JOSUÉ DEVE MORRER

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Findo o sexto dia do cerco a Jericó, Josué estava em sua tenda, preparando-se para tentar um sono revigorante. Apesar de sua fé inabalável em Deus, não conseguia encontrar a paz necessária na véspera de sua primeira grande prova de liderança. Suas tropas, após todos esses dias fazendo procissões inusitadas, tinham em seu coração a semente da desconfiança. Mas não ele. Sabia que Deus não voltava atrás em suas palavras, e que Jericó cairia em suas mãos. Normalmente ele ficava junto à sua família, mas nos tempos de preparativos para batalhas, preferia ficar a sós em sua tenda de comando, orando e meditando, para realmente preparar o seu coração e seu espírito para os grandes eventos. Aprendera essas lições de Moisés, de quem sentia muita falta.

Após limpar-se e trocar suas vestes, dirigiu-se para o canto da tenda onde costumeiramente orava. Depositou sua espada sobre algumas almofadas, e prostrou-se, buscando novamente em Deus as orientações e a segurança do que estava fazendo.

Benjamin, mesmo não tendo sido destacado para o turno da guarda nesta noite, estava sentado no tronco em frente ao que restava da fogueira no centro do acampamento. Shamir, dirigindo-se à sua tenda, ao perceber o soldado solitário resolveu animá-lo.

- Qual o seu nome, filho?

- Benjamim, senhor.

- Como a guarda está completa, sei que você não foi destacado, então por que está aqui?

- Eu...eu estou sem sono, e resolvi ficar aqui observando as estrelas, para me aquietar.

- Pois eu sugiro que faça isso, mas orando, pois somente nosso Deus tem o poder de trazer tranquilidade ao nosso coração. - Disse o velho, colocando suavemente a mão sobre o ombro do soldado.

- Essa é a mais pura verdade, senhor.

- Sei que o dia de amanhã está trazendo apreensão ao seu coração, mas saiba que não está sozinho nessa aflição. Mas nada tema meu jovem, pois Yahweh lutará por nós. Agora vá e repouse, pois amanhã tomaremos Jericó.

- Com certeza senhor, com certeza. - Aquiesceu Benjamim, recolhendo seu bornal e a espada, e assim rumando para sua tenda.

Mesmo andando na direção oposta, certificou-se de que Shamir não o estava vigiando, e somente então interrompeu sua caminhada, conversando em pensamento com seu traje.

- Velho idiota. Mais um pouco e eu daria cabo dele, pois sua conversa é insuportável.

- Ele, enquanto ancião desse povo retrógrado, apenas expõe as crenças obscuras, nada mais do que isso. - Mentalizou o traje.

- Eu tenho nojo das pessoas dessa época. Não consigo pensar em nada pior do que passar mais tempo aqui.

- Ainda bem que está terminando o sexto dia do cerco, pois agora podemos completar a nossa missão.

- Isso vai ser fácil demais. Teremos de eliminar apenas o guarda que está na lateral esquerda da tenda de Josué, entrar e desintegrar o imbecil que com certeza está dormindo a essas horas.

- Sim, mas lembre-se de que precisamos levá-lo desacordado para longe do acampamento, para só então desintegrá-lo.

- Não precisa ficar repetindo os detalhes da missão. - Zangou-se Rhasmuhz.

- Certo. Mas eu ainda continuo preocupado com a mulher que matou Mhalathan.

- Não ouviu o que disse Lothan, de que ela não tem como saber acerca dessa nossa missão?

- E como então ela encontrou Mhalathan e Bendhorzen no deslocamento que fizeram anteriormente?

- Eu nem havia me atentado para esse detalhe...

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