RIR OU CHORAR

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De repente o som alto da porta se batendo com um estardalhaço fez a raiva de Hermione diminuir quando entrou no quarto dos empregados, a fazendo voltar o caminho e reabri-la, apenas para fechá-la outra vez e mais outra e mais outra, infantilmente descontando sua onda inesperada de raiva que assolava cada músculo de seu corpo. A grande concentração de sangue em sua mão a obrigou a parar por sentir ela dormente e jogar-se na cama de solteiro - um móvel bem sem sentido já que nenhum funcionário parecia querer continuar na mansão quando o expediente acabava e, de acordo com a fofoca que rolava solta pelos corredores e jardim, a principal causa era a patroa que parecia ser insuportável.

Seu humor só melhorou com a compreensão de mais um fato: suportar a mulher que mandava e desmandava na casa. Se a conta bancária de sua mãe não estivesse tão vazia e os armários precisando de um descarregamento de suprimentos - fora os benditos comprimidos que pareciam criar pernas e fugir correndo de seu olhar toda vez que notava que estavam acabando, o dono do apartamento que já havia mandado o último aviso e a internet cortada desde a semana passada, complicando sua vida de estudante, a morena bem que recolheria suas coisas e daria o pé daquele lugar. Pensar no que ela e sua mãe precisavam - necessitavam - não ajudava em nada a controlar o mostro de desespero que crescia a cada dia que se passava em seu estômago.

Tudo se resolveria. De preferência bem logo.

Mas, infelizmente, no caso de uma adolescente com uma mãe doente em casa, não podia continuar no luxo onde estava: deitava de costas na cama, com a cabeça para fora.

Quando seus ouvidos foram voltando ao normal, os passos perto demais fizeram Hermione abrir os olhos e encarar a imagem de Lily ao contraria.

- Por que está assim? – ela perguntou após inclinar ligeiramente a cabeça.

- Um pouco de sangue no cérebro ajuda a pensar melhor.

Lily estremeceu teatralmente.

- Se você pensar melhor - ela tinha um dedo erguido, sua fisionomia relaxa não combinando em nada com a postura séria que fingia. - é uma coisa bem nojentinha, não acha? Sangue no cérebro! Eca!

A morena revirou os olhos.

- Explicaria a base de tudo, mas estou cansada o suficiente para apenas pedir a você esquecer o assunto.

Mas aquela era Lily, a garota com uma dúzia de parafusos a menos que não se contentava com meia explicação. A garota se esticou ao lado da Granger, apoiando-se sentada na parede e dando um leve tapa no colchão. Hermione hesitou um pouco, porém, o silêncio da loira ao seu lado era incomum para uma pessoa imperativa. Levantou devagar e assumiu seu lugar quieta.

- Você sabia, certo?

Lily franziu as sobrancelhas, mas não a olhou. Hermione assentiu para si, olhando para frente.

- Nem precisa responder. Seu silêncio... - nem terminou, arfando. - Tudo bem, sei que isso não é diretamente da minha conta, mas é da minha conta, entende? Eu estou trabalhado aqui a poucas semanas e verdadeiramente estou precisando da grana, só me diga como aguentar tudo isso.

Lily capturou sua atenção e sua cara não era boa.

- Aguentar tudo isso? - repetiu. - O que acha que acontece aqui? Experimentos laboratoriais? Alguma formação de quadrilha para sonegar impostos?

- Bom, já que mencionou, acontece isso? - Hermione devolveu cínica.

- Talvez seria até melhor do que ver todos os dias uma mãe que manipula o filho de todas as maneiras para que ele faça o que ela quer, controlando cada maldito segundo na vida dele, nem que para isso ela precise prendê-lo aqui.

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