Capítulo 4

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Já passava das sete e, depois de um dia de muito calor, a noite estava abafada. Byakuya ainda seguia à procura de Yoruichi e não hesitaria em virar a noite nessa busca caso fosse necessário. Ele já contatara vários de seus colaboradores de investigações, mas ninguém lhe fornecera nada relevante.

Um tanto descontente, ele resolveu seguir a um de seus refúgios, onde poderia raciocinar com tranquilidade e também degustar um excelente chá. O local em questão era um restaurante especializado em culinária italiana, mas que oportunamente também se adequara ao público de origem nipônica da região. Sendo um membro da prestigiada família Kuchiki, Byakuya contava com uma mesa reservada nesse restaurante a qualquer hora.

Chegando ao local, ele foi atendido com a prontidão de costume e apenas precisou dizer que queria a mesa de sempre. Um garçom o conduziu até o lugar, mas logo foi dispensado, naquele momento, ele não queria nada além de privacidade. Uma vez acomodado, Byakuya voltou a pensar no problema. Sentia-se indeciso se devia por em prática uma ação deveras drástica. Contudo, ao recordar do modo como Yoruichi parecia perturbada quando falou com ela pelo telefone, julgou que ser drástico seria a única forma de descobrir algo.

Decidido, pegou no bolso de dentro de seu terno um pequenino invólucro dentro do qual estava guardado um microchip. Não se preocupou de estar sendo observado, pois na ala reservada no qual se encontrava não havia ninguém além dele. Pegou o aparelho celular, tirou o chip comum que nele estava e então inseriu o microchip em seu lugar. Depois de tudo remontado, ele efetuou uma chamada.

Em poucos instantes, uma voz artificial atendeu, informando: "Essa é uma linha privativa. Digite sua senha."

Ele digitou uma sequência de seis dígitos e logo depois escutou uma voz conhecida, saudando-o: "Boa noite, senhor Kuchiki. Em que posso ajudá-lo?"

Ciente de que era o gerente de uma das maiores instituições financeiras do país, Byakuya respondeu:

– Boa noite, senhor Dawson. Preciso que faça uma consulta para mim.

"Que tipo de consulta, senhor Kuchiki?"

Byakuya podia captar o nervosismo do homem e o motivo era mais que justificado visto que sempre que ele recorria àquela linha sigilosa não era para tratar de assuntos ordinários.

– Quero que consulte a movimentação financeira dos Shihouin... - ele dizia, mas o bancário o interrompeu.

"Dos Shihouin? Não, senhor Kuchiki, lamento muito, mas não será possível."

– Está dizendo que vai me negar esse pedido, senhor Dawson?

"Entenda, senhor Kuchiki, a senhorita Yoruichi ficou muito zangada da última vez..."

Antes que o homem concluísse sua justificativa, Byakuya o interrompeu:

– Preciso apenas que o senhor verifique se houve alguma movimentação atípica nas últimas semanas, algum valor muito alto, algo em torno de quinhentos mil e um milhão.

"Um milhão?" abismou-se o bancário. "Mas uma transação assim, de uma hora para outra, deve ter sido cifrada, se eu acessar esses registros, serei fatalmente descoberto."

– Vejo que está precisando de uma motivação para por à prova toda sua capacidade, senhor Dawson. Que tal essa, se ao menos não tentar atender minha solicitação, eu acho que vou ter que encerrar a minha conta no seu banco.

A primeira reação do bancário foi um grunhido assustado, então ele disse:

"Tudo bem, eu vou tentar, senhor Kuchiki."

– Eu sabia que podia contar com sua colaboração, senhor Dawson.

Pelos sons que Byakuya podia captar do outro lado da linha, de teclas sendo digitadas num ritmo apressado, ele soube que o bancário estava efetuando a consulta.

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