Capítulo 20

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Cidade de Las Noches, Espanha, quatro semanas atrás.

No banco de trás do jipe, bem ao lado da maca onde Rukia estava imobilizada e à base de sedativos, Ichigo fitava a extensão sem fim de solo arenoso, e se perguntava se ainda faltava muito para chegarem a um hospital. Mesmo que a médica ali com eles, Retsu Unohana, tivesse garantido que os sinais vitais de Rukia mantinham-se estáveis, ele não se sentiria tranquilo até estarem fora daquele campo de guerra.

Seguiam todos quietos e certa aflição pairava no ar, quando o carro simplesmente perdeu seu movimento em um forte tranco, como se uma força invisível o segurasse.

– O que foi isso? - exclamou a médica.

No sé! No entiendo! - disse o soldado Ramirez, afundando o pé no acelerador.

O jipe era aberto dos lados e não tinha vidros, apenas uma cobertura de arames e lona.

– Tem alguma coisa segurando a gente! - Ichigo alardeou.

– Mas como assim? - rebateu Retsu.

Disposto a descobrir o que se passava, o soldado desengatou o carro e desceu apressado.

Ichigo teve um mau pressentimento, preocupado com a possibilidade de ser um dos estranhos inimigos. Instantes depois, ele escutou um tiro, então seus olhos arregalados acompanhavam o corpo do espanhol tombar inerte, com um buraco de bala no peito. E, ao se dar conta disso, a médica gritou horrorizada.

Na mesma hora, um forte instinto fez Ichigo reagir muito depressa. Em questão de segundos, ele puxou a arma que estava dentro da mochila - aquela que tinha o nome de Zangetsu -, e saltou do jipe com essa arma engatilhada.

– Isso é inútil.

Ichigo reconheceu a voz antes de localizar a posição exata do atirador. Era a voz grave e arrastada daquele rapaz de cabelos escuros e olhos verdes, Ulquiorra. Já tinha esquecido dele, mas ao vê-lo ali, lembrou que Grimmjow não o matara, apenas o tirara temporariamente de combate.

– Você não devia ter desperdiçado sua chance de fugir... - continuou Ulquiorra. – Morrer agora e tão perto de alcançar um lugar seguro será muito mais frustrante.

Tendo aprendido a lição de que contra aqueles adversários era matar ou morrer, sem qualquer hesitação, Ichigo atirou. No entanto, diferente do que acontecera com o criminoso de cabelos azuis, Ulquiorra não foi abatido pelo tiro de Zangetsu. A bala o acertou no peito, mas ao invés de transpassá-lo, escorreu ao chão como se tivesse colidido com uma rocha.

– Interessante... Foi com essa arma que você matou o Grimmjow?

Ichigo ficou tão desconcertado que não disse nada. Os dois se encaravam e assim não perceberam quando a médica se moveu furtivamente.

Foi então que Retsu golpeou o pescoço do criminoso com uma seringa. Apesar de grossa, a agulha se entortou inteira contra pele impenetrável de Ulquiorra. E com isso a médica acabou se ferindo com a agulha entortada, e desabou no chão com a mão vazando sangue.

– Mulher ridícula! Por acaso não viu que mesmo um tiro não me feriu? O que achou que iria conseguir com isso?

Aproveitando-se da momentânea distração, Ichigo cobriu a distância que o separava do adversário e mirou a cabeça dele. Mas antes que ele pudesse atirar, Ulquiorra sumiu de sua vista. Ichigo olhou ao redor, procurando-o em desespero, mas, repentinamente foi golpeado e caiu de costas no chão.

– Muito lento... Posso acabar com você em um piscar de olhos. A diferença entre a minha força e a sua é tão grande quanto a distância entre o céu e a terra.

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