Capítulo 7

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As horas seguintes da viajem passaram voando, eu e Draco não conversamos nada durante ela, eu não conseguia abrir a boca, havia perdido a minha capacidade de emitir qualquer tipo de palavra, tudo passava como um borrão.

Não sei como coloquei minhas vestes, quando desci do trem, se me despedi de Draco ou até mesmo de que forma eu chegara em Hogwarts, eu estava em uma espécie de inércia, adormecida, alheia a tudo que ocorria ao meu redor, apenas seguia a massa de pessoas que andava em linha reta, só reparei onde estava quando uma voz familiar me chamou.

- Tá melhor?

- An? – foi tudo que consegui dizer, finalmente tendo uma certa noção de onde estava, era o topo de uma escada, aparentemente já estava em Hogwarts, diversas pessoas estavam ao meu redor, todas extremamente diferentes, mas parecidas em altura, deviam ter minha idade, cerca de duas fileiras a frente consegui ver a menina loura do trem, estava olhando ao redor, aparentemente encantada com tudo aquilo, só depois identifiquei quem me chamara, Gina.

- Eu perguntei se você tá melhor, depois de tudo que aconteceu. – ela tinha um leve sorriso nos lábios, mas ainda apresentava preocupação nos olhos.

- Estou sim – foi tudo que consegui dizer antes que uma mulher alta, usando vestes e um chapéu de bruxos, com cabelos brancos e uma grande varinha em uma das mãos se prostrasse no topo da escada. Disse que se chamava Minerva, e antes que pudéssemos fazer qualquer pergunta, duas enormes portas se abriram revelando um imenso salão.

No fim do salão havia uma enorme mesa, com diversas pessoas que eu não conhecia, apenas uma me era familiar. Sentado no meio da mesa, com barba enorme e oclinhos de meia-lua estava Dumbledore, o diretor de Hogwarts, minha família era uma grande amiga dele, mas nunca o havia visto pessoalmente, só o vida por figurinhas de Sapos de Chocolate, ou ouvira falar dele pelos relatos que me eram feitos. De cada lado do salão havia duas mesas imensas, com diversas pessoas sentadas, a quem julguei serem alunos da escola, cada mesa possuía uma bandeira em cima, com a sua respectiva casa, e cada aluno tinha vestes pretas, com o brasão de sua casa estampado.

Enquanto observava tudo, ia vendo as mesas e seus alunos. Em uma das mesas mais próximas de mim havia uma enorme bandeira com uma águia dentro, suas cores eram azul e bronze, imediatamente identifiquei a casa, Corvinal, passei os olhos pela mesa, mas não identifiquei ninguém meramente conhecido, como já era de se esperar. Do meu outro lado se encontrava uma mesa com uma bandeira enorme de Leão, suas cores eram vermelho e dourado, na mesa reconheci Harry, Rony e Hermione, então eles eram da mesma casa, a Grifinória... Em frente à mesa da Corvinal estava a da Sonserina, logo identifiquei Draco e seus capangas, mas ele parecia não ter me visto, observava os outros alunos, esperava ficar nessa casa, como mamãe, mas só o tempo diria, era a casa da serpente, com as cores verde e prata se destacando em sua bandeira. Por último havia a casa amarela e preta, Lufa-Lufa, com um enorme Texugo em sua bandeira, a casa de meu pai outra casa na qual eu amaria estar, mas eu sabia que isso significava ter que conviver com Will, há muito tempo ele fora colocado na Lufa-Lufa, assim como meu irmão, e me fizeram desejar imensamente ir para lá, agora não sabia mais se ainda queria.

Sem que eu notasse haviam colocado um pequeno banquinho no centro do salão, no qual havia um chapéu velho, cheio de remendos e com uma linha rasgada no meio, o murmurinho do salão parou e agora todos olhavam ou para o chapéu, ou para o grupo do qual eu fazia parte.

Em seguida o chapéu começou sua cantoria

Ah, vocês podem me achar pouco atraente,
mas não me julguem pela aparência
Engulo a mim mesmo se puderem encontrar
Um chapéu mais inteligente do que o papai aqui.

Podem guardar seus chapéus-coco bem pretos,
suas cartolas altas de cetim brilhoso
porque eu sou o Chapéu Seletor de Hogwarts
E dou de dez a zero em qualquer outro chapéu.

Não há nada escondido em sua cabeça
que o Chapéu Seletor não consiga ver,
por isso é só me porem na cabeça que vou dizer
em que casa de Hogwarts deverão ficar.

Quem sabe sua morada é a Grifinória,
casa onde habitam os corações indômitos.

Quem sabe é na Lufa-Lufa que você vai morar,
onde seus moradores são justos e leais
pacientes, sinceros, sem medo da dor;
ou será a velha e sábia Corvinal,

A casa dos que tem a mente sempre alerta,
onde os homens de grande espírito e saber
sempre encontrarão companheiros seus iguais;
ou quem sabe a Sonserina será a sua casa

E ali fará seus verdadeiros amigos,
homens de astúcia que usam quaisquer meios
para atingir os fins que antes colimaram.
Vamos, me experimentem! Não deverão temer!

Nem se atrapalhar! Estarão em boas mãos!
(Mesmo que os chapéus não tenham pés nem mãos)
porque sou o único, sou um Chapéu Pensador!

A cantoria cessou e todos bateram palmas. Já sabia como funcionava, chamariam meu nome, eu iria para a frente, colocariam o chapéu na minha cabeça e diriam minha casa. Mas isso não me deixava menos nervosa, até que a chamada começou.

- Algraham, Michael – seguido da casa Sonserina e um número enorme de aplausos e vivas vindos da mesa da casa. E assim se seguira com mais 5 alunos.

- Acambrigde, Kimberly – lufana.

- Almistic, Mark – grifinório.

Eu já estava morrendo de ansiedade quando chamaram meu nome.

- Belgard, Amy. – silêncio novamente, me dirigi para a frente do salão e me sentei no banquinho, ciente de todos os olhos que estavam em mim, mas não me permiti parecer fraca. Então uma voz começou a conversar comigo, mas era algo apenas da minha cabeça.

"Hum, vejamos, vejo que tem família na Lufa-Lufa e Sonserina, é uma amiga realmente leal, deveras corajosa, mas guarda uma grande sabedoria, curiosa, sempre disposta a ajudar, criativa, bem animada diria, procura deixar os outro feliz, hum vejo que não resplandecerá na Sonserina, não, seria uma boa casa, mas você  se destacará melhor em outra. Quem sabe Lufa-Lufa-... hum vejamos". Involuntariamente comecei a lembrar de tudo que acontecera, não aguentaria ficar na Lufa-Lufa e agora sabia disso. "Lufa-Lufa não, Lufa-Lufa não" "Tem certeza? Seria uma boa casa, você se encaixaria bem, não quer? Certo. Vejamos temos algumas qualidades da Grifinória aqui, mas não, não, não é ela." Então houve a decisão, e um grito irrompeu por todo o salão.

- CORVINAAALL! – Gritos e aplausos vieram da casa, corri em direção a ela sem conseguir pensar em mais nada, podia não estar na casa de meus pais, mas definitivamente, havia encontrado meu lugar, onde eu poderia me recriar.

Recebi diversos ois, tapinhas nas costas, parabéns e boas-vindas ao chegar lá. É eu definitivamente estava em casa. Não prestei atenção às outras crianças, estava ocupada pensando como contaria a notícia aos meus pais, então chamaram a menina do trem, Luna, esse era seu nome, e ela ficara na minha casa. Lhe dei as boas-vindas assim como os outros e ela se sentou ao meu lado, ficamos o resto da noite conversando e ao chegarmos na nossa torre descobri que ela estaria no mesmo quarto que eu, então em menos de uma noite acabamos virando amigas. Meu humor mudara completamente desde a seleção, toda aquela energia positiva me contagiou. Mesmo assim não contei para ela sobre meu irmão, Will ou qualquer coisa que acontecera no Expresso de Hogwarts, ainda não era a hora, e ali, ali eu ia construir uma nova imagem ali, ia ser uma nova pessoa.

A POTTER PERDIDAOnde histórias criam vida. Descubra agora