Capítulo 25 - Tovell

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Desembarquei há meia hora, estou seguindo para o hotel que reservei, o taxista gosta de conversar, mas meu espanhol é ruim o suficiente para não conseguir manter uma conversa simples.
Apesar do que planejei a princípio não vou ficar muito tempo em Buenos Aires, quero conhecer alguns dos passeios que procurei na internet antes de incluir esse destino, um dos quais estou ansiosa para ver é o Madero Tango, jantar acompanhado de um show de tango.
O taxista me deixa em frente ao hotel depois que lhe pago e ele deixa minha mala na calçada, é uma pousada charmosa perto do centro, respiro fundo antes de seguir para a entrada, que é particularmente linda, o nome na placa está rodeado de trepadeiras com flores em um tom de magenta, entro e logo me encontro com a recepcionista que me cumprimenta animada.
— Com licença, fiz uma reserva há dois dias em nome de Tovell Allen. — digo me recostando no balcão.
— Claro, deixe-me verificar Srta. Allen. — ela diz, seu inglês é bem melhor que meu espanhol.
Espero que ela verifique no computador olho em volta a recepção é acolhedora, tem um sofá creme atrás de mim com algumas almofadas coloridas, plantas nos cantos, vi uma samambaia suspensa perto da janela à minha direita, é um lugar que te faz sentir em casa mesmo eu nem estando sequer perto da minha - o que é uma ironia enorme porque não me sinto mais em casa nas últimas semanas - foi por isso que o escolhi.
— Seu quarto é o cinco, segundo piso, aqui estão as chaves. — ela sorri e pega a chave da parede atrás de si.
— Obrigada. — retribuo seu sorriso. — Pode pedir para alguém levar essa mala? Posso carregar a outra, mas estou cansada e ainda me acostumando ao fuso.
Ela assente e deixo a mala na recepção seguindo para as escadas brancas, o corrimão é preto e de aço fino trabalhado. Acho meu quarto e entro, tem uma janela grande e cortinas brancas, a cama king size, a decoração é quase toda branca, deixo minha mala de mão em cima do baúcinza na frente da cama e vou para a janela, abro as cortinas e olho para fora, me sinto diferente, presa e livre ao mesmo tempo, é estranho, mas não me permito pensar muito sobre isso, minha mente logo vaga para tudo que aconteceu recentemente, toda a confusão e frustração. Tem sido difícil viver com a constante incógnita que é nosso término, mas me recuso a continuar me torturando por isso, é cansativo, destrutivo e uma puta autossabotagem.
Volto para a frente da cama e abro minha mala de mão onde meu secador, escova, escova de dentes e outras coisas de higiene pessoal estão e tiro alguns deles para tomar um banho rápido.
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A temperatura está agradável, não faz frio, mas também não faz calor de uma forma que incomode, trouxeram minha mala logo antes de eu conseguir tomar banho, estou deitada na cama do hotel e acabei de acordar, cheguei no hotel antes das cinco e meia da manhã, tomei banho antes de desmaiar na cama, viro com um gemido para ver que horas são e quase caio da cama no processo, são duas da tarde, enfio o rosto de volta no travesseiro e deixo o celular cair na mesinha de cabeceira, passo mais cinco minutos assim antes de finalmente decidir e conseguir levantar, escovo os dentes e troco de roupa para sair.
Quando chego na recepção é que percebo que está fazendo sol lá fora, cumprimento a recepcionista outra vez e saio para a rua, minha bolsa está transpassada no meu tronco e fica quicando enquanto ando, pesquisei lugares para visitar perto do hotel que escolhi para me hospedar, ando devagar observando as pessoas caminhando próximas, essa cidade é tão linda, eu moraria aqui fácil, fecho os olhos atrás dos óculos de sol quando uma brisa passa por mim, ando um pouco pelas redondezas do hotel antes de parar num parque com brancos de ferro brancos, sento em um deles e tiro os óculos, há pessoas caminhando, adolescentes sentados na grama tocando violão, crianças correndo de um lado para outro. Às vezes me esqueço como a vida pode ser simples e como há felicidade em coisas pequenas, detalhes mínimos, que podemos encontrar paz só de caminhar e sentir o vento balançar nosso cabelo, é bom ser lembrada disso, é bom estar em paz.

Mistérios de uma vida roubadaOnde histórias criam vida. Descubra agora