Bonnie'n Clyde

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Já se fazia alguns bons dias desde que o corpo de Raika foi enterrado, seu local de descanso era em meio uma campina florida nos arredores de sua vila natal, no dia do funeral o sol brilhava fraco como se não tivesse motivos para se manter no céu e a brisa fria balançava levemente o tecido verde com o símbolo das asas da liberdade.

Era como se a própria natureza estivesse se despedindo de alguém importante com um carinho.

-Não vá tropeçar nos próprios pés – Arlo disse se inclinando de leve na minha direção – Preste atenção na missão, deixe pensamentos próprios para depois.

Assim como Erwin tinha instruído tempos atrás, nós viemos entregar os documentos com as provas da corrupção de Nicholas Lovof. Escolhemos fazer essa missão durante o dia já que era menos provável de um ataque, também estávamos com roupas de civis para nos misturarmos a multidão.

Arlo tinha o braço enganchado com o meu e eu usava um vestido comum entre as mulheres da muralha Sina, além do chapéu que ajuda a cobrir a minha identidade afinal a minha cicatriz era um tanto quanto conhecida.

-Talvez você devesse se preocupar com você mesmo, querido.

Arlo disfarçou colocando a mão na boca como se estivesse tossindo, com certeza o meu amigo se divertia demais quando tínhamos esse tipo de missão.

-Me pergunto o que Vance falaria se visse você desse jeito – ele riu de leve atraindo a atenção de algumas moças. Mesmo o homem estando acompanhado algumas damas não faziam nem questão de disfarçar os olhares de cobiça.

-Calado – ralhei – Você está chamando atenção demais.

Cerca de uma quadra depois quando estávamos próximo da residência do general Zackley senti alguém nos observando e dei dois tapinhas em cima da mão do meu acompanhante para sinalizar. Arlo parou no meio da rua e segurou o meu rosto entre as mãos – É aqui que nossos caminhos se separam, volte em segurança para nossa casa.

E então ele depositou um beijo na minha testa, realmente odiava toda a encenação exagerada dele.

Nos separamos a fim de despistar quem quer que fosse que estivesse nos seguindo, assim que consegui uma janela de tempo entrei num beco e amarrei o vestido na lateral da minha cintura escalando a lateral de um dos prédios em seguida. Sempre era melhor observar de cima.

Me desfiz das vestes enfiando ele numa chaminé qualquer, cobri o meu rosto com o capuz e andei no telhado me posicionando melhor, haviam três pessoas fazendo o mesmo caminho que eu fiz e uma quarta vindo da direção oposta.

4 homens emboscando uma mulher indefesa, me parecia um pouco desigual.

Sem o meu equipamento  não poderia simplesmente me jogar dali precisaria descer conscientemente, pulei para o telhado da casa mais próxima e para a além dela aproveitando os tetos mais baixos para voltar para o chão em segurança e aparentemente despercebida.

Aparentemente.

Desviei o meu corpo bem a tempo.

-Oh, você é bem mais ágil do que aquela outra garota. – me virei pra dar de cara com um cara relativamente alto e esguio, não parecia ser muito mais velho do que eu mas cheirava a bebida e esterco junto.

-Não diria isso – falei reparando nas marcas de unhas que ele levava no rosto, eu não tinha nenhum poder sobrenatural mas não precisava de muito pra saber que ele estava falando da minha falecida amiga – Raika decorou muito bem essa sua cara feia.

-Tsc – ele fez um som nervoso e cuspiu na rua em seguida – Vamos ver se você pode me divertir um pouco mais... Me diga o cadáver chegou bem a tropa? Fiquei surpreso quando ela se levantou e pegou o cavalo, deveria ter esmagado a cabeça dela enquanto tive tempo.

Tranquei a minha mandíbula, e apertei a minha mão – Repete.

A minha própria voz soou estranha aos meus ouvidos, meu coração batia rapidamente e eu sentia minhas costas queimarem.

-Eu deveria ter a esmagado-

O homem não teve tempo de continuar sua frase porque o acertei no queixo e junto com o movimento veio o som de algo se quebrando – Sua vadia!

Não saberia dizer se as decisões estavam sendo feitas de maneira consciente ou estava apenas liberando toda  frustação e ódio em cima do assassino de Raika. Com um chute preciso eu fiz com que ele caísse no chão gritando de dor.

-Foi isso que você fez com ela seu merda? – um novo chute na altura do abdômen.

-Ficou brincando enquanto ela agonizava de dor? Porque? PORQUE VOCÊS MATARAM ELA! – peguei ele pelo colarinho da blusa e acertei mais um soco dessa vez em seu nariz. – Me fale seu maldito!

Ele pendeu a cabeça pra trás e soltou um risada quase gutural – Quer me matar me mate soldado, mas o motivo eu vou levar pro inferno comigo.

Antes que eu pudesse fazer mais alguma coisa os outros três capangas apareceram e não importava quem eu fosse eles vieram para matar. Soltei o outro no chão para ter uma chance de me defender, teria que agradecer Vance por treinar luta comigo nas horas vagas.

Estava em desvantagem e isso era claro para mim, o terreno a minha volta também não tinha nada que eu pudesse usar. Soltei o ar do meu pulmão devagar, teria que acertar para derrubar, e só teria uma chance de fazer isso.

Coloquei as minhas mãos em frente ao meu rosto e esperei que o primeiro viesse. Ele avançou na minha direção como um porco, combinava porque ele era um homem corpulento e asqueroso. Esse eu ganharia na agilidade, desviei da investida e acertei a lateral do seu joelho com um chute, ele caiu no chão segurando a perna.

Enquanto isso os outros dois vieram juntos me atacar consegui desviar do primeiro mas o segundo me acertou no rosto e em seguida as costelas. Minhas costas bateram contra as pedras do beco, senti o gosto metálico na minha boca e a ardência no meu lábio.

-Parece que ainda é jovem demais para aguentar dois caras ao mesmo tempo – um deles disse me pegando pelos cabelos. – Mas nada que um pouco de treino não ajude gracinha.

Joguei a minha cabeça pra frente, podia ter aberto o meu supercilio mas qualquer coisa era melhor do que ouvir as merdas que ele estava falando. No momento em que meu atacante se distraiu o chutei na virilha nisso o outro que eu tinha desviado me pegou pelo pescoço o homem estava as minhas costas não me dando muitas rotas de fuga.

-Vamos ver se você vai ficar tão valente quando te entregarmos para os titãs comerem. – cravei minhas unhas em seu braço tentando conseguir alguma brecha para respirar, minha cabeça estava latejando e o sufoco ficava cada vez maior, num último ato consciente eu mordi seu braço com toda a força que eu reuni.

-Meu braço! Essa vagabunda arrancou um pedaço do meu braço!

Cuspi o que quer que fosse no chão, eu não tinha chego até aqui pra perder pra meros humanos, passei a capa na boca me limpando de toda sujeita. Eu precisaria passar umas duas horas no chuveiro para me sentir limpa novamente.

Aproveitei que ele estava ocupado demais esperneando por conta do braço e o acertei na cabeça o apagando na hora quanto ao outro quando olhei pra trás meu querido companheiro Arlo já tinha se encarregado.

-Arlo, sempre bom te ver. – coloquei a mão na cabeça.

-Eu te deixo sozinha por algum tempo e é isso que acontece? – senti meu corpo cambalear pra frente e ele se apressou pra me pegar. – Hey [Nome], o que foi?

Olhei em volta com a vista um pouco embaçada mas estava clara o suficiente para ver que o assassino de Raika não estava mais ali, embora eu não tivesse forças pra falar isso em voz alta para Arlo, em poucos segundos o que eu encontrei foi inconsciência.







N/A: Obrigada por ler até aqui!


Xx

Raison D'être - (Levi Ackerman x [Nome])Onde histórias criam vida. Descubra agora