A POTTER PERDIDA

Capítulo 2

-Demorou, já estou te esperando a uns 30 minutos!

-Deixa de ser dramático estava me despedindo, e ninguém te obrigou a se oferecer para me acompanhar. A espera... sua mãe fez isso. – falei com meu maior ar de desprezo, o que não foi difícil, não gostava dos Malfoys e nem de muitas de suas opiniões, nem meus pais, mas nossas mães eram amigas desde pequenas, então sempre fui obrigada a suportar o Draco, negar o "gentil convite" não me ajudaria em nada.

Meu comentário foi respondido com uma revirada de olhos que tomei como um elogio, havia atingido ele.

Enfim adentramos no trem. Passamos por diversas cabines, todas lotadas ou com as portas fechadas, nas poucas que ainda estavam abertas as pessoas nos encaravam ao passarmos, mas logo viravam o rosto, demonstrando que não nos queriam ali.

Já estava achando que não havia mais cabines vagas quando encontramos uma. Estava com as portas abertas e parecia vazia,porém, ao olhar dentro dela percebi que havia uma menina, não sabia sua idade, mas parecia ser tão nova quanto eu, tinha a pele e os cabelos extremamente claros, um rosto delicado no qual se destacavam grandes olhos azuis como o mar, suas roupas eram, peculiares, para não dizer esquisitas, usava brincos de cereja que achei bem bonitos e no topo de seus cabelos bagunçados um gorro, aparentemente tricotado com ela.

Seu olhar divertido corria por uma revista, que só depois reparei estar de cabeça para baixo, antes que tivesse a oportunidade de perguntar se podíamos nos sentar com ela percebi Draco já fazia sinais para eu o acompanhar, estava bem a minha frente, então preferi o seguir, parti sem que a menina nem ao menos notasse minha presença.

Mas ela fora marcante, tanto quando a ruiva que vira antes de entrar, não sabia o motivo, mas sentia que nos encontraríamos de novo.

Apressei meu passo para entrar o mais rápido possível na cabine, não queria ficar passeando nem mais um minuto por aquele trem, os olhares me fulminando.

Surpreendentemente ela estava vazia, guardei minhas malas, com uma ajudinha de meu acompanhante, algo que também deve ter sido uma exigência da mãe, apesar de não compreender o motivo dele cumprir essa exigência, considerando que ela não devia estar mais na plataforma.

- Obrigada – agradeci usando toda a educação que meus pais me deram.

- Por nada.

Coloquei minha corujinha ao meu lado, ela ainda dormia, então cobri a gaiola com a jaqueta que usava, não estava perfeito, entretanto fazia uma boa sombra.

E ficamos assim, um sentado em frente ao outro sem trocar nenhuma palavra, para ser sincera não estava muito a fim de conversa e acho que ele também não, mas por motivos diferentes.

Virei meu rosto para a plataforma, o queixo apoiado na mão.

Não conseguia tirar a imagem de meus pais da cabeça, contudo, sabia que era assim que tinha que ser, e cumpriria minha promessa, escreveria todo dia, contando todas as novidades, começando por hoje, para contar a casa para a qual eu havia sido selecionada.

Sabia que a maior parte das famílias bruxas havia frequentado a mesma casa de Hogwarts, afinal a maioria havia se conhecido lá, mas com meus pais não foi bem assim, mesmo tendo se conhecido na escola, eles eram de casas diferentes, mamãe foi sonserina, algo que, creio eu, permitiu ela manter sua amizade com Narcisa por tanto tempo, já papai era lufano, assim como meus tios, esperava poder ficar em uma das duas.

Logo fui tirada de meus pensamentos, por vozes que falavam alto sobre alguma coisa, ao olhar para o lado percebi o que era, Draco falava com dois garotos, ambos eram grandes e aparentemente muito fortes, deviam ser os "amigos" de quem eu tanto ouvira falar durante tediosos jantares em minha casa, porém seus nomes eu não lembrava bem, um achava que tinha a ver com gola e o outro com quebrar, mas não fazia ideia de quem era quem.

- Crabbe, Goyle, essa é Amy Belgard, Amy, esses são Crabbe e Goyle, dois amigos meus – falou o Malfoy, finalmente notando que eu os observava.

- Prazer Goyle – disse o da direita estendendo a enorme mão gorducha.

- Crabbe – disse o da esquerda, repetindo o gesto

- Amy. – me apresentei, já em pé, apertando as respectivas mãos.

- O trem sai daqui a pouco, então vamos poder passear e ver nossos amigos. – disse Crabbe, com um tom, e um sorrisinho, que indicavam que essa visita não ia ser uma visita normal e que aquelas pessoas não eram assim tão amigas.

Ambos os amigos de meu acompanhante começaram a rir de um jeito estranho, um olhar de Draco bastou para fazê-los se calarem. O que planejavam eu não tinha ideia, e definitivamente não ficaria de fora, quem sabe cruzasse com a garota ruiva, ou até mesmo a loura, e pudesse iniciar uma conversa e fazer minha primeira amiga ali.

E se isso não acontecesse, podia impedir o que aquele trio de sonserinos estava planejando.

Sentei-me ao lado de Draco e coloquei minha pequena coruja das neves, a qual eu chamava de Snow, do meu outro lado, ela ainda dormia e não ia acordar tão cedo, ou pelo menos eu esperava que não, a jaqueta ainda se posicionava em cima da gaiola.

Crabbe e Goyle se sentaram a nossa frente, assim ficamos, os quatro conversando como amigos antigos, eu ouvindo mais do que falando, e eles sempre tentando me tirar da conversa, porém o rosto de ódio do Draco cada vez que eu me intrometia fazia valer a pena meus esforços para participar.