f i f t y - t w o

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Um ano e meio depois.

— Vamos! – ele disse. – Vai se atrasar.

— Cinco minutos. – pediu com um sorriso pequeno no rosto.

Akaashi suspirou, sorrindo e assentindo, fechando a porta do seu quarto em seguida. Você encarou o espelho, respirando fundo, terminando de passar o batom vermelho, sentindo seus olhos arderem pelas lágrimas que sempre insistiam em sair cada vez que você pensava nele. Malditas lágrimas que sempre estragavam sua maquiagem, se condenava por se tornar assim, que chorava no menor pensamento do passado. Esfregou a única lágrima que caiu pela sua bochecha, bufando e fechando o batom, o jogando no seu estojo de maquiagem.

Akaashi te esperava na sala de estar. Aquela imensa sala da estar, que com certeza daria três do seu dormitório ali, talvez, fazia um bom tempo que não morava mais lá, então o tamanho não era tão mais nítido na sua mente. Keiji se levantou ao te ver ali, estendendo a mão, que foi aceita rapidamente por você. Desceram as escadas, pegando a chave do Impala e indo até o carro, entrando rapidamente. Você não gostava de dirigir ele sem ser preciso – mas tão pouco tinha coragem de se desfazer dele -, então Akaashi dirigiria.

Suas roupas eram sociais. Calça preta, uma regata branca com um pequeno decote, alguns colares e outros acessórios e um blazer também preto, assim como os saltos que usava. Akaashi não estava tão diferente de você, apenas usava tons mais claros. Chegando na galeria de arte, seu corpo paralisou ao encarar o tanto de gente que tinha ali. Pessoas que você não havia mais de um ano.

Kuroo estava ali.

Não conseguia se lembrar da última vez que falara com ele.

— Tudo bem? – Keiji indagou preocupado, colocando a mão no seu braço. – É sua primeira vez de volta, tudo bem se sentir nervosa.

— Não estou nervosa. É quase... nostálgico, fazia tempo que não via todos eles.

Você não sentia-se nostálgica. Triste seria a descrição mais correta.

— São só algumas horas, consegue aguentar algumas horas, certo? – arqueou as sobrancelhas, você assentiu em resposta. – E vai ser um dia bom, afinal, todo mundo veio aqui pra te ver.

— Ver minhas telas. – corrigiu.

— Claro. Como quiser. – ele revirou os olhos, pegando duas taças de champanhe e te entregando uma, você deu um longo gole antes de dar mais um passo adentro.

Desde ele se foi, você não pisou mais em Tóquio. Ficou todo esse tempo vivendo em uma cidade pequena da Espanha, apenas você e suas telas, que agora estavam sendo expostas em uma das maiores galerias da cidade. Kenma havia te deixado tudo. Absolutamente tudo o que ele tinha e ainda ganhava da parte dele no trabalho, mesmo não fazendo nada.

Quem era responsável agora era Bokuto, ele não saiu de da cidade, Kageyama e Tsukishima. Eram quem tomavam as ordens agora. Kuroo também não continuou na cidade, na verdade, você não tinha ideia por onde ele andou todo esse tempo.

A vida havia ficado mais difícil. Não em questões financeiras ou outros problemas relacionados a esse, mas sim na questão de existir sabendo que nunca mais o veria de novo. Não sentiria mais o toque de Kenma contra sua pele e nem sua voz suave invadindo seus ouvidos em uma manhã qualquer. Você não dava mais tanto valor em viver como antes.

Em passos lentos, cumprimentava as pessoas e agradecia pelos elogios que te davam conforme passavam pelo corredor, conversando brevemente com alguns que puxavam assunto, passando os olhos por suas obras penduradas na parede. 

Todas eram sobre ele. Ou relacionadas a ele. Algumas especialmente feitas para seu irmão e outra para a avó de Kenma, era um quadro grande com a face da mulher perfeitamente pintada no modo realista. Você havia ficado um tempo com ela depois que Kenma havia ido, ela estava em uma pequena casa na Bulgária, ficou lá alguns meses, até a mesma também falecer em algum ponto.

𝐃𝐎 𝐍𝐎𝐓 𝐅𝐎𝐑𝐆𝐄𝐓, kozume kenmaOnde histórias criam vida. Descubra agora