A Garota do café - Jensoo

Natal

Jisoo pov

Fiquei um mês e uma semana com o gesso, confesso que me esqueci e estava rodeando para não tirá-lo. Durante esse tempo não mandei mensagens ou escrevi, quer dizer, já não tenho ideias a um bom tempo e meus rascunhos estão nas teias de aranha. Ficar sem um braço habilidoso também me atrapalhou no meu pequeno trabalho de correção de texto e reações, ou seja, calouros e veteranos decepcionados comigo. Só me procuram para isso mesmo, mas pagam bem, não nego. 
Jennie sempre dava um jeito de vir aqui, seja pra arrumar alguma coisa ou fazer alguma coisa a qual eu vinha reclamando de não conseguir fazer. Minha namorada foi a maior causadora dos riscos no meu gesso. Dentre frases, corações, nomes e carinhosas, se ele ficasse aqui por mais um mês, obviamente estaria preto no momento de removê-lo
(...)
Desde que cheguei aqui há mais ou menos três anos, venho passando o natal com Lisa, depois na casa dos pais de Rosé. Diferentes de sua filha, eles são muito extrovertidos e alegres, cheguei a estranhar isso, mas aos poucos entendi que minha amiga precisa apenas se soltar um pouco para se tornar uma réplica deles. Já seu irmão é assim por si só, não é de poupar sorrisos e muito conversador. Jennie terá que passar o natal com sua família, coisa de tradição e julgamos ainda estar muito cedo para passarmos juntas. 
Combinamos de trocar presentes no dia vinte e cinco, antes da minha ida ao aeroporto. Dez longos dias na companhia da minha família acolhedora e compreensiva. Sinto que irei voltar antes do previsto, assim como sempre faço, no entanto irei me forçar a ficar mais um pouco, nem que eu fique trancada dentro do quarto durante toda a estadia lá.
(...) 
O jantar correu bem, digamos que repleto de risadas e pontualmente à meia noite. Ainda acho estranho essa tradição da ceia à meia noite, onde enrolamos nossa barriga até esse horário. Depois do jantar sentamos todos no sofá, jogando conversa fora e esperando o tempo passar. Jimin contava histórias sobre o seu curso, ele faz faculdade em outro lugar e só nos vimos pouquíssimas vezes. Como nas festas da Lisa ou em alguma coisa que a Rosé planeja.

Sr.Park: A Chaeyoung me disse que está namorando, Kim Jisoo. Deveria ter trazido ela.
~~ Ainda é muito recente para isso e ela passou com a família.
Sr.Park: Ah sim, ainda lembro quando os namorados passavam com suas respectivas famílias. - Fitou Lisa.
Lisa: Nossa, o senhor sempre diz que sou a sua nora preferida e que eu deveria vir mais vezes. 

Manoban cruzou os braços e em instantes começamos a rir . Ele adora fazer esse tipo de coisa, agir sério e depois sorrir. Acho que isso é o que mais marca o senhor Park, as vezes eu queria que o meu fosse assim, mas acho que isso seria algo impossível de acontecer.
Olhei o relógio e notei já ser duas horas. Não imaginava ser tão tarde.

Rosé: Já tem que ir? - Confirmei. - Poderia dormir aqui, suas malas já estão prontas e amanhã nós podemos buscá-las, aproveito e te levo no aeroporto.
~~ Ainda tenho que me encontrar com a Jennie, vamos fazer uma troca de presentes. - Elas não sabiam disso, então fizeram cara de surpresa. 
Rose: Quer que eu te leve? - Sinto que está muito boazinha, ou apenas impressão minha.
~~ Ela já está a caminho, mas por que tanta bondade? - Seu irmão segurou a risada, mas mesmo assim levou um tapa.
Rose: Espírito de Natal, a Lisa disse que tenho que tratar as pessoas bem pelo menos uma vez no ano. - Isso explica muita coisa.

Me despedi de todos com um abraço e agradecimento pela noite. Sinto que aqui estou em casa, talvez esse seja um dos motivos que me prendem aqui. Me sentir bem em uma família e ser tratada como "alguém". Assim que ela chegou, entrei no carro, lhe recebendo com um abraço bem apertado e um beijo demorado..

Jennie: Parece que não te vejo a dias.
~~ Então se acostume com essa sensação por algum tempo.
Jennie: Não me faz lembrar disso
~~ Eu volto longo, em um piscar de olhos eu já estarei no país, te enchendo com beijinhos e tirando sua paciência.
Jennie: Queria que tirasse outra coisa. - Ela vem aprendendo muito com a Lisa.
~~ Okay, eu vou tirar muita coisa sua quando eu chegar. 

Pisou no acelerador depois de escutar o que queria. Durante a viagem ela passou a mão pela minha coxa, na verdade tem feito isso com muita frequência, me deixando doida. Essa é uma das tantas coisas que sabe fazer muito bem, me provocar e ainda continuar com cara de inocente. 
Assim que chegamos na minha casa, fui até o quarto buscar seu presente. Em sua mão havia uma pequena caixa, um pouco comprida e achatada. Não faço a mínima ideia do que seja.

~~ O que é isso? - Falei antes de tirar a tampa e me deparar com uma linda caneta preta, em detalhes dourados.
Jennie: Uma caneta, mandei fazer especialmente para você. Para quando for dar seus autógrafos, achei que precisasse de uma. 

Parece algo banal para outra pessoa de fora, mas o fato dela estar me dando essa caneta significa que apoia a minha carreira e isso me alegra muito. Meus olhos lacrimejaram, fingi não ser nada e lhe dei um beijo rápido.

~~ Obrigada. - Acariciei sua bochecha.
Jennie: De nada, meu bem.
~~ Agora é a sua vez e acho que pensamos igual, mas fiquei na dúvida se você já tinha um ou se é passado de geração em geração na sua família. 

Entreguei a caixa a ela, percebendo a sua inquietação e curiosidade. Lhe presenteei com um estetoscópio personalizado, todo preto e alguns detalhes dourados nas partes de metal. Também há a letra de seu nome nele e isso que o torna ainda mais bonito, paguei por fora para fazerem isso, mas mesmo assim não custou muito.

Jennie: Você tá doida? - Falou espantada e eu já esperava tal reação. - Isso deve ter lhe custado uma fortuna.
~~ Pior que não. - Falei de forma simples.
Jennie: Isso custa mais ou menos uns cento e trinta mil wons, no mínimo.
~~ Nossa, eu não sabia que era tão caro assim.
Jennie: Por quanto você comprou?
~~ Perguntar preço de presente é feio. - Me deu um soco fraco no braço. - Tá bom eu conto e ainda digo como comprei tão barato.
Jennie: Estou escutando, pode começar a falar.
~~ Digamos que a uns quarenta mil wons e foi um médico que me vendeu, não é usado e ele me vendeu por esse valor porque o ajudei na correção de um artigo há um tempo. Disse que me devia um favor e eu decidi comprar agora, ele aceitou sem questionar ou se negar, também disse que tinha vários reservas em casa e que não faria falta. - Ela não sabia o que falar, sua cara era indecifrável. - Satisfeita?
Jennie: Estou decidindo se te bato de novo ou se te dou um beijo. Porque ao mesmo tempo que amei o presente, quero te matar por isso.
~~ Eu prefiro o beijo. - Foi exatamente isso que fez - Dorme aqui, aí eu tenho a oportunidade de me despedir de você antes de ir para o aeroporto.
Jennie: Posso pegar alguma coisa sua? Dormir assim não é muito confortável. - Ela vestia uma calça, que provavelmente deve estar bem apertada.
~~ Não precisa pedir, só é pegar.

São três e meia da madrugada, não sinto um pingo de sono, talvez deva ser por conta da ansiedade em voltar, mas ela parece muito cansada. Assim que deitou ao meu lado, me abraçou, colocando a cabeça perto da dobra do meu pescoço. Ali pude sentir sua respiração pesada, poderia jurar que já estava dormindo, mas não

Jennie: Você não vai dormir? 
~~ Como sabe que não estou dormindo?
Jennie: Você fica mais relaxada quando está dormindo e nesse momento está muito tensa. Está ansiosa para viajar amanhã?
~~ Sim. Tenho medo do que pode acontecer lá. Faz muito tempo que os vi.

Abriu os olhos e se levantou o suficiente para me olhar.

Jennie: Pensa assim, dez dias de luta para uma grande recompensa no final.
~~ Qual seria essa recompensa?
Jennie: Sua linda, inteligente e adorável namorada. - Como pode ser tão convencida?! Mas tem razão, ela é tudo isso e muito mais.
~~ Vou te ligar todos os dias, talvez assim eu não surte.
Jennie: Irei esperar todos os dias por uma ligação sua. - Voltou para os meus braços. - Agora podemos dormir?
~~ Podemos. - Beijei o topo de sua cabeça. - Bom sono, Jen
Jennie: Bom sono, Chu.

Consegui pegar no sono muito rápido, acho que só precisava conversar um pouco sobre isso tudo. Mesmo o medo de voltar ainda estando presente, me sinto mais relaxada em relação a isso.