ARANHAS

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Dharmus foi acordado por Joe, e desta feita era para lhe informar que seria examinado por uma equipe médica. Em seguida as luzes da cela foram gradativamente aumentando sua intensidade, dando o devido tempo para que a vista do prisioneiro se adaptasse à luminosidade. Ainda esfregando os olhos, vislumbrou a presença de cinco pessoas frente a sua cela, mas não soube dizer se eram humanos ou sintéticos.

- Prepare-se para a contenção, prisioneiro!

Devidamente acostumado à rotina, deitou-se com as costas no chão, pés e pernas juntas e mãos justapostas sobre o quadril. De imediato o dispositivo das amarras foi acionado e lá estava ele novamente imobilizado. Uma unidade móvel achegou-se ao vidro abrindo a passagem e ele foi acomodado no veículo que imediatamente partiu, sendo seguido por todo grupo. No percurso olhava atentamente para todos os lados para verificar se havia outros prisioneiros, mas como sempre, não encontrou ninguém em situação igual à sua. E como sempre, todas as pessoas pelas quais a comitiva passava, olhavam atentamente para ele, como se fosse a atração de algum show. Na realidade já se convencera de que realmente significava algo de especial ou ao menos estranho para todos desta colônia.

Adentraram num recinto que à primeira vista lembrava a cabine de comando de uma nave, tamanha profusão de sistemas computacionais que estavam reunidos. Enquanto os membros da equipe se dirigiam para seus postos, tentou entender ao que se destinava o recinto. A sala era grande e as paredes formavam uma figura oitavada. Ao lado da parede na qual estavam instalados os sistemas, viu o que pareciam ser dispositivos associados a intervenções médicas, como maletas com bisturis à laser e outros instrumentos.

- É aqui que vocês consertam os EBS? – Perguntou num tom jocosamente cordial.

- Não Último, esta instalação é toda preparada para você. – Foi a lacônica resposta que obteve do líder do grupo, designado no uniforme como Orwilde.

- Por que vocês me chamam de Último?

- Na verdade porque é assim que sempre nos referimos a você, mesmo antes de lhe conhecer pessoalmente. Tem preferência de ser chamado por algum outro nome, já que ao que parece esse lhe incomoda?

- Meu nome é Dharmus!

- Muito bem Dharmus, seja então bem-vindo ao seu novo lar.

- Como assim, novo lar?

- Bem, pelo tempo que iremos passar aqui juntos podemos dizer que em partes agora aqui é seu lar, e é claro, a sua cela também.

- E o que vai acontecer aqui?

O silêncio que se seguiu à pergunta produziu no prisioneiro a sensação de que ao menos a parte que lhe cabia não seria nada agradável. Após alguns instantes que pareceram uma eternidade, uma mulher, usando traje da mesma cor que Orwilde, chegou-se ao seu lado e apresentou-se a ele.

- Olá Dharmus, é um prazer finalmente conhece-lo pessoalmente.

─ E quem é você?

─ Eu sou Atalantha, cientista chefe desde núcleo e responsável pelo projeto que iremos realizar aqui com a sua ajuda.

- E quem foi que disse que eu quero ajudar vocês em alguma coisa?

- Creio que devido à sua condição atual você não tenha muitas opções, a não ser cooperar.

Durante alguns poucos segundos ambos se encararam, como que a se desafiarem. A cientista então deu as costas ao prisioneiro e iniciou a ditar ordens para diversos integrantes da equipe, e cada qual deles de imediato lhe obedecia. Um deles, vestindo um estanho aparelho que o dotava com quatro braços mecânicos afixados à cintura aproximou-se e iniciou examinando seu pé esquerdo.

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