Capítulo 11

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Segurar o choro até sentir as batidas do coração fazerem o cérebro latejar, chorar em silêncio, gritar sem voz, limpar as lágrimas, por um sorriso no rosto e sair, essas eram coisas que não pensei que faria novamente. Mas lá estava eu, trancafiada em um dos banheiros do castelo, o ciclo se repetia.

Algum tempo antes...

Em poucos minutos já estava nas arquibancadas vendo Harry e Olívio treinarem, e devo admitir que temia um pouco pelo meu time, não que os jogadores não fossem bons, eles eram, porém não eram tão habilidosos, já havia notado algumas falhas no jogo deles, sendo que não podia opinar e sabia disso, eles achariam graça ou até gritariam comigo, e eu não precisava de inimigos, muito menos na Corvinal.

Os jogadores da Grifinória, em especial os que eu via treinar, eles eram bons, mas também tinham muito que melhorar,  Harry devia diminuir o tamanho das suas curvas e melhorar o alcance de sua visão, porém sabia que não podia lhe dizer isso, afinal eu era a "bruxa que não voava", um apelido que pegou bem rápido, porém não ligava muito para isso, tinha muito com que me preocupar.

Por não poder falar abertamente o que pensava, anotei tudo em um pergaminho, colocaria na mochila do Harry depois, não sabia se ele iria seguir ou acreditar no que estivesse escrito, porém tentar não custava nada. Era errado o que eu estava fazendo? Talvez um pouco, mas não custava nada ajudar um amigo, só esperava que mais ninguém soubesse disso, não gostaria de ser considerada uma traidora da minha casa.

- Oi, tá escrevendo o que? – levei um susto, estava tão concentrada escrevendo em meu pergaminho que não percebi que o treino acabara e que Harry se encontrava do meu lado na arquibancada.

- Na, a nada... – falei tentando esconder o pergaminho.

- O que você tá tentando esconder aí? – perguntou ele já tentando pegar o pergaminho da minha mão.

Saí correndo pela arquibancada, mas ele foi mais rápido e conseguiu pegar a lista da minha mão, quase me derrubando no processo. Eu tremia, a cor havia deixado meu rosto, se havia um bom momento para eu desmaiar era agora, e não aconteceu...

- E, eu... - tentei me explicar, mas estava tão nervosa que só conseguia gaguejar – eu juro que posso explicar, olha, não é o que parece.

- Parece que você observou bem o jogo, e anotou muitas jogadas.

- Tá, é exatamente o que parece, eu ia colocar isso na sua mochila quando estivesse saindo, mas sei que são coisas boas, afinal eu nem jogo quadribol. – falei extremamente sem graça de ele ter pego aquilo da minha mão.

- Essas, essas são umas ótimas ideias, - disse ainda olhando para o papel – mas, por que você não ia me entregar isso pessoalmente? Ou melhor, como sabe tudo isso?

- Eu joguei, quando era mais nova, e meu pai é um grande fã de quadribol, então eu assistia a todos os jogos que podia, então aprendi algumas coisas.

- Você já pensou em tentar entrar para o time da Corvinal?

- Na verdade não, eu ainda tô no primeiro ano, e mesmo que quisesse, não posso voar de vassoura lembra? – falei ainda um pouco constrangida com toda aquela situação.

- Eu entrei no primeiro ano. - disse ele com simplicidade.

- Eu sei, todos falaram que você é ótimo nisso. - respondi dando um sorriso para não soar irônica.

Ele deu de ombros.

- Quer jogar?

- Como?

- Perguntei se queria jogar um pouco de quadribol.

Não sabia o que responder, eu sabia que poderia me encrencar caso me pegassem voando, mas já fazia aquilo quase toda noite e parecia que seria bem divertido, ia ser bom me arriscar um pouco.

- Quero, - respondi com um leve sorriso perante a ideia – mas eu não tenho vassoura.

- Isso não é problema, - respondeu ele pegando a própria vassoura e montando – sobe.

Obedeci e ele voou até os vestiários, desmontamos e entramos, não tinha ideia do que ele planejava, apenas o segui.

- Harry, o que ainda está fazendo a... – começara a perguntar Olívio Wood, que ainda se encontrava no vestiário, até que finalmente reparou em mim – O QUE ELA TÁ FAZENDO AQUI?

- Se acalma, só viemos pegar a vassoura de um dos gêmeos emprestada. – respondera Harry já abrindo um dos armários.

- Ela é de outra casa e você tá deixando ela ver todos os nossos planos! – ele realmente estava incomodado com a minha presença ali, então saí para esperar ele mais fora.

- Desculpe por isso, ele é meio estressado com questões de jogo. – falou Harry saindo alguns segundos depois.

- Você ainda não me disse o que vão fazer com a vassoura. – Olívio apareceu logo em seguida, aparentemente o assunto entre ele e Harry ainda não havia acabado.

- Nós só vamos treinar umas jogadas por diversão. – respondera o outro.

- Olha, se vai causar tanto problema assim, eu acho melhor nós não o fazermos. – disse

- Não, nós vamos voar.

- Quer saber, podem ir, acho que não tem problema. – o capitão do time parecia finalmente ter se rendido.

Montamos em nossas vassouras e demos impulso. Estava um pouco receosa, fazia muito tempo que não voava com outras pessoas. Começamos só voando pelo campo, depois fiz alguns arremessos e até uns pontos. Estava me divertindo bastante, o medo de ser pega havia acabado, era bom poder voar com outras pessoas.

Voei um pouco mais alto e fiquei olhando o Harry aperfeiçoar uma jogada que havia lhe ensinado, foi então que percebi, ele era igual ao Noah... Olhando ele jogar reconheci meu irmão, senti como se realmente fosse ele, ali, novamente ao meu lado, meus olhos encheram de lágrimas, minha visão começou a clarear, me senti fraca, sabia o que ia acontecer, só tive tempo de gritar antes de cair.

- HARRY! – então estava caindo, podia ver apenas o céu, minha visão ia e voltava, a última coisa que vi naquele momento foi Harry indo em minha direção, ouvi a voz de Olívio, então tudo escureceu...

A POTTER PERDIDAOnde histórias criam vida. Descubra agora