A COZINHEIRA

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- Hei você! - Gritou o soldado logo após a passagem da bela jovem.

Sem parecer assustada, ela simplesmente parou, baixou levemente sua fronte e esperou pela continuidade da interpelação.

- Você é nova aqui?

- Não, meu senhor.

- E como é que eu não lembro de ter visto você antes?

- Não sei dizer...

- O que você faz?

- Eu... eu trabalho na cozinha...

- Se você trabalhasse na cozinha eu já a teria visto.

- Talvez o senhor não tenha me notado... somente isso.

Aproximando-se mais da jovem, o soldado mudou o tom de sua intimidação. - Eu jamais esqueceria um rosto tão formoso!

Agora ela estava com a cabeça baixada, querendo esconder seu constrangimento.

- Qual o seu nome? - Perguntou, desta feita com a voz suave.

- Me chamo Aderet, senhor.

- Um belo nome para um lindo rosto.

Quando deu mais um passo em direção à jovem, o soldado ouviu uma voz enérgica atrás de si.

- Nissan, o que está fazendo aqui?

Virando-se na direção do interlocutor, sabedor de que era o seu comandante, respondeu todo aparvalhado. - Eu... eu estava apenas... verificando esta jovem... e...

- Conheço você muito bem! Pare de incomodar a moça e retome imediatamente as suas funções, que certamente não são ficar flertando aqui, em plena luz do dia no meio do acampamento, não é mesmo?

- Mas senhor, é que eu nunca vi essa jovem aqui e...

- E resolveu engraçar-se com ela, não é mesmo? Volte imediatamente ao seu trabalho!

Nissan obedeceu de imediato, mesmo frustrado, pois a beleza da jovem realmente o encantara.

- E você minha jovem, volte a seu trabalho também, e da próxima vez nem ao menos pare diante desse engraçadinho.

- Sim senhor. - Balbuciou Aderet enquanto se afastava rapidamente.

- Jovens...hum... quem consegue controlá-los? - Ponderou o comandante enquanto tomava o rumo de sua tenda.

Enquanto caminhava rapidamente, a jovem olhava em várias direções, como se quisesse se localizar melhor.

- Aderet... cozinheira... de onde tirou essa ideia Anakx? - perguntou mentalmente o traje.

- O nome eu ouvi de uma escrava no Egito, e o trabalho na cozinha era o que fazíamos quando trajávamos Sekhmet, já esqueceu?

- Bem, o problema com o corpo de Sekhmet que estamos usando é que sua beleza vai chamar muito a atenção em meio a esse povo.

- Não quero trajar um deles agora, pois seria muito perigoso. Eu me recuso a matar um inocente somente para ter facilidade de interação.

- Bem, no Egito você passaria despercebida, mas se olhar as mulheres daqui, verá que elas têm a tez um tanto quanto rústica, castigada, provavelmente pela exposição ao sol.

- Você tem razão. Aquele soldado idiota só faltou me comer com os olhos...

- Bem, não era exatamente com os olhos que ele queria...

- Vou ter de reprogramar a sua interação de humor, pois você está ficando muito engraçadinho para o meu gosto.

- Não custa você descontrair de vez em quando. Cubra seu rosto com o véu, que vou dar um jeito na sua aparência.

ANAKX - O ÚLTIMOOnde histórias criam vida. Descubra agora