Capítulo 25 - Advices

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Ficava complicado de decifrar se  a expressão no seu rosto era desespero ou pura raiva, ou, até mesmo frustração de algum modo, seja como for, sem ser enquanto Gar, não me lembro de alguma vez ter visto Ryan neste estado, tão nervoso a ponto de, segundo me pareceu, nem sequer dar pela minha presença, focando-se somente no chão e na cadeira onde desabou, apoiando o cotovelo na mesa ao lado desta e com a respetiva mão esfregou os olhos. 

- Ryan? - chamei despertando-o do seu transe, apanhando-o de surpresa pois levantou tão de repente a cabeça que as minhas anteriores suposições acerca de julgar que se encontrava sozinho foram confirmadas - Que é que se passou? - indaguei aproximando-me deste. 

- Desculpa T, não te queria assustar - murmurou, esboçando um curto sorriso ao desencostar da mesa a cadeira que o ladeava, sobre a qual me sentei - Não te preocupes, foi só uma parvoice minha. - uma pequena gargalhada muito pouco real escapou-lhe de entre os lábios.

- Esperas que eu acredite nisso? Queres mesmo que comece a contar há quantos anos te conheço?

- Estou a falar a sério, não foi nada de especial - insistiu, não dá para negar que se esforçava para mentir, é possível que fosse capaz de enganar alguém que não prestasse muita atenção a detalhes, ou algum recente conhecido, no entanto, como referi, conheço-o demasiado bem.

- Não sou burrinha, "nada de especial" nunca te deixaria neste estado, prestes a partir a porta! - disse em tom de brincadeira, apesar de ser um facto bastante verídico - Da ultima vez que te vi estavas a gravar, enganaste-te muitas vezes na mesma fala, estragaste alguma coisa, cancelaram alguma cena de ultima hora? Olha, já vi tudo isso acontecer e não me lembro de teres ficado assim...

- Beijei a Conor... - cortou.

- Calma, o quê? Em frente a toda a gente? O que é que te deu? 

- Não! E, para ser sincero nem sei... Merda Teagan, aconteceu o mesmo de antes, vai repetir-se tudo outra vez, porra! 

- Não é por nada, mas está claro faz muito tempo que vocês gostam um do outro e muito, porque raios é que haveriam de se afastar por um beijo em vez de aproveitarem e admitirem de uma vez? Tudo bem que já eram mais que adultos da primeira vez e isso não impediu que desse errado, porém, ambos cresceram, porque não tentar outra vez? Acredita em mim, magoa menos do que nos forçarmos a manter longe de quem gostamos! - declarei acariciando a sua mão sobre a mesa, de modo tranquilo, esperando que absorvesse o meu conselho, pelo menos melhor que antes.

- Estás a falar de ti e do Curran? - o meu coração disparou só de ouvir aquele nome. 

- N-Não, estou a falar de vocês dois, ou pensas que não me lembro de como te assemelhavas a um cachorrinho abandonado depois de se chatearem? - é claro que os meus gaguejos tornavam complicada a minha tentativa de tornar credível aquela exclamação, contudo era tão real que ao referir o tema ele deve tê-lo visualizado na própria mente. 

- Ok, não estás errada, só que continua a parecer que, em segredo te aconselhavas a ti mesma. 

- Parvo! - agora era a sua vez de não estar errado, todavia isso não era impedimento para quase lhe mandar com uma almofada que ficara para ali perdida à cara, coisa que foi impedida por um dos homens da produção.

- Ah, afinal vocês estão aqui! Teagan precisamos de ti lá dentro em dois minutos, não te esqueças que ainda tem que te prender aos cabos. - avisou e respondi com um aceno em concordância vendo-o voltar a deixar-nos sozinhos. 

- Vai falar com ela, quanto mais atrasares isso, pior será. - afirmei levantando-me.

- Achas mesmo que devia? Talvez ela venha...

- A Conor? Sabes bem melhor que eu que ela ou irá fingir que nada aconteceu ou afastar-se, nem preciso de te relembrar a relação dela com sentimentos pois não? 

- Claro que não. - suspirou - Tens razão, agora despacha-te e vai lá voar um bocadinho.

Acenei-lhe uma ultima vez antes de caminhar em apressados passos na direção do set de filmagens que correspondia àquele momento, aproximando-me do pessoal responsável pelos finos e transparentes cabos que me prendiam ao teto para que nas câmaras pudesse parecer que voava, eram das minhas cenas favoritas, em especial quando utilizava as lentes vermelhas, ou quando, após passar pelos efeitos especiais, os meus olhos se tornavam completamente negros, todo o poder que a Rachel possui e aforma como ao longo do tempo aprendeu a controlá-lo aos poucos... Wow é provável que se dissesse isto a alguém, essa pessoa me chamasse de louca ou algo do tipo, contudo, cresci em conjunto com esta personagem, metade da minha vida é a dar-lhe vida a ela, fui a primeira a representá-la num live-action, havemos de estar sempre ligadas.

- Estás pronta! - declararam. 

Deram-me os últimos retoques e por sorte nem tive que me preocupar lá muito com o cabelo, até dava um certo jeito que estivesse menos certinho.

Ao fim de tanto tempo, apesar da meditação que começou a praticar em referencia aos cartoons, decidiram manter na sua personalidade aquele traço explosivo que a levava a ser controlada pelo seu lado negro quando algo dava errado e neste instante houvera uma discussão entre o grupo devido às estratégias e enraivecida deixara a torre seguida de um Gar transformado em águia que como de costume, apoiava-a em qualquer que fosse a circunstancia. 

Assim que fui levantada escutei um som que não me agradava nada, mas a câmara já gravava logo guardei o medo para o mim, concentrada nas falas e ações outrora ensaiadas, indicadas no guião. De súbito o som repetiu-se e não pude evitar olhar para cima onde me era possível, para meu grande pânico avistar um encaixe prestes a partir-se, demasiado prestes a partir-se... Como acabara de errar, pararam a gravação e o diretor fez-me sinal com o olhar para que voltasse à posição inicial, sem se dar conta dos sinais que também eu fazia, levando-me a que, em vocábulos trémulos e aterrorizados, tive que me pronunciar. 

- A-aquilo vai partir-se! - exclamei, tentando levantar a voz o suficiente para chamara atenção geral, oscilando o olhar entre o mecanismo a cima de mim e o colchão colocado a baixo por precaução, por muito que parecesse seguro e que em momento algum me lembre de ter tido medo de alturas, a ideia de cair não me agradava, de todo. 

Fui bem sucedida, é verdade,  todavia, as expressões de alarme estampadas nos rostos de todos os que se apressaram a aproximar-se, os que davam ordens aos gritos, de nada serviram, ainda ouvi um dos homens da manutenção subir as escadas que levavam à zona do maldito encaixe, só que entretanto aquilo já se havia partido, levando a que a força da gravidade me empurrasse diretamente para o solo.

- TEAGAN! - escutei ao fechar os olhos com força por impulso, percebendo em poucos segundos que a queda, não doera graças ao tal colchão, assim julgava, até ao abrir os olhes perante os inúmeros olhares preocupados, me tentar levantar com a ajuda do braço que por acidente ficara por baixo de mim.

See you againOnde histórias criam vida. Descubra agora