𝐨𝐧𝐞

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Aviso de gatilho: violência extrema, tortura explícita.


Quatro anos depois

Bogotá, Colômbia, 14h33

O calor. Aquele maldito calor que impossibilitava o uso de mangas compridas e calças. Kenma odiava ali. De todos os lugares que ele foi nos últimos cinco anos, a América Latina com certeza era seu menos favorito, quente demais, insetos demais. Colocou uma blusa preta e um shorts da mesma cor, pelo menos podia sempre usar chinelos como gostava de fazer. Se encarou no espelho brevemente, ele não parecia mais o mesmo. O cabelo passava dos ombros e as mechas loiras não estavam mais ali, ele estava moreno de novo. Os lábios rachados e as olheiras fundas pareciam piorar a cada dia. Não tinha o que fazer. Prendeu o cabelo em um coque alto, pegando as chaves da casa e o celular, colocando no bolso do shorts e saindo de casa.

Kenma respirou fundo, sentindo o cheiro de maconha vindo de alguma casa vizinha e o cheiro maravilhoso de torta de maçã, sua preferida. Alguém sempre fazia nas tardes de terça-feira e ele sempre ficava com a barriga roncando. Deu de ombros, olhando para os dois lados da rua que vivia no momento, atravessando-a e começando a descer o morro.

As ruas de Bogotá, especialmente do bairro pobre que Kenma morava era apertadas demais para carros passarem, então ele tinha que ir andando para os lugares os quais mandavam, mesmo não sendo tão longe, Kenma odiava ter que andar pra lá e pra cá o dia todo. Sentia falta do Impala. Depois de mais de quinze minutos andando naquele sol infernal que ele sempre condenava mentalmente, entrou no restaurante, saindo pelos fundos em outra rua e entrando na grande casa que foi chamado, suspirando ao ver os homens chatos que tinha que conviver no dia a dia. Sinceramente, Ukai poderia ter um lugar melhor para manda-lo. Cumprimentou os poucos, indo direto falar com o chefe dali.

— O meu favorito chegou! – o homem disse animado, Kenma não respondeu nada. Mas ter seu saco puxado assim por um dos maiores da máfia colombiana aumentava levemente seu ego. – Tem coisa importante para fazer hoje, mas primeiro, Ukai está a caminho daqui, o busque no aeroporto para mim.

— Agora?

— Sim, agora. Pode pegar meu carro.

Kenma assentiu, pegando as chaves que o homem jogara no ar e indo em direção a garagem, entrando no carro e saindo rapidamente ali. Desde que havia supostamente morrido, não tinha visto Ukai desde então e realmente precisava falar com o loiro, não aguentava mais pular de país em país, fazendo o trabalho sujo de outros homens que não tinham coragem o suficiente pra isso. Chegando no aeroporto, não demorou muito para avistar Ukai, o levando até o carro.

— Não tenho tanta hospitalidade aqui. – ele resmungou, entrando no carro. – Odeio esse lugar.

— Onde você andou? – Kenma perguntou, cerrando o cenho. – Eu fiquei três anos esperando uma resposta sua. Ainda estou.

Ukai umedeceu os lábios, encarando Kenma e dando de ombros, acendeu um cigarro em seguida, voltando a olhar na face neutra do moreno. Um sorriso largo surgiu em seu rosto, Kenma ficou confuso.

— Quanto tempo não nos víamos! – disse, ignorando totalmente as palavras de antes. – Quando foi a última vez? Ah, certo, eu te tirando daquele caixão. –Ukai gargalhou. – Ainda não me canso de te chamar de louco por se propor a fazer aquilo, digo, ser enterrado vivo! Loucura, Kenma, você realmente me surpreende. – tragou, soltando em seguida. – Mas então? Como tem sido a vida? Aposto que divertida, as mulheres colombianas são lindas, deve estar aproveitando.

— Você é um desgraçado. – Kenma suspirou, encostando a cabeça no banco. – Eu quero saber quando eu vou poder embora, Ukai. Já fazem cinco anos, o combinado foi três.

𝐃𝐎 𝐍𝐎𝐓 𝐅𝐎𝐑𝐆𝐄𝐓, kozume kenmaOnde histórias criam vida. Descubra agora