Nova Iorque

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Jisoo pov

Jennie se despediu em lágrimas, até parecia que eu estava me mudando definitivamente para Nova Iorque. Coisa que nunca irá acontecer. Foram longas quinze longas horas de voo, estava cansada, acabada e destruída, pois não consegui pegar no sono em meio a tanta turbulência e nervosismo. Pedi para que ninguém viesse me buscar, ainda bem que me obedeceram, odiaria conversar antes de dormir um pouco. Peguei um táxi e me certifiquei de me manter acordada durante todo o percurso. A cidade havia mudado, novos prédios, paisagens e até o caminho foi diferente. Meus pais moram no décimo terceiro andar de um prédio da quinta avenida, infelizmente ou felizmente uma das avenidas mais movimentadas desta cidade. Há mais neve do que em Seul, acho que isso é a coisa da qual sinto mais falta, a neve intensa desse lugar nessa época do ano.
Ela estava na porta, aquela que bati inúmeras vezes deixando eles falando sozinhos, aquela que eu bati uma última vez e peguei uma passagem só de ida para Coreia do Sul. Eu já estou no país, no corredor, não posso e não vou fugir assim. Toquei a campainha mesmo não querendo, dava pra escutar o som ressoando por todo apartamento, pelo visto as coisas não mudaram. Quando fui apertar pela segunda vez, a porta se abriu. Me deparei com minha irmã, estava com um sorriso enorme como sempre, havia pintado o cabelo de azul, me pergunto como meus pais autorizaram isso. Sem eu menos esperar ela me abraçou, bem apertado, assim como eu me lembrava. Senti muita falta disso… E quando notei meus olhos já estavam repletos de lágrimas.

~~ Você não cresceu nadinha. - Ela se afastou para me olhar.
Dahyun: Você ainda continua sentimental. - Passou a mão pelo meu rosto, limpando minhas lágrimas.
~~ Certas coisas não mudam, exceto seu cabelo. Como conseguiu isso?
Dahyun: Já que você era a rebelde, alguém tinha que te substituir.
~~ Queria ter visto o rosto deles. - Fomos entrando, tudo está no mesmo lugar, mesmo depois de três anos.
Dahyun: Fizeram o mesmo rosto de quando te viram beijando uma garota. A mamãe quis me levar no salão para pintar e o papai queria que raspassem meu cabelo - Parece que só há nós duas dentro do apartamento, explicando assim o silêncio.
~~ Como conseguiu manter?
Dahyun: Disse que você conseguiu o que queria, então eu também tinha que ter alguma coisa. Também usei a chantagem emocional. - Ela arrebenta nesse aspecto, se eu tivesse esse seu lado teria saído de casa sem tantos gritos.
~~ Estamos sozinhas?
Dahyun: Sim.

Fomos em direção ao meu quarto, pelo visto ela não quis trocar. Tudo está no mesmo lugar que deixei, alguns cabides em cima da cama e a porta do guarda roupa aberta.

Dahyun: Eles não deixaram ninguém entrar aqui dentro. Ainda têm esperanças de que você possa voltar.
~~ Sério? - Ela confirmou. - Nossa, isso tá meio impossível.

Coloquei minha mala do lado da cama, não vou desfazê-la, seria muito trabalhoso, depois irei tirar algumas coisas que mais uso.

Dahyun: Eu digo isso o tempo todo. Às vezes parece que você morreu e há uma esperança de que você possa estar perdida por aí, sem lembrar de naďa. E tem hora que ninguém pode falar seu nome e assim eu me torno a filha única.
~~ Eles são complicados. - Ela concordou comigo, foi ai que bocejei, demonstrando todo meu cansaço.
Dahyun: Aposto que não dormiu no voo, deve estar morta.
~~ Acertou, teve muita turbulência. 
Dahyun: Vou te deixar dormir, te chamo quando o almoço estiver pronto.
~~ Obrigada por isso.

Ela me deu um último abraço e saiu, tirei os cabides da cama, desliguei a luz e apenas fechei a porta sem girar a chave. Aos poucos o sono foi chegando, eu estava tão cansada que nem escutei minha irmã me chamando.

Dahyun: Acorda, So. - Estava em cima da cama. - Depois você dorme mais.
~~ Okay okay. - Cocei os olhos, depois me espreguicei e lhe encarei.- Eu vou tomar banho e jajá chego lá.
Dahyun: Okay, vê se não demora. 

Saiu do quarto e fechou a porta, peguei uma troca de roupa e entrei no banheiro do quarto. Eu não posso enrolar, se não irei dormir no banho. Coloquei um vestido bem soltinho e encarei meu reflexo no espelho, há um pouco de orelhas, então tratei de tentar escondê-las.

~~ Você consegue, Kim Jisoo. Só é um almoço e não um ritual de tortura, só são dez dias e você viveu com eles por dezoito anos

Segurei na maçaneta do quarto, depois de hesitar três vezes a tirei. Passos curtos, mas nem tanto. E lá estavam eles, meu pai bem formal e minha mãe também de vestido. Ela foi a primeira a me abraçar, senti que estava chorando e isso me contagiou.

Sra.Kim: Filha. - Se afastou, limpando meu rosto, assim como eu fiz no dela. - Sentimos muita falta de você. 
~~ Também senti. - Uma meia mentira. 

Ela se afastou e assim veio meu pai, ele nunca foi de abraços, então apenas estendeu a mão. A qual eu apertei um pouco nervosa. Nos dirigimos a sala, acho que querem conversar antes do almoço de Natal, sim, aqui ainda é Natal e lá na Coreia obviamente deve ser dia vinte seis.

Sra.Kim: Nós pensávamos que você não iria ver.
~~ Creio que não dava pra enrolar mais.
Sra.Kim: Estava comendo bem? Parece tão magrinha. - Coisa de mãe.
~~ Estou, diria que me alimento muito bem.
Dahyun: Deixa de ser mentirosa, aposto que só come besteira.
~~ Pior que não, estavam reclamando comigo por conta disso.

Jennie pegou no meu pé esses dias, quando eu disse que comia muita besteira eu estava falando sobre muita besteira, mas ela não levou tão a sério, então vem tentando me fazer maneirar.

Sr.Kim: Como anda a faculdade?
~~ Vai bem, termino ano que vem e mal posso esperar por isso.
Sr.Kim: Presumo que esteja trabalhando, só me pediu ajuda nos primeiros seis meses.
~~ Na verdade ainda não. Estou me mantendo com correções e o dinheiro que ganhei com o livro.
Dahyun: Dei um daqueles que você me deu a uma amiga, ela gostou. Até disse que queria até te conhecer. Perguntou como posso ter uma irmã prodígio, sendo que eu sou assim.
~~ Eu também sempre me faço essa pergunta.

Ela me daria dedo, porém eles a olharam antes de qualquer ação sua.

A Garota do café - JensooOnde histórias criam vida. Descubra agora