Cidade de Las Noches, Espanha, quatro semanas atrás.
Zaraki Kenpachi não se lembrava qual tinha sido a última vez que precisara usar toda sua força para conter um golpe direto. Os primeiros minutos de sua luta contra o gigante Yammy Liargo já deixavam claro que não se tratava de um adversário qualquer. Sorriu com a expectativa de que aquele cara lhe proporcionaria a luta que tanto desejava.
– Não que importe, mas me pergunto como o Aizen conseguiu transformar você nessa montanha de músculos?
– Está falando do meu poder?
– Na verdade, eu queria saber se você lutou contra ele, ou se foi de outro jeito.
– Você não tem tanto tempo assim de vida pra eu te contar como foi, magrelo de tapa-olho!
– Ah, não tenho?
– Não! - gritou o bandido e avançou veloz, desferindo vários socos.
Zaraki não conseguiu se defender de todos aqueles ataques. E o choque de cada pancada ao invés de preocupá-lo o deixava mais eufórico. Estava só aguardando pelo momento de sacar o antiquado 38 e fritar os miolos daquele bandido. Mas, de repente, ele teve um estalo, ao se lembrar que estava sem munição. O tiro que ceifara a vida de Nnoitra, o número Cinco, tinha sido sua última bala. Essa breve distração permitiu que o adversário o atingisse com uma pancada na nuca, e por pouco ele não se chocou contra o chão arenoso. Aguentou o tranco e começou a se erguer, com um sorriso sádico brotando no canto da boca.
– Até que para um inseto, você sabe se defender, magrelo! Não preciso de mais do que um soco para derrubar qualquer pessoa, mas você já levou uns quinze!
– Impressionante você saber contar até um número tão alto.
– O quê, seu bastardo?! Está me chamando de burro? Por que tanta confiança, hein? - gritou, atingindo socos mais potentes. – Tá achando que pode ganhar essa luta? Você é louco?
– Louco? Talvez eu seja... - e dando um passo curto para trás, Zaraki se esquivou e contra-atacou na sequência, acertando um soco no queixo de Yammy, deixando-o desorientado.
– Maldito!
Enquanto o adversário, possesso de raiva, reclamava do ataque recebido, Zaraki precisou ser realista e admitir que se não fosse o anestésico que tinha ingerido - uma toxina ilegal, que ele adquiria no submundo das drogas, e que obliterava quase completamente a sensação de dor - ele já teria perdido a consciência.
Não entendo como é possível, mas parece que esse cara está ficando maior a cada minuto. Só que isso tem que ter um limite. Preciso aguentar até que ele chegue no limite e comece a voltar ao tamanho normal.
A luta contra Nnoitra deixara Zaraki com um ferimento sério no pescoço, mas ele sabia que não tinha chegado ao próprio limite ainda. Podia não ter lido os dossiês sobre aqueles adversários, mas os cinco colegas derrubados ali eram a evidência de que estava enfrentando um monstro. Não poderia se dar ao luxo de ser displicente. Vencer exigiria não apenas sua mítica resiliência física como um mínimo de estratégia.
– O que foi, magrelo? Já tá pedindo arrego?
– Eu pedindo arrego? Mais fácil encontrar um piolho na galáxia do que eu fazer uma coisa dessas!
– Cansei dessa sua conversa complicada! Vou arrancar sua cabeça!
E Yammy surrou Zaraki com tudo que tinha. Socos, chutes, encontrões, cabeçadas. Por vezes, Zaraki cambaleava, fechava os olhos, apoiava-se em um dos joelhos. E quando o mundo ficava tingido de vermelho, ele esfregava o braço nos olhos para limpar o sangue que brotava dos ferimentos.
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Vítimas do Dever
FanfictionQuando a investigadora Yoruichi Shihouin descobre que seu amigo, o cientista Kisuke Urahara, está sendo acusado de ter realizado um terrível experimento em oito pessoas, ela decide ajudá-lo, porém, Byakuya Kuchiki não aprova essa decisão e fará de t...