Capítulo 3 - Tovell

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Íamos fechar a loja mais cedo hoje, era sexta-feira e Laura e eu estávamos exaustas, a semana tinha sido longo e não tão sossegada quanto costumava ser.

- Meus pés agradecem. - diz ela suspirando de alívio e se sentando em uma banqueta próxima ao balcão do caixa.

- Os meus também.

Sai de trás do balcão para virar a plaquinha de aberto/fechado da porta, já tínhamos fechado o caixa de hoje e arrumado nossas coisas para ir para casa. Quando toquei a placa para virá-la vi Kian se aproximar da porta, ele sorriu ao me ver, estava ainda mais bonito desde a última vez que nos vimos, hoje usa apenas uma camisa social branca, calça preta e sua barba está por fazer.

- Já fechou? - pergunta do outro lado do vidro.

- Não, ainda não, pode entrar. - digo abrindo a porta. - Qual a escolha de hoje? - pergunto indo em direção às flores expostas.

- Hm, - ele pensou por dois segundos antes de continuar. - na verdade eu estava pensando, - ele abaixou o olhar sorrindo e era estranhamente adorável. - o que fará na quinta da semana que vem?

A pergunta me pegou de surpresa, eu queria dizer mas é claro, óbvio, vamos agora se você quiser, mas mantive uma expressão controlada.

- Ah...

- Tem algum compromisso marcado? Por que se você tiver...- ele diz passando a mão atrás do pescoço.

- Não! - eu digo rapidamente. - eu quero sim.

Ele sorri para mim.

- Me passe seu número para que eu possa avisá-la do horário da reserva e poder ligar para buscá-la.

- Ah claro, vou anotar para você. - Volto para o balcão onde Laura está sentada atrás ouvindo toda a situação e sorrindo.

Anoto meu número em um cartão da loja e estendo para ele.

- Aqui está. - estava tremendo um pouco, esse homem definitivamente me abalava.

- Obrigada, eu te ligo, até mais. - ele pisca para mim e sai da loja.

Me viro para Laura que tem um sorriso tão grande estampado no rosto que ameaça parti-lo.

- Eu disse que tinha alguma coisa implícita. - ela diz convencida. - Não acredito no que acabou de conhecer. - ela sai saltando de trás do balcão.

- Nem eu! - digo animadamente.

- Você vai, não é? - ela está batendo palminhas.

- Claro. - não era o que eu queria no momento, mas é uma oportunidade que não vou perder, até porque não estamos indo nos casar, é apenas um encontro, minha parte paranóica pensa que ele pode ser um assassino em série por outro lado, apenas fazendo mais uma vítima, silencio ela.

- Vamos para casa imediatamente! - exclama ela. - Precisamos decidir o que irá usar.

Quando percebo ela já está agarrando nossas coisas junto ao peito e chamando um táxi. Fechamos a loja e alguns minutos depois estamos no elevador indo para nosso andar, Laura está mais animada que eu, é perceptível. Não vou em encontros há algum tempo, sempre ocupada demais ou desinteressada demais, sempre me preocupando com outras coisas realmente importantes para conhecer outra pessoa.

Mal posso abrir a porta de meu apartamento que fica praticamente de frente para o de Laura, ela já está se jogando para dentro e marchando em direção a meu quarto. Vou atrás dela e a encontro abrindo as portas do closet e atirando várias peças ainda no cabide em minha direção.

Mistérios de uma vida roubadaOnde histórias criam vida. Descubra agora