Capítulo 27 - Between the Feelings

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Teagan Croft P.O.V

Saí do consultório após as mil e uma coisas que disse o médico, com o braço ao peito, coisa que tal como esperava, estampou o pânico nos rostos dos meus amigos que na sala de espera aguardavam. 

- Então? O que é que tens??

- É grave? Partiste?

Sorri como uma idiotazinha diante daquela preocupada chuva de perguntas preparando-me para lhes dar a noticia que, apesar de poder ter sido bem pior, desagradava-me muito...

- É mais ou menos isso, foi uma pequena fratura, só que é o suficiente para me afastar das gravações por pelo menos duas semanas. - expliquei esforçando-me ao máximo para engolir o choro.

- Shit... - sussurrou Curran que como os restantes levou a mão à cara, esfregou os olhos, é provável que como eu também lhes tenha passado pela cabeça todas as mudanças e atrasos que este madito atraso nos trará, logo, para ser sincera não descreveria a situação melhor do que ele fez, shit, isso, big shit.

- Afinal o que é que tens? Desculpa, achei melhor avisar a tua mãe, era o que estava a fazer... - Ryan surgiu vindo do corredor do fundo, tão alarmado quanto estavam Chels, Cur e o Mr. Moore, o homem da produção que se disponibilizou a acompanhar-nos, quando regressei há minutos. 

- Uma pequena fratura, nada que não se aguente... Com o analgésico que me deram as dores até estão suportáveis - detestava a sensação de ser alguma "coitadinha", detestava que tivessem pena de mim e por mais que acredite que o que sentem seja apenas compaixão, a sensação era quase a mesma, portanto restava demonstrar que na realidade estou bem, que lido bem com o ocorrido, coisa que me esforço para que não seja uma completa mentira.

- Isso significa que...

- Que está na hora de regressarmos ao hotel, precisa de descansar T. - interrompeu Chelsea, que como é obvio notou o quão desconfortável eu começava a ficar.

- Boa ideia. - afirmei sorrindo. 

Caminhámos por fim para o exterior conduzidos pelo caminho mais distante de pessoas com a ajuda dos seguranças do hospital.

- Vai ficar tudo bem, sabes disso não é? - num sussurro, a voz de Curran arrepiou-me dos pés à cabeça, disparando-me os batimentos cardíacos - Ah e também sabes que connosco não tens que esconder estás mal, right? 

Esta ultima frase, já junto ao carro, só por si teve um efeito completamente diferente, foi como se me derretesse as barreiras que insistia em erguer, era o Cur, sozinho, sem ter que se esforçar chegava a partes do meu coração desconhecidas por qualquer outro ser vivo no universo, talvez até por mim própria. 

Ryan e Chels foram entrando, contudo antes de o fazermos, abracei-o escondendo o rosto no seu peito, passando o meu braço livre em torno do seu largo tronco sem sequer me preocupar com o que pensariam os que avistassem tal imagem, permitindo às gotinhas salgadas que me esforçava tanto para engolir, que abandonassem os meus olhos, escorrendo-me pela face assim que retribuiu e me beijou a nuca. Merda, quanto mais eu quero manter-nos na amizade, fingir que não passa daí, mais compreendo o quão impossível é.

- Preciso de falar contigo. - murmurou - Só que não pode ser aqui. 

- Tudo bem, vou com vocês até ao set e falamos por lá. - respondi afastando-me um bocadinho.

- Não, nada disso, tu tens que é que ir descansar, não te serve de nada ires para lá agora! - retorquiu entrando no veiculo ao nosso lado onde os restantes nos aguardavam. 

Depois de muito teimar lá me convenceu de que a conversa com os diretores poderia esperar, bem como os convenci a irem trabalhar afinal não era mais a criancinha da família, podia cuidar de mim sozinha e se bem conheço a minha mãe, se não arranjar forma de chegar a Toronto ainda hoje, de manhã estará aqui. 

- Chegaste a conseguir falar com ela? - perguntei ao Ryan, quando de súbito me lembrei do nosso dialogo de outrora. 

- Achas? Mal tínhamos trocado uma palavra quando se ouviu aquele estrondo todo! - exclamou.

- Mas isso não é desculpa para não o fazeres ainda... - sorri, cúmplice. 

- Tea... - suplicava com o olhar, porém faria os possíveis e impossíveis para o impedir de cometer erros como os meus tendo em conta que foi ficando mais que claro que aqueles dois nutrem sentimentos demasiado fortes um pelo outro - Hoje o dia já foi caótico e...

- E se não o fizeres vai continuar a ser porque não te vai sair da cabeça de qualquer forma! - declarei completando-o antes que pudesse dar mais uma desculpa. 

- Quem te manda ter tanta razão? 

- No que é que a Teagan tem razão? - questionou Chels.

- Nada, nada! - apressei-me a dizer. 

Conor Leslie P.O.V

Atuávamos melhor que podíamos, contudo ninguém era capaz de negar onde estavam focadas as nossas atenções, o problema é que quanto a mim essas atenções dividiam-se, chegavam a fugir por momentos na direção das memórias dos seus lábios nos meus, do quão agradável fora essa sensação, muito mais agradável que assustadora afinal sem querer querendo fui me deixando levar por aquele sentimento com que costumava lutar nestes últimos tempos, seria uma questão de tempo até repetir o que fiz há anos, apenas calhou a ser ele a fazê-lo, então isso significa que o Ryan...

Todavia nada disto impede que fique aliviada com o facto deste ter optado por acompanhar a T ao hospital, adiava aquilo para que não me encontrava pronta, não sou boa com palavras, pelo menos quando falo...

- Conor? - devo ter saltado de tão apanhada desprevenida que fui.

Achava que tinha mais tempo para me preparar para isto, fuck.

See you againOnde histórias criam vida. Descubra agora