TRAIDORA

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Um a um, todos os prisioneiros foram postos dentro do módulo de contenção, que nada mais era do que uma nave bélica especialmente preparada para o transporte de prisioneiros de alta periculosidade, e para isso contava com uma série de equipamentos especiais. Cada prisioneiro sentou-se numa poltrona exclusiva tendo o seu colar metálico conectado a um painel que ficava imediatamente atrás da altura do pescoço. Uma vez conectado, vários led's do colar ficaram iluminados indicando que agora a nave tinha pleno controle sobre os dados do prisioneiro, desde suas funções vitais até a tensão muscular que cada um exercia. Tronco, cintura, punhos e tornozelos foram presos por feixes energizados que permitiam apenas o mínimo de movimento corporal, na verdade quase nenhum. Ao final da conexão, o nome completo de cada um deles aparecia flutuando por sobre a cabeça, e por último, um supressor sonoro foi alojado por sobre suas bocas. Dois mini-bots ficavam sobre os ombros de cada um dos prisioneiros, e mais 4 estavam ativados para servirem de reserva em caso de alguma alteração comportamental. Cada um deles estava equipado com micro dardos de energia suficientes para uma sedação instantânea. O piloto e o copiloto eram androides especialistas em pilotagem, para o caso de alguma nave tentar qualquer tipo de resgate.

- Preparando a decolagem. – Disse a voz grave e metálica do piloto.

- Aguardando oficial encarregado da apreensão. – Foi a resposta do copiloto.

Seguindo sua programação, o piloto ligou o sistema de som para que todos no entorno pudessem ouvir sua mensagem. - Oficial de contenção Stormaker apresente-se à nave DN-1402 para partida imediata.

- Hei Storm, estão te chamando na nave!

- Eu sei, mas não vou acompanhar a contenção, não desta vez.

- E quem é que está indo no teu lugar?

Como não obteve resposta à sua pergunta, o oficial parou sua caminhada e virou-se em direção à nave. Percebeu que vários oficiais ainda estavam perto dela, provavelmente certificando-se que o Crédulo sob sua responsabilidade estivesse devidamente alojado. Mas um movimento chamou a sua atenção. Mhadsen caminhava com um pouco de dificuldade, apondo sua mão na altura do rim esquerdo.

- Eu não acredito que você fez uma merda dessas Storm!

- Queria que eu discutisse com o cachorro louco?

Numa rápida corrida o oficial colocou-se lado a lado com ele, e em tom zombeteiro brindou-o com a pérola. – Depois dessa viagem acho que os Crédulos vão reavaliar sua fé.

Assim que Mhadsen adentrou à nave, as comportas foram automaticamente seladas, todas as luzes externas foram ligadas e o motor de propulsão começou a ser energizado. Inserindo o codificador no módulo reservado ao oficial de contenção, Mhadsen recebeu a saudação do piloto.

- Bem-vindo a bordo oficial Stormaker. O comando da corporação o felicita pela sua primeira missão com apreensão e...

- Cale a boca seu tagarela de plástico e decole logo essa nave.

Sem dar qualquer tipo de réplica, como programado, o piloto arremeteu a nave, que em poucos segundos já estava a altura de transito exclusivo das corporações de segurança.

Uma vez estabilizado o voo, Mhadsen sai de sua poltrona e caminhou em direção às duas fileiras compostas de vinte poltronas destinadas aos prisioneiros, dez de cada lado. Quando avistou Dharmus, abriu um sorriso largo, e passou a procurar visualmente por Arthur. Encontrou-o sentado na fileira oposta ao filho, quase que em frente a este, na realidade, uma poltrona para o lado. Sem a menor cerimônia começou a desvencilhar o crédulo que estava sentado ao lado direito de Arthur, mas foi inquerido pelos dois minibots que cuidavam deste prisioneiro. Com meia dúzia de gestos executados sobre a projeção de seu antebraço, emitiu o código que o autorizava a interagir com os prisioneiros. De forma bruta acomodou o crédulo em outro assento, e tendo terminado de conectá-lo, sentou-se ao lado de Arthur.

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