Capítulo 28 - Let's try

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É claro que reconheci aquela sua voz no exato momento, mas mesmo assim, uma pequena esperança no meu interior colocou a hipótese de ser só qualquer pessoa aleatória misturada com o facto de não tirar Ryan da cabeça, porém era ele, fora ela quem falou, fora ele quem se mantivera ali, fitando-me enquanto os meus joelhos começavam a fraquejar e a vontade de dar meia volta e seguir com a minha vida como se nada tivesse acontecido crescia.

- Nem tentes, nós somos adultos, porra! - exclamou antes que pudesse fazer fosse o que fosse, levando-me a suspirar derrotada - Por favor... - murmurou aproximando-se em lentos e visivelmente receosos, passos. 

- Como está a T? - perguntei acabando por me sentar no chão encostada à parede, fazendo-lhe sinal para que fizesse o mesmo.

- Tem uma fratura ligeira no braço, dentro de poucas semanas está de volta... - respondeu - Vai ficar bem.

- Fico feliz. - sorri, ainda que de uma forma um bocado forçada, afinal por mais que parecêssemos tentar aligeirar o clima, a tensão pesava-nos nas costas. 

- Eu também... - deu um sorriso tal qual o meu, respirando fundo de seguida, encarando-me logo depois - Tu sabes que não vim até aqui para falar da Teagan, certo?

- Não sou assim tão burrinha, ok? - retorqui, com mais agressividade do que pretendia - I'm sorry, sabes, não sou grande fã de falar sobre esse tipo de coisas...

- Achas que foi mais um erro? - não esperava uma abordagem tão direta, contudo, os seu olhar gritava a a quantidade de nervosismo presente em si, portanto não tive qualquer dificuldade em compreender porque se deixara de rodeios.

O famoso "quanto mais rápido, melhor".

- Não preferes que esperemos até estarmos no hotel para termos esta conversa? Aqui a qualquer momento chamam-nos para algo e deixamos isto a meio... 

Ryan Potter P.O.V

Agora compreendo o quão correta estava a mais nova miúda do elenco em convencer-me a insistir, assim como eu a Conor faria os possíveis e impossíveis para escapar ao diálogo tal como uma parta do meu subconsciente desejava que eu fizesse, ao menos tratava-se da parte mais pequena deste e a restante foi capaz de selar os meus lábios contra os seus, aquilo ao menos levar-nos-ia a algum lado, ao contrário da nossa persistente discussão entre fugir ou ficar.

- Não te quero chatear mais com isto e  desculpa-me por te pressionar desta maneira, só que não me aguento neste impasse! - declarei com uma certa angustia, mergulhado nos seus encantadores olhos castanhos - Se achas estes beijos um erro diz-mo de uma vez por todas e juro que nunca mais repito, afasto-me de ti se for necessário! A decisão é tua, pois para mim, acho que já deixei bem claro que não acho nada disto um erro... 

- Quem ouvisse esta conversa nem achava que são dois adultos a tê-la. - riu - Somos piores que crianças, até alguns adolescentes lidariam melhor com isto que nós dois!

Que raio? Estivemos aqui, seríssimos durante todo este tempo, parecíamos ter medo de proferir um simpres vocábulo e de repente dá-lhe para rir!

- Ryan tens que admitir que tenho razão. 

- Ok, tens, demasiada. - desta vez até a mim foi capaz de arrancar um sorriso, o que não faria com que me esquecesse de que falávamos - Estás a fugir à pergunta, again...

Chegara a sua vez de respirar fundo antes de me fitar com um carinhoso e calmo meio sorriso.

- Conheces-me há anos e ainda não percebeste que se achasse tudo isto um erro te teria dado um grandessíssimo estalo? - juro que os meus batimentos cardíacos devem chegar à velocidade do Flash neste instante - Seu idiota tu és super importante para mim, muito mais do que alguma vez deixei transparecer, muito mais do que queria que fosses e essa é a razão pela qual sedo com tanta facilidade às nossas ações e detesto tanto falar sobre elas, porque tenho medo disto, porque somos amigos há tanto tempo que não quero destruir isso...

- Conor nós já somos grandinhos, acho que temos maturidade suficiente para lidar com essas coisas, eu gosto de ti, se na época em que me beijaste já tinha algum sentimento, hoje garanto-te que... - vou dizer isto, vou mesmo dizer isto - Que me apaixonei aos poucos por ti e apesar de também ter medo, gostava de arriscar, não te esqueças que quando isto acabar cada um seguirá o seu caminho como aconteceu antes.

- Tenho preferido não pensar nisso, tem sido tão bom. - sorriu, cheia de sinceridade no olhar - Mas sim, acho que também... Shit, sou péssima com palavras!

Assim depositou nos meus lábios um longo beijo apaixonado, tenho a certeza que era apaixonado, o certo é que comunicou melhor comigo que qualquer diálogo. 

- Tens mesmo a certeza que devíamos tentar? - balbuciou com a testa encostada à minha, ofegando pois havíamo-nos separado unicamente pela falta de ar.

- Sim! Sei que me vou arrepender se só deixar tudo como está, quero-te C... - suspirei, como se lhe implorasse por uma migalha de atenção e no segundo seguinte me desse umas três mil em curtas e simples palavras.

- Então vamos a isso. - afirmou.

Beijámo-nos uma vez mais antes de nos envolvermos um ao outro num abraço, um agradável e apertado abraço, por fim beijei-lhe a testa e como se adivinhassem vieram chamá-la para que gravássemos as ultimas cenas do dia, momento esse em que ela, já vestida se dirigiu-se sem desvios ao set, ao contrário de mim que tinha de recolocar o figurino, portanto cada um seguiu o seu caminho. 

Acenou-me, sorriu, aparentava estar tão feliz e perdida quanto eu, este dia fora de longe dos mais caóticos, é bem provável que seja incapaz de dormir ao cair na cama daqui a umas horas.

See you againOnde histórias criam vida. Descubra agora