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Noite anterior

Enquanto Namjoon e Yoongi invadem o necrotério, Taehyung anda à caminho de sua "casa"

  O garoto passara o dia e tarde andando pelas ruas, comendo comidas tão baratas que o fizeram comer por obrigação. Ou comia, ou morria de fome.

  Ele não se importara tanto, pois estava mais entorpecido que normal pelas drogas. E benditas sejam as drogas por ser a única coisa que cessa os pensamentos alvoroçados do garoto.

  Como já estava ficando tarde, ele pensa no que seria melhor: ir para a casa de Namjoon ou de Jimin, ou dormir em "sua casa".

  Bem, não era uma casa. Era apenas uma garagem velha e abandonada que fazia parte de uma casa que estava desmoronando. Era impossível entrar na casa e sair de lá sem que fosse esmagado pelo teto que desabava aos poucos. Mas a garagem era boa, e Taehyung agradecia por ter encontrado aquele lugar.

  Sem destrancar nenhuma fechadura ou algo do tipo, ele toca na porta da garagem e se prepara para erguer a mesma e então, poder entrar. Mas alguém chama seu nome, em um tom que fez o mesmo se preocupar um pouco até olhar para trás.

  — Então é aqui que vive? — O loiro o responde, passando os dedos no queixo onde uma barba rala estava. Assim que seu sorriso se abre, dentes amarelos e alguns careados fazem o mesmo parecer tão sujo e nojento por fora quanto por dentro. — Ou só achou um lugar pra passar a noite?

  — Eu não tenho dinheiro... ainda... — Taehyung diz pausadamente, tão tranquilo que faz o loiro se encher de ódio. Ele observa que junto do loiro, tinha mais três caras e um carro preto estacionado do outro lado da rua.

  — É claro que não tem. — Responde. — E daqui alguns dias, essas drogas vão acabar. E você não vai ter ninguém. Pensou nisso?

  — Pensei... — Ele responde. — Me dê mais um semana... eu prometo te entregar a gran...

  — O prazo acabou semana passada. Eu soquei a sua cara como um aviso, mas não adiantou nada. O que me resta agora?

  Taehyung ri fraco e umedece o lábio inferior.

  — Eu não tenho nada...

  — É por isso que vai morrer. — O loiro faz sinal com a mão para os três caras, atrás dele, pegarem Taehyung e o colocar no carro. Taehyung não revida, muito menos pensa em algo para fazer o loiro mudar de ideia.

  Taehyung pensava que talvez era isso que ele merecia no final das contas.

***

  E lá estava o garoto em um oficina velha, no meio do nada, com três caras o empurrando ao local.


Em um dos pilares que segurava o lugar, Taehyung é amarrado, chegando a sentir seus braços esmagarem as laterais de seu corpo e lhe deixar agonizado por não conseguir mover nenhum músculo.

  — Olhem a cara dele... — O loiro sorri sarcástico ao garoto preso. — Tá gostando disso, Taehyung?

  — Eu quero que você vá se f...

  — Você quem pediu! Dei um mês inteiro pra você me pagar. E sabe que é bastante grana... — Taehyung escuta, mas não se presta nem para pensar no quanto devia. Não importava mais. — Eu sou um cara que não esquece. E quem não me paga, eu mato sem nem piedade.

  O loiro se engrandece, fazendo os três caras concordarem e lhe darem moral. Aquilo não era surpresa, pois todos faziam parte do mesmo nível.

  — Vai perder todo o dinheiro se me matar, Seung. Eu prometi te dar o dinheiro, não prometi? Só ter paciência...

  — JÁ PERDI A PACIÊNCIA FAZ TEMPO! — Seung faz a voz ecoar pelo lugar. Irritado, querendo que Taehyung parasse com seu jeito tranquilo de lidar com aquilo, força o punho e acerta em cheio o lábio do garoto, que cospe pouco do sangue no chão.

  Gargalhando junto com os outros três, Seung ergue a cabeça do garoto e observa o sangue escorrer de sua boca.

  — Ele cheirou uma das boas, esse filho da puta! — Ele entende. — Eu ia te matar agora, mas não vale a pena. — Ele cruza os braços e continua observando o mesmo lamber o próprio lábio na tentativa de parar com o sangramento. — Vou esperar você voltar ao normal, e depois matar você. — Andando em direção das ferramentas em cima de uma mesa enferrujada, quase em diagonal à Taehyung, Seung pega uma chave combinada grande e volta até garoto com um sorriso no rosto. — Enquanto isso, vou me divertir um pouco...

  A frase foi dita antes do pior começar a acontecer.

  O pobre garoto não tinha escapatória e por isso não implorava para sair e não falava mais nada. Alguns gemidos de dor não conseguia conter e isso fazia Seung gargalhar mais ainda.

  Ele observava seu próprio sangue gotejar no chão, enquanto a dor tomava conta de seu corpo, de seus pensamentos e de sua vida inteira.

  "Vou morrer daqui algumas horas mesmo" pensava ele. Era isso que confortava seu pobre coração acelerado, amedrotado, dolorido e agoniado com tanta dor que sentia.

  Quando o loiro parou de se "divertir", sumiu da oficina assim como os outros, deixando o garoto sem nem conseguir abrir os olhos inchados e roxos.

  — Argh... droga... — O mesmo murmura.
Ele queria chorar, gritar, tentar se soltar dali. Mas o que adiantaria?

  Em poucas horas a abstinência começaria, toda sua vida estava arruinada e morreria logo depois.

  "Então é assim que vou morrer?" Ele se questiona.

  E se fosse mesmo assim, que passase rápido as horas, de uma vez. O céu, ou o inferno, seria melhor do que continuar naquele mundo sem sentindo nenhum.

  Ele sempre soube que o mundo não era nada perfeito. Porém, ainda via algo bom nele, mesmo sendo visto como estranho na escola inteira, mesmo sendo alvo de todos os garotos populares, mesmo sabendo que seu irmão mais velho era melhor do que ele em tudo. E mesmo sabendo que não era para ele estar no mundo, pois sua mãe sonhava em ter apenas um único filho.
 
  "Novamente Taehyung reprovou na escola! Como vai viver no futuro, esse imprestável?!" Seu pai gritava na sala com sua mãe, enquanto o pequeno sempre escutava coisas do tipo em seu quarto, na beliche debaixo, enquanto seu irmão escutava música até adormecer.

  "Vou trocá-lo de escola. Talvez seja esse seu problema" a mãe tentava entender.

  "Não vamos transferir para outra escola! Ele vai aprender a ser um homem, sem choramingar pelos cantos da escola, sem tirar notas baixas!"

  Ele lembra quando um professor o pegou chorando desesperadamente no banheiro masculino. Ele dizia que não sabia o certo de estar chorando. Só sentia uma forte dor no peito, com a respiração acelerada, desesperado, agonizado, pensando em tudo e todas as coisas que lhe afetavam, ditas e feitas pelas pessoas de sua vida.

  O professor aconselhou que o levassem para uma ajuda profissional. Mas quando chegou em casa, apenas apanhou pelo fato de ter chorado e, pela primeira vez, ter falado de seus sentimentos para alguém.

  Quando tinha 20 anos, brigou com seu pai, pois ainda continuava lhe dizendo que seu irmão era melhor, pois estava estudando em outro lugar, arrumando um bom emprego, enquanto ele permanecia sendo alimentado pelos mais velhos.

  E então saiu de casa, sem se despedir.

  Seu pai ignorou o fato de que o mesmo apenas saiu porta à fora, enquanto sua mulher chorava desesperadamente pelo que ocorrera. O velho homem pensou "Ele vai voltar assim que anoitecer". Acontece que Taehyung não aparecera naquela noite, e nem na outra, e nem no resto do ano.

  Ele havia saído e já fazia seis anos que não voltara.

Bulletproof Guys: Hired KillersOnde histórias criam vida. Descubra agora