabia o que era mas era duro o suficiente para quebrar quando se chocou na porta.

- Me deixa quieta, inferno!

Ah. Ela olhou para as cartas que completavam a pilhas de coisas. Eram presentes de seus fãs.

***

Hermione se arrependeu pela milésima vez com a ideia de Lily nas últimas três horas.

Sua mãe não havia cooperado com a parte do plano e ela estava agora tentando acompanhar uma Lily esfuziante pelas calçadas de Londres até uma casa qualquer que ela não se dera o trabalha de perguntar muito. Após parar de frente a um portão branco e um guarda do tamanho de um guarda-roupa sair da guarita ela arregalou os olhos e virou para a outra garota. A loira, do contrário, estava com um sorriso malicioso nos lábios. Hermione , no pouco tempo de trabalho ao lado dela, aprendera a notar as sutilezas por trás de cada movimento e expressão de Lily – fosse um dom aprimorado pela faculdade ou por justamente ser uma persona moldada pela psicologia.

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