Capítulo18

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Ichigo ficou aterrorizado diante da cena do homem da cicatriz tendo a lateral do corpo brutalmente atingida pela cimitarra do bandido.

Tão perturbado quanto o universitário, Renji gritou:

– Capitão Zaraki!

O traje militar do capitão só não foi completamente perfurado pela lâmina afiada por causa de seu revestimento duplo. Entretanto, apesar da potência do ataque sofrido, Kenpachi mantinha a cabeça erguida e a postura retesada, e fitava o oponente, sem demonstrar temor.

Nnoitra exibia um riso sádico, convicto de que só precisava aumentar um pouco mais a pressão para partir o corpo daquele policial irritante ao meio. No entanto, Kenpachi se moveu com inesperada rapidez, acertando um soco cruzado no rosto do bandido, que o arremessou para o lado e o fez soltar o cabo da cimitarra, a qual permaneceu enganchada no traje do policial.

Arrancando a lâmina de si, Kenpachi se aproximou do bandido derrubado e falou:

– Sua técnica de luta é muito boa, mas você é indisciplinado demais. Até parece um animal desesperado fugindo de um incêndio na floresta.

Estirado no chão, Nnoitra murmurou:

– Indisciplinado? Hunf! Aquela infeliz vivia me dizendo isso...

O policial chegou a franzir o cenho, mas, sem fazer questão de entender o lamuriar do bandido, engatilhou a arma e apontou na direção da garganta dele, mas então foi a vez do criminoso se mover com rapidez inesperada. Kenpachi o perdeu de vista, mas ainda assim conseguiu bloquear um chute alto e, na sequência, vieram outros golpes.

– Hahahaha... Você ainda consegue lutar? Mas que sorte a minha! - deleitava-se o policial, atacando e se esquivando no mesmo compasso alucinado que o bandido socava e atacava.

O confronto se estendeu por algum tempo ainda, Renji e Ichigo não conseguiam desviar os olhos da luta, policial e bandido pareciam dois insanos, mas, enfim, Nnoitra conseguiu acertar um tiro em Kenpachi, que pegou de raspão no pescoço e por questão de centímetros ele não teve uma das veias jugulares atingida.

– Ho... Outro desses pode acabar me matando...

Nnoitra percebeu que Kenpachi iria atirar, mas ainda assim se lançou contra ele, confiante na resistência de sua compleição modificada. Assim, esse ataque insensato e suicida o fez ser alvo de um tiro certeiro. Graças aos sentidos amplificados pela droga desenvolvida por Aizen, Nnoitra foi capaz de acompanhar a trajetória da bala como se em câmera lenta. Podia vê-la voando em direção ao seu peito, mas não podia fazer nada para evitá-la. Soube então que aquele seria o seu fim.

Nesse breve lapso temporal, Nnoitra pensou que apesar das diversas represálias que ouvira de sua ex-colega de equipe, Nelliel Tu Oderschvank - a quem ele havia assassinado pelo simples motivo de não suportar a ideia de que ela fosse mais forte que ele -, ele não se arrependia do modo desregrado que vivera aqueles últimos anos. Os poderes que Aizen lhe dera permitiram que ele saciasse seu vício por lutas e sede de sangue. Lutar era o que o motivava e ele ansiava ser morto exatamente daquela forma: com um único tiro, certeiro e implacável, que aniquilasse sua alma antes que seu corpo tombasse no chão.

Renji e Ichigo mal acreditavam no que tinham acabado de presenciar. Kenpachi estava em clara desvantagem, parecia a ponto de ser derrotado e, de repente, virava a luta daquele modo surpreendente.

– Eu não disse? Para o capitão Zaraki isso é diversão... - Renji comentou e antes que Ichigo se pronunciasse, ele correu em auxílio de seu antigo oficial superior. – Tudo bem, capitão?

– Achou que eu fosse perder, Abarai? - rebateu o veterano, apertando o ferimento no pescoço.

– Nem por um momento... Mas esse sujeito era durão!

Vítimas do DeverOnde histórias criam vida. Descubra agora