— Quer segurar? - perguntou ao ver Kenma escorado na porta, de braços cruzados e te encarando com um pequeno sorriso no rosto.
— Não... Não acho que é boa ideia.
— Vai me dizer que está com medo de segurar um bebê?
— Não é medo, só não quero deixar ele cair. - murmurou, desviando o olhar.
— Acredita nisso, Haru? Ele tem coragem pra segurar um fuzil e nenhuma pra segurar você. - afinou um pouco a voz ao falar com o pequeno, ele certamente não entendia, mas soltou um sorriso brincalhão. - Senta na cadeira, eu coloco ele no seu colo.
— Tem certeza?
— Você não vai derrubar ele, Kenma, senta ali logo!
Ele suspirou, sentando-se na cadeira que tinha ao lado do berço. Você mandou ele arrumar as mãos, colocando Haru no meio de suas pernas, com as mãos o segurando. Precisou prender o riso ao perceber o quão assustado Kenma estava, encarando o menor de olhos arregalados, sem mexer um músculo.
— Ele é tão pequeno. - sussurrou.
— Eu também disse isso. - deu risada, se aproximando dele. Ajoelhou no chão, sentando nas próprias pernas. - Viu? Não tem nada pra ter medo, Haru é calmo.
— Definitivamente não puxou Bokuto.
— Nem de longe. - deu risada, deslizando o indicador pela bochecha de Haru. - Tenho vontade de esmaga-lo de tão fofo.
— Não diga isso enquanto ele está no meu colo.
— Medroso.
— Fique quieta.
— Não negou.
— Quieta.
Seus olhos reviraram, dando o dedo do meio para ele, Kenma te respondeu com uma piscadela. Lentamente, tirou seu celular do bolso, tirando uma única foto dele com Haru. Ele já não estava tão mais tenso como antes, agora tinha o menor mais próximo ao corpo, usava o indicador para brincar com a mão de Haru, que apertava com o máximo de força que conseguia, mesmo que fosse quase nula.
Você encostou sua cabeça no berço, respirando fundo e sentindo-se mais cansada a cada segundo que passava. A verdade é que Kenma não dormia tão bem, como costumava. Toda a madrugada ele parecia ter pesadelos e se tornou comum você acordar com ele te apertando ou fazendo algum barulho alto, então você não dormia na maioria das vezes.
Não por conta do que ele fazia, poderia voltar a dormir rapidamente, nunca foi um problema pra você. Mas ficava acordada mesmo com ele dormindo, acariciando seus cabelos ou alguma parte do seu corpo, o abraçando quando começava de novo.
Não sabia se ele tinha consciência do que fazia. Todavia, ele sabia que estava dormindo cada vez pior e acordando cada vez mais cansado, mas vocês nunca comentaram sobre o assunto.
Ao sentir seu corpo sendo carregado, abriu os olhos lentamente, o vendo te levar para fora do quarto de Haru e ir até o dele. Te colocou gentilmente na cama, depositando um beijo na sua testa e te cobrindo, saindo do quarto em seguida. Cansada demais pra qualquer coisa, apenas dormiu.
Kenma desceu as escadas, encontrando Koutaro na cozinha. Conversaram sobre o que ele tinha que resolver, mas o moreno alertou que não podia sair da residência, Bokuto disse que não havia problemas, conseguiria resolver tudo o que precisava lá, mandaria alguém trazer os materias.
Um longo suspiro saiu dos lábios de Kozume, mais cansado do que o dia anterior, mesmo tendo uma noite de sono longa, ele apenas queria se deitar com você, o que não seria possível agora.
Palmer, Alasca, 16h45
Colocou a quinta camada de roupa, murmurando tantos xingamentos que se perdia na fala.
Era como um ritual todas as vezes que Tetsuro saia de casa, colocava roupas até não conseguir se mexer pelo tanto de tecido e amaldiçoava o clima até não pensar em mais nenhum xingamento possível e no fim sempre se perguntava ''O que eu ainda faço aqui?''.
Mas ele sabia a resposta.
Ele ainda estava ali porque não tinha um pingo de coragem de voltar para o Japão e encarar tudo, ainda do mesmo jeito, mas sem ele.
Kenma foi a primeira pessoa, em sua vida toda, em quem Kuroo realmente conseguiu confiar e manter uma relação de amizade. Perder ele foi como perder seu braço direito. Não tinha mais propósito ficar lá sem ele. Tudo o que haviam construído na cidade apenas tinha se realizado porque um teve a ajuda do outro.
Claro, ele não achava justo deixar Koutaro pra trás, mas ele sabia que ele conseguiria se virar sozinho, sempre foi mais inteligente do que aparentava e o platinado também entendia completamente o lado do amigo.
Talvez voltasse algum dia, mas ainda não tinha planos para tal coisa, ainda doía.
Assobiando alto ao trancar a porta, ouviu os latidos felizes de longe, se agachando e esperando sua única companhia chegar. Havia achado o cachorro se afogando em uma parte quebrada do gelo de um lago, não era a ideia ter um, mas ele não conseguiu deixar o bicho para trás, então estava junto dele fazia quase um ano.
Ele era um husky siberiano preto e branco, não tinha nome, apenas o chamava de ''cão''.
— Vai comigo no mercado? - perguntou com a voz brincalhona, tirando os flocos de neve presos no pelo, Kuroo ganhou uma lambida no rosto como resposta. - Vou comprar aquela ração que você gosta e você vai tomar banho hoje. - deu risada ao perceber a reação negativa. - Não faça essa cara pra mim, sabe que não adianta.
Se levantou, estalando os dedos ao andar, olhando para trás pra ter certeza que o cachorro o acompanhava. Foi até o mercado, Cão ficava sentado na entrada, o esperando. Comprou o que precisava e indo direto na sessão de alcóolicos, onde ficava tempo demais procurando o que queria.
— Eu achei que você ia parar de beber.
Deu risada ao ouvir a voz fina, colocando a garrafa de uísque de volta na prateleira e se virando, encarando Clarke, que tinha as tranças de sempre e as mãos na cintura, o encarando brava. Ela tinha doze anos, conheceu Kuroo ocasionalmente em um dia qualquer em um dos poucos parques da cidade, mas o conheceria de qualquer maneira, Palmer não é uma cidade grande, tinha pouco mais de cinco mil habitantes, então todos se conheciam ali.
— Achou por quê? - arqueou as sobrancelhas. - Quando eu disse isso?
— Na minha festa de aniversário mês passado!
— Cacete, baixinha, nem lembro, provavelmente eu estava bêbado. - provocou, a fazendo revirar os olhos.
— Primeiro: não fala ''cacete'' perto de mim, eu sou criança! E segundo: não me chama de baixinha, eu sou criança!
— Continua sendo baixa perto de mim e eu tenho certeza que quando não for mais criança, ainda vai ser baixinha.
— Tetsuro, você é muito chato. - resmungou.
— Eu sei. - riu, pegando a garrafa de uísque de novo e colocando no carrinho. - Que tal eu te comprar um chocolate e você fingir que não me viu pegando essa garrafa?
— Dois.
— Dois o que?
— Dois chocolates.
— Você quem manda, baixinha.
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𝐃𝐎 𝐍𝐎𝐓 𝐅𝐎𝐑𝐆𝐄𝐓, kozume kenma
Fanficarte pertence à @hye_.xa no instagram! A vida de [Nome] nunca foi tão pacata assim. Sempre lugares novos, pessoas novas e aventuras novas. O que não esperava é que não teria um dia de sossego depois que o meio loiro entrara em sua vida, o que já era...