Quando saímos do chalé o sol não tinha nem previsão para começar a nascer, Ronan ficou horas explicando cada página de suas anotações, os pontos de encontros e por onde devíamos seguir para conseguir as provas necessárias.
Por esse motivo, agora de volta à cidade, seguimos as instruções do veterano cruzando com as informações de Erwin. Era um lugar misterioso, poderia dizer que até mesmo as paredes desviavam o olhar tinha um sensação de alerta constante no ar.
- Sem dúvida tem algo de estranho - comentou enquanto espiava para fora do beco que usamos de esconderijo.
Espiei por cima do ombro dele - Você consegue andar sem se comprometer e ver mais de perto. Infelizmente a minha cicatriz me deixa bem reconhecida.
Olhei para um apoio em cima da minha cabeça, mas distante o suficiente para que pudesse alcançar sozinha. Levi acompanhou meu olhar e apoiou na parede fazendo as pernas de degrau.
- Obrigada, muito gentil da sua parte.
-Não se acostume.
-Claro que não. - rebati prontamente.
Depois de usar Levi de apoio peguei uma pedra saliente na parede tomando impulso, achando uma fenda logo em seguida continuei subindo com a mão em forma de concha até conseguir subir no topo do prédio.
Com certeza era melhor ver de cima, me apoiando na beira vi que Levi também tinha começado a se mexer. Livre da capa verde, ele estava vestido como um civil, bem parecido com o jeito que o encontramos na primeira vez que descemos ao submundo.
Mantinha a minha distância mas não deixava que o meu colega saísse do meu campo de visão, conseguindo escutar um momento ou outro pessoas conversando mas nenhum sinal dos ditos traficantes da Polícia Militar.
Desviando um pouco o olhar de Levi, segui um certo barulho que se formava, eram carroças que seguiam para o lado leste da cidade. Ronan tinha descartado o contrabando naquela parte, mas devido às circunstâncias me parecia bem plausível a mudança nos esquemas a fim de desfazer qualquer suspeita.
Assoviei e Levi fez um movimento leve de cabeça, seguindo para uma rua mais vazia e me projetei para frente para o avisar sobre as carroças.
-Pode ser nada, mas também não temos muito o que ficar olhando por aqui - disse ainda do telhado enquanto ele estava no chão.
-Mostre o caminho.
Mais uma vez começamos a nos movimentar, o sol agora já iluminava o céu fazendo com que fosse mais fácil nos identificar. No meio do percurso numa viela deserta vi um grupo reunido, roupas escuras e sussurros, pareciam ser os mesmo que causaram tumultuo próximo a casa de Ronan no dia anterior.
Levi também percebeu porque ao invés de desviar o caminho ele se aproximou, eu não consegui entender o que eles falavam mas com o meu companheiro de missão próximo talvez ele tivesse ouvido algo. O único problema é que do lado oposto tinha mais um grupo mal encarado se aproximando.
Dei o sinal e Levi recuou mas não rápido o suficiente para que sua presença passasse despercebida. Do alto não tinha muito o que fazer a não ser correr junto com ele e ver as melhores rotas.
-Se mexam idiotas! Se separem e encontrem o bisbilhoteiro.
-Não podemos deixar mais uma falha acontecer.
Vi alguns prédios baixos mais a frente, mas os dois grupos vinham de encontro um com o outro. Pulei um espaço entre duas casas, tinha uma ideia, mas para dar certo era bom Levi ser tão bom com as pernas quanto ele era com o equipamento da tropa.
-Ei!
Gritei de cima do telhado esticando a minha mão na beirada, Levi fez uma careta pela ideia mas ele não tinha muito para onde escapar. O homem correu, usou um barril de apoio e pulou, se eu errasse a pegada ele acabaria com pelo menos alguns ossos quebrados.
Sorte dele que era exatamente para esse tipo de coisa que eu treinava.
Puxei ele pra cima rapidamente, mantendo uma mão no seu tronco e fazendo um sinal para que ele ficasse quieto e permanecesse deitado contra o telhado. Os passos se aproximaram em seguida junto com as vozes.
-Como vocês podem ser tão incompetentes!
-Mas capitão...
-Uma única pessoa, não conseguem pegar uma única pessoa! É bom torcerem para que não seja nada demais.
-Huxley vai esmagar nossas cabeças se souber que algo assim aconteceu de novo.
O ar travou na minha garganta, meu coração parecia bater em meus ouvidos. Uma lembrança esquecida, uma fala que me rasgou pensamentos trazendo a mais absoluta aflição e terror.
Molhado, era o som de algo molhado sendo batido. Como uma roupa, as a cada estalo mais todas de sangue voavam no meu rosto. O rosto bonito que tinha um sorriso amoroso e delicado que se abria para mim toda manhã não passava de um monte de carne embolada e disforme.
-Não achamos nada na casa capitão Huxley.
-Talvez precise de um pouco mais de incentivo Maely.
Uma mão segurou a minha com força, eu estava apertando a camisa de Levi entre os dedos e nem percebi. Soltei imediatamente e o movimento brusco fez com que uma telha se desprendesse e caísse.
-Quem está aí?
-Oe, alguém consiga uma escada!
Merda, Levi ia se levantar quando o impedi e com o rosto tomado de rubor coloquei a mão na frente da boca fazendo a melhor imitação de um gato que conseguia.
Os olhos do meu colega se arregalaram e não precisava de palavras para saber que na mente ele tinha algo como "Você é idiota ou o que?"
-É só um gato.
-Continuem procurando.
Aos poucos os passos foram se afastando e eu me forcei a respirar devagar, coloquei o antebraço sobre os olhos. O que eu fiz? Quase desfiz o nosso disfarce, e pelo simples mencionar de um nome, mas o trauma que veio com ele...
Tranquei o maxilar e me sentei de uma vez, limpando os olhos com o braço logo em seguida.
-Precisamos continuar, não podemos perder a pista - a minha voz saiu embargada e levemente falha.
Ajeitei o capuz na cabeça e me levantei virando o rosto para que Levi não me visse, mas mesmo assim ele segurou meu braço me impedindo de continuar. Não foi um aperto forte apenas o suficiente para me fazer parar mas ele não disse nada em seguida e realmente não precisava.
-Estou bem. - coloquei a mão por cima da sua me afastando em seguida, uma afirmação em voz alta para que minha mente também se organizasse. - Pise onde eu pisar e faça o que eu fizer, seria péssimo ter você escorregando e caindo do telhado.
-Não quero ter que explicar para Erwin como algo do tipo aconteceu.
-Acha que eu não consigo? - Perguntou com certo tom de desafio.
Sorri de leve antes de tomar impulso e subir no telhado da próxima casa - Vamos descobrir.
N/A: Tan dan dan.
Até semana que vem, Xx
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Raison D'être - (Levi Ackerman x [Nome])
FanfictionUma razão para existir. 🥇 1° em snk • maio/24 Não importava o que acontecesse, a única coisa que a garota se agarrava era a última palavra de seu pai, palavra essa que soava clara como o dia em seu ouvido e parecia ter sido gravada em seu peito com...