SITUAÇÕES LOUCAS

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Estava ansiosa.

As seis da manhã já estava de pé. Tomou banho e vestiu sua jeans escura e uma blusa sem mangas branca. Os pássaros cantavam para o mundo quando afastou as cortinas de sua janela e respirou um pouco do ar daquela manhã - uma nova manhã que lhe prometia um trabalho. Observou o padeiro colocar em frente a padaria uma pequena placa com os salgados e variados do dia, as lojas de roupa abrirem e pessoas acenarem pela rua para chamar um táxi.

Se deu conta que de onde estava, parecia mais uma garota tola de um romance meloso e riu de si mesma, tratando de ir preparar o café da manhã. Agora sim teria que dizer toda a verdade para a mãe e para amolecer o coração dela e evitar uma baita bronca, preparou as coisas que Mônica gostava. Deixou em cima da bancada a seringa já posta com a insulina e ficou limpando aqui e acolá os cantos da cozinha. Quase sete da manhã a figura magra e enrolada em um robe negro surgiu na sala e Hermione sorriu para ela.

- Bom dia.

- Bom dia, querida - Mônica deu um beijo na bochecha da filha e se virou para a mesa, arqueando uma sobrancelha. - Tudo bem, o que você aprontou dessa vez?

A morena arregalou os olhos.

- Nada. Não confia em mim? - respondeu, circulando a mesa e puxando uma cadeira para a mais velha. - Só tenho uma declaração a fazer... corrigindo, duas.

Mônica a olhou atentamente, com as mãos segurando o queixo. Hermione tinha medo quando ela fazia aquilo; significava que a mãe estava concentrada demais e consequentemente o sermão seria bem longo. Mas não podia demorar muito. Olhou a hora no relógio pregado na parede da cozinha e aquela conversa não poderia durar mais que meia hora.

- Não contei para você porque sabia que ficaria preocupada - começou calmamente. - Pensei em resolver esse problema sozinha e veja bem, eu resolvi.

- Que problema, Hermione? - Mônica indagou, empertigando-se. - Do que está falando?

- Sobre meu trabalho. No pub. Aconteceu umas coisas nada boas e tive que pedir demissão.

- Então é por isso que tem ficado tanto em casa? - guinchou Mônica. - Hermione, por que não me contou? Ser maior de idade não quer dizer que vai resolver tudo sozinha, ainda sou sua mãe e responsável por você!

- Se acalme, mãe, ficar nervosa não vai adiantar nada. Mas não é por isso que contei sobre a minha demissão... e sim sobre o meu novo emprego.

- Hm? - Mônica piscou, chocada com o rumo da conversa.

A morena sorriu.

- Pois é - ela concordou, passando a mão nervosamente pelos cabelos. - A Luna me ajudou e é recente, o consegui ontem. Pelo o que eu sei, trabalharei em uma mansão como faxineira e antes que comece a a reclamar: terei tempo o suficiente para a faculdade.

Mônica ficou dura na cadeira, piscando os grandes olhos para a garota.

- Mas como... eu não sei... ai, Deus, você e igualzinha ao seu pai! - falou meio orgulhosa e meio brava, sacudindo a mão sem motivo.

Hermione, pelo contrário, abriu um sorriso gigante.

- Eu sei - concordou, passando a mão pelo cabelo. - O papai era maluquinho também.

Terminaram de comer tentando não rir da cara uma da outra quando se olhavam e a morena correu até o quarto para terminar escovar os dentes. Acenou para a mãe, avisando que o almoço estava guardado em um recipiente dentro da geladeira e correu pelas escadas do prédio. Londres a recebeu naquela manhã alegre - não sabia se era pela felicidade melosa que sentia ou porque o dia estava mesmo bonito. Não necessitava correr, mas sentiu vontade de fazê-lo até o ponto de ônibus.

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