O grande dia havia chegado, nunca estivera tão animada para algo, minha carta apareceu em minha porta apenas alguns meses antes, logo que completei 11 anos, passara tanto tempo esperando por isso que parecia algo surreal. Não que eu não soubesse que ela chegaria, sem querer parecer convencida, porém, com uma linhagem pura de bruxos e manifestando os poderes desde nova, era apenas questão de tempo. A espera acabara, já me encontrava na plataforma 9 ¾ com uma imensa bagagem, uma coruja ansiosa e dois pais receosos com minha partida.
Por um breve instante, observando o trem, lembrei da última vez que estivera ali, apenas 2 anos antes.
Ao longe pude ver o que parecia ser uma família extremamente grande, todos ruivos, havia pelo menos umas 7 pessoas ali, das quais 5 pareciam estar prestes a embarcar no mesmo trem que eu, os adultos deveriam ser os pais.
No meio de toda aquela multidão um garoto se destacava, usava um par de óculos redondos, e tinha os cabelos escuros e rebeldes, seriam parecidos com os meus, se não fosse o fato de eu ter uma coloração puxada para o ruivo, algo que sempre acreditei vir de algum tio ou parente distante, pois ambos os meus pais tinham cabelos negros como carvão.
Não conseguia entender, mas algo naquele garoto não me permitia tirar os olhos dele, mesmo estando de costas, ele me parecia familiar. Antes que eu pudesse o analisar mais ele embarcou.
Então olhei para o lado. Jamais entendi como não havia reparado nela antes, devia ser o imenso número de pessoas ao seu redor, ou o fato de o garoto moreno ter me chamado a atenção, mas ao pôr os olhos nela me encantei. Tinha os cabelos ruivos como as pessoas que acreditava serem seus parentes, entretanto, por algum motivo que não conseguia compreender, nela eles se destacavam, aparentava ter a minha idade.
Quando finalmente olhou para mim percebi seus encantadores olhos, verdes como esmeralda, ela deu um sorriso tímido que eu retribuí, ou pelo menos acho que retribui, em seguida embarcou no trem, parecendo um pouco receosa, seus lindos cabelos curtos balançando atrás dela, como em uma dança silenciosa.
- Amy, filha, – a voz de minha mãe tirou-me do devaneio, e ao olhar para ela notei imediatamente o motivo de ter me chamado, ela e meu pai conversavam com uma velha amiga e seu filho, o garoto de cabelos tão louros que chegavam a ser brancos, era um pouco mais velho que eu, cerca de 1 ano, e apesar da grande amizade de nossos pais, nunca fomos, exatamente, melhores amigos, porém crescermos juntos nos obrigou a conhecermos um pouco melhor um ao outro – a Sra. Malfoy estava me contando que o Draco adoraria acompanhar você no trem, para não se sentir tão sozinha, já que não conhece ninguém.
Draco Malfoy, nunca ajuda ninguém, a não ser que isso interesse a ele, então o pedido com certeza havia sido uma ordem da mãe, entretanto, eu devia ser educada e aceitar, minha própria mãe jamais me permitiria falar o que pensava sobre aquilo "Não, muito obrigada, prefiro ir sozinha mesmo. Afinal é como diz o velho ditado, antes só do que mal acompanhada". E também, não perderia uma oportunidade de irritar o Malfoy.
- Claro, seria ótimo. – respondi com meu sorriso mais falso, o qual foi imediatamente rebatido por outro tão falso quando, se não mais, vindo do meu futuro companheiro de trem.
-Nos vemos lá então – demos adeus a eles, e partiram.
Quando já estavam longe, meus pais fizeram um discurso que eu tão bem conhecia.
-Não esqueça filha, seja você e tudo dará certo! Eu e sua mãe sempre te amaremos. – papai podia não ser bom com as palavras, mas sabia que ele dava seu melhor.
- Mande notícias, foi por isso que te demos sua coruja. - olhei para a gaiola dourada em cima de minha mala, na qual uma pequenina coruja dormia, então mirei minha mãe novamente.
- Achei que tinha sido meu presente de aniversário. – respondi, com ar risonho, ela deu apenas um leve sorriso, e não me chateei com isso, entendia que estava se esforçando muito para não chorar na minha frente.
Entendia o que aquilo significava para eles, o que significava para mim. Novamente minha memória voou para anos antes, eu ainda pequena, vendo aqueles mesmos rostos, tristes com a partida de um filho, entretanto, naquele dia, eles não estavam direcionados para mim.
O primeiro apito do trem soou, me obrigando a parar de observar meus pais, forçando uma saída do meu devaneio, ao olhar para trás percebi que meu acompanhante já estava a porta do trem, era hora de partir.
-Tenho que ir – disse olhando para minha mãe e, em seguida, para meu pai, eram tão parecidos que podiam ser considerados irmãos, seus cabelos negros e lisos, sua altura, seu nariz fino e empinado, mas não demais.
Entretanto suas semelhanças acabavam aí, a boca de meu pai era fina, quase como uma linha reta, enquanto a de minha mãe era rosada e carnuda, seus olhos eram de avelã, os de meu pai, azuis como o oceano. Me parecia pouco com meu pais em características físicas, não era alta como eles, na verdade possuía altura mediana, meus cabelos ondulados, eram um pouco rebeldes e tinham uma coloração mais puxada para o ruivo; meus olhos eram esverdeados e meu rosto pintado por diversas sardas.
Minha característica mais parecida com minha mãe era o corpo esguio que ambas compartilhávamos. Podia não ser parecida com meus pais, mas isso jamais me encomodou, afinal não precisava ser fisicamente parecida com meus pais para ser filha deles.
-Te amamos filha! - lembrou meu pai.
- Se cuida. - pediu minha mãe.
-Também amo vocês!
Dito isso parti, deixando meus pais abraçados em seus enormes casacos pretos, me olhando como se eu nunca mais fosse voltar, mas sabia que se não fosse agora nunca mais iria, então me forcei a andar em direção ao trem, sem sequer olhar para trás.
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A POTTER PERDIDA
FantasyTodos conhecem a história de Harry Potter e como ele perdeu seus pais, mas não sabem que havia mais alguém naquela noite, uma garotinha de apenas alguns meses, que, por sorte ou azar do destino, não estava lá naquela noite, e que fora separada da su...