Capítulo 16 - I'm Gonna Stand By You

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Teagan Croft P.O.V

Assistimos toda aquela cena triste de longe, perplexos, estáticos durante instantes, até que eu mesma me prontifiquei a trocar olhares com todos os presentes como uma Rachel da vida real capaz de criar uma espécie de corrente entre as nossas mentes, como se tivéssemos telepatia simplesmente. A Conor foi a primeira a deixar o espaço, correndo atrás da Ava, coisa que eu própria queria ter feito, porém tinha um certo homem muito bêbado e muito parvo para repreender para quem me dirigi em passos apressados, puxando-o pelo braço com toda a força que possuía enquanto alguns dos meus restantes amigos se preocupavam em arranjar uma maneira de regressarmos ao hotel sem mais estragos.

- Tea... Eu... - antes que lhe escapasse algo que não deveria fuzilei-o com o olhar, estava capaz de o matar pelo tamanho disparate que acabara de fazer. 

- Se eu fosse a ti não abria mais a boca até amanhã de manhã, ou pelo menos, até estarmos de volta ao hotel. - sugeri seríssima. 

Apetecia-me chorar de tanta raiva, deixá-lo aqui com a Chelsea e ir à procura da pessoa que mais sofrera no meio desta história, ah como eu odeio isto porra! Como odeio que signifique tanto para mim apesar da atitude de merda que me mata de desilusão!

O pessoal da produção arranjou-nos Ubers que nos deixaram à porta do hotel e assim que estávamos no nosso andar, com a ajuda da Chels arrastei-o até ao interior do nosso quarto visto que sendo ele quem fez a merda não seria a Ava a ter que sair. A minha mão voou-lhe para a lateral da cara com uma rapidez de segundos.

- Teagan calma... - pediu a Chelsea segurando-me o braço - Ele nem sequer sóbrio está isto não vai servir de nada, no estado em que está amanhã de certeza que se ninguém lhe disser nem se lembra do que fez. 

- Boa, obrigada por me lembrares. - respondi fixa no seu olhar vidrado, perdido, no facto de o único movimento que fizera fora levar uma das mãos à zona que lhe atingi. 

- Deixa que vou lá a baixo buscar-lhe um café... - quando digo que temos telepatia não brincava, ela conhecia-me sabia que precisava de disparar muita mais coisa na sua cara pelo modo como ainda cerrava os punhos.

Saiu, fechou a porta e deixou-nos sozinhos, respirei fundo e dei-lhe outro estalo, do outro lado e continuou sem proferir um único som, limitou-se a fechar os olhos. 

- Porra Curran, que merda foi aquela?! - gritei tomada pela raiva - Envergonhaste-vos, aos dois, amanhã nas redes sociais não se falará de outra coisa, vais ouvir reprimendas gigantescas, isto é se não te afastarem, se não te afastarem do filme por tamanho escândalo desnecessário! Pior que tudo isso, magoaste-a, magoaste a Ava, ok? Posso até não a conhecer, posso até ter toda a certeza do mundo que me detesta, mas sei, sei o que é ter o coração magoado, desfeito... Caraças eu pensava que te conhecia, o que é que se passa contigo?! O que é que te deu caramba, era suposto estarmos eufóricos de volta às gravações e estamos assim, aqui por que um homem, um adulto de 26 anos se comportou como um adolescente irresponsável!

Depois de tantas palavras seguidas, ditas de embalo, ofeguei vendo-o baixar a cabeça, fungar e murmurar qualquer coisa impercetível.

- O que? 

- Desculpa... - agora compreendi por muito que a voz lhe saísse toda turva - Sou um idiota, um idiota, não era capaz, eu não era capaz de lhe dizer, maldito álcool, maldito, maldito! Mas olha que temos que lá voltar! As bebidas são booas... -  uma gargalhada sarcástica e abafada escapou-me da boca enquanto o arrastava até à beira da minha cama onde se sentou quase falhando uma vez ou outra - Mas eu não devia tê-las, não devia tê-las bebido, pelo menos não, tantas, não lhe tinha feito t... - encolheu os ombros com indiferença antes de ficar muito serio, muito pálido. 

- Curran? - chamei sentando-me a seu lado, preocupada - Estás bem?

Alguma coisa nos meus instintos, me leva a alcançar o balde do lixo do quarto a tempo.

- Ok, se antes já concordava que não devias ter bebido tanto, agora ainda concordo mais... - murmurei num tom mais calmo acariciando-lhe as costas enquanto vomitava - És um idiota...

Assim que terminou caiu de costas na minha cama, fechando os olhos.

- Porque é que estás a perder tempo com o idiota então?

- Porque o idiota é meu amigo, mesmo que seja um idiota... - respondi deitando-me a seu lado, entrelaçando de modo delicado os dedos nos seu cabelos ondulados, revoltos, vi o sorrir, provavelmente aquilo sabia-lhe bem, afinal a quem é que carinho não sabe bem?

- Estraguei tudo, não estraguei? - indagou abrindo os olhos que se encontraram com os meus, muito tristes, preocupados. 

O meu coração disparou, nem nesta situação de merda consigo esquecer o quanto mexe comigo.

- E-estragaste muita cosia, isso é certo, tudo não diria, até porque coisas como esta tem soluções bastante simples, pedir desculpas, ser adulto e assumir as responsabilidades... - declarei num murmúrio.

- Tens razão! Vou ver se a encontro e é agora! - afirmou fazendo tenção de se levantar de rompante, felizmente fui a tempo de lhe alcançar a manga da camisola e o puxar para a cama uma vez mais.

- Não, calma lá, fazes isso tudo amanhã, hoje nesse estado depois do que vi acho mais provável que arruínes tudo do que resolvas. - retorqui.

- E que raios é suposto que faça entretanto?! - vociferou.

- Agora, apenas nada, pelo menos nada além de dormir. - disse levantando-me - E não venhas com não consigo porque consegues sim!

- Pronto, pronto, a chefe manda! - riu, colocando-se de pé, cambaleando ligeiramente, contudo fui a tempo de o amparar. 

- Onde raios pensas que vais?

- Calma, tenho que enxaguar a boca, isto sabe demasiado mal. - reclamou fazendo uma expressão de nojo e pronto lá o ajudei a chegar à casa de banho, procurando de seguida reorganizar tudo, incluindo um pijama para vestir, mesmo que estivesse disposta a não dormir esta noite - É suposto dormir aqui? 

- Sim parvo, de certeza que a Chels não se importa de dividir cama comigo esta noite. - garanti - Falando nela, deve ter ido buscar o café à China! 

- De certeza. - concordou rindo ainda de olhos postos no espelho.

Em silencio fitei-o e sorri, não conseguia evitar, aquela gargalhada de fraca vontade, mesmo assim era tudo para mim, olhou-me também, mantendo um sorriso, curto mas um sorriso, imóvel até aos tombos vir andando na minha direção, estancando a  curtos centímetros de mim.

- És a melhor... - balbuciou antes de passar um braço em volta da minha cintura, puxando-me para si.

Com o rosto apertado contra o seu peito, sentia as faces a arderem-me , contente por se encontrarem tão bem escondidas. Retribui o abraço, senti-o apoiar a cabeça no meu ombro e assim nos mantivemos, partilhando dores em silencio.

Ainda havia de me explicar tudo aquilo, porém se há coisa de que tenho a certeza é que não tivera a intenção de causar tantos estragos, se assim fosse não o via tão mal quanto vejo, aquilo também lhe tinha custado...

Os meus sentimentos a seu respeito são fortes, fortíssimos, todavia jamais me aproveitaria desta situação, o meu dever como amiga é ajudá-lo a corrigir os seus erros, ser sincera e no futuro ver no que dará... Quero-o muito, mas nunca mais do que o quero ver feliz e nunca às custas da felicidade de seja quem for.

See you againOnde histórias criam vida. Descubra agora