Capítulo 8

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No Hospital Madison, Byakuya e Yoruichi observavam pela parede de vidro o mesmo quadro desolador que Kuukako Shiba presenciara dias atrás, com os oito enfermos sedados e amarrados aos leitos, quando a doutora Retsu Unohana se aproximou deles. E ela vinha acompanhada de uma mulher muito alta.

– Boa tarde, Shihouin-san, Kuchiki-san - saudou a médica, curvando-se levemente. – Conhecem a senhorita Kotetsu Isane?

– Muito prazer em conhecê-los - cumprimentou a mulher alta.

Yoruichi e Byakuya se curvaram em saudação.

A doutora Retsu era uma mulher que aparentava estar perto dos quarenta anos. Tinha a pele muito clara, olhos azuis e longos cabelos castanhos, os quais ela costumava manter ajeitados em uma trança - e quando não estava trabalhando, gostava de deixar a trança invertida, caída à frente do corpo. A alta Isane tinha olhos escuros, pele clara e seus cabelos, de um loiro pálido, eram cortados na altura da orelha. Ambas estavam munidas de uniformes hospitalares e Isane trazia uma prancheta no braço.

Dirigindo-se à médica, Yoruichi indagou:

– Unohana-sama, por quanto tempo eles ainda vão continuar assim?

– Minhas sinceras desculpas, Shihouin-san. A senhora e o senhor Kuchiki depositaram sua confiança em mim, mas, infelizmente a situação desses pacientes está em um ciclo destrutivo.

– Ciclo destrutivo? - repetiu Byakuya.

– Sim, senhor Kuchiki. Quando eles estão totalmente despertos, os níveis anormais de adrenalina em seus organismos logo os deixam em estado de fúria. Se os deixo sedados, seus corpos entram em estado de degeneração acelerada, rejeitando os soros e as vitaminas que deveriam mantê-los nutridos. Tudo que tenho feito tem sido mantê-los despertos e sedados o bastante para que eles não se ataquem, mas isso os está matando gradativamente.

Yoruichi cerrou um dos punhos com uma expressão de angústia.

– A senhora tem alguma esperança de curá-los? - perguntou Byakuya.

Unohana fitou os dois policiais demoradamente antes de responder.

– Receio que a cura esteja além das minhas capacidades. Nesse momento, estou ministrando um novo procedimento, mas se isso não surtir efeito, solicitarei que eles sejam transferidos a um hospital psiquiátrico. Livres dos sedativos eles podem sobreviver por mais tempo, mas precisarão de vigilância constante.

Byakuya e Yoruichi se entreolharam.

– Eu lamento muito - disse Unohana com pesar.

Um pouco depois, a doutora e a mulher alta se retiraram e Yoruichi tomou um dos acentos de uma fileira de cadeiras ali no corredor. Byakuya se aproximou e ficou perto dela, escorado à parede.

– Precisamos das câmaras... - disse Yoruichi.

– Não ouviu o que ela disse? Sedados eles morrem por desnutrição.

– Acontece que nas câmaras eles não estarão sedados. O metabolismo entrará em um ritmo absurdamente lento. Hibernando a pessoa não precisa se alimentar. Um dos objetivos do projeto é justamente economizar com alimento.

– Acredita mesmo que isso seja possível?

– Não inteiramente, mas não podemos ficar de braços cruzados, esperando acontecer o pior. E não esqueça o que você prometeu.

– Não esqueci, mas não fale como se ter recorrido à Unohana tivesse sido um erro.

– Não foi um erro. Se não fosse por ela, eles já podiam estar mortos nas mãos daquele médico esquisito. Mas ela mesma acabou de dizer que não sabe como curá-los.

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