Durante a tarde daquele dia, quando Ichigo dirigia rumo ao departamento de polícia para devolver o celular da policial Rukia, ele fantasiava consigo a possibilidade de uma aproximação com ela, ainda que algo em seu íntimo tentasse o advertir para que não se iludisse tanto. A pequena exibia um aspecto jovial, mas claro que era uma mulher feita. E o que uma mulher feita iria querer com um garoto estudante como ele? Foi por isso que ele ficou tão surpreso, e empolgado, quando Rukia quis pegar uma carona com ele e muito mais ainda quando ela o chamou para comer naquele restaurante mexicano. As coisas seguiam até melhores do que ele tinha fantasiado.
Ao adentrarem o El Mariach, ele achou o lugar bem aconchegante. Bonitas luminárias coloridas decoravam o ambiente, as mesas eram largas e os acentos estofados revestidos de veludo bordado, mesclando tons de dourado, vermelho, verde e preto. Em pouco tempo, Ichigo percebeu que o atendimento era excelente e idealizado para deixar os clientes muito à vontade. A comida era farta e de qualidade, apenas quanto ao preparo, ele julgou um tanto apimentado demais, pois era adepto de uma culinária mais light e menos calórica, no entanto, não chegou a achar a comida ruim, e na companhia daquela pequena beldade a estada ali foi simplesmente ótima.
Os dois conversaram muito e sobre muitas coisas, sem nem sentirem o passar do tempo. Rukia se mostrava descontraída e ouvia com aparente interesse tudo que ele falava - ele não se recordava de já ter cativado tanto a atenção de uma garota, exceto apenas por Inoue, mas com Inoue isso era mais exagerado visto que ela o venerava e isso sem exagero.
Na hora de pagar, Ichigo quis arcar com toda a despesa, naturalmente, mas Rukia não deixou, nem mesmo a parte que a ele cabia, alegando que não era certo ele pagar se fora ela quem o convidara. Como esse argumento não o convencesse, Rukia explicou que ela tinha uma conta com o estabelecimento e como sempre pagava adiantado, ainda dispunha de um bom crédito para usar, com isso, ele se deu por vencido.
Depois que saíram do restaurante, eles caminhavam vagarosos até o local onde, horas atrás, Ichigo deixara estacionado seu Mazda 3. Quem os visse naquele momento dificilmente pensaria que eram duas pessoas que haviam se conhecido naquele mesmo dia, pareciam mais amigos de longa data e, para os mais românticos, até passariam por um casal.
– Wow! - exclamou Ichigo, fitando seu relógio de pulso. – Rukia, já passa das nove! Ah, me deixa te levar pra casa.
– Por quê? Tem medo de que eu seja assaltada?
– Não, isso não. Tenho até pena do ladrão que tentar assaltar você.
Rukia deu um riso contente com o comentário e Ichigo continuou:
– Não notou como esfriou e como a noite está escura? Está parecendo que vai chover...
– E daí? Você acha que eu sou feita de açúcar? - ela indagou, erguendo a face para ele com uma expressão de inocência fingida.
Ichigo abaixou seu olhar a ela e deu um riso de canto.
– Feita de açúcar? Isso só daria pra saber se eu te experimentasse.
Rukia pestanejou, não esperava por uma investida tão direta, então deu um tapinha no ombro dele.
– Seu abusado!
O tom dela não soara bravo, pelo contrário. Ela ficou risonha, como quem tivesse gostado, por isso ele julgou que valia a pena continuar investindo.
– Ah, desculpa, mas é que você é muito gata.
Eles tinham voltado a andar, e Ichigo disse aquilo sem olhar na direção dela, assim não chegou a ver que expressão ela fizera com o elogio, mas logo ficou aliviado quando ela deu uma risada alta e gostosa.
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Vítimas do Dever
FanficQuando a investigadora Yoruichi Shihouin descobre que seu amigo, o cientista Kisuke Urahara, está sendo acusado de ter realizado um terrível experimento em oito pessoas, ela decide ajudá-lo, porém, Byakuya Kuchiki não aprova essa decisão e fará de t...