- Vossa grassa regressou a Intropeda? - Inqueriu Deborah à sua senhora.
- É de lamentar que não. Disse algo como precisar ver alguém na cidade - Espero que se acidenta e morra - ansiou a mulher.
- Supus que se estariam a acertarem-se - Expôs Deborah.
- Aquele arrogante em momento algum desculpou-se buscava apenas justificar-se o tempo todo.
- Disse que a ama, é um belo gesto - defendeu Deborah.
- É um mentiroso sem escrúpulos, manipulador - contrariou a mulher sentada de frente ao espelho
- Talvez devesse ser mais... flexível - Aconselhou. Deborah sabia que sua senhora logo sentiria falta do marido pois tem percebido seu triste semblante.
- E Fui, mas foi difícil para o grande Edward Compbell dizer "perdoai-me, eu errei " como se pudesse resolver tudo com seu estúpido sorriso bonito.
Deborah sorriu discretamente antes que fosse percebida.
- Em dois dias será o festival de Intropeda, aposto que sua estadia seria maior se não houvesse esse detalhe.
- Para veres quão confiante veio sem dignar-se a insistir. Um maldito festival é mais importante que seu casamento.
Deborah calou-se sabia a importância que tinha o festival para o Duque.
Keira não podia negar que sentia a falta de Edward, mas ele a tinha magoado e ela não perdoaria tão fácil.
- É o aniversário de morte de sua mãe, princesa Horácia! - Keira sentiu a raiva dissipar-se - os festivais de outono são em homenagem a princesa o Duque nunca os falta.
Em silêncio a mulher respirou fundo. Sabia quanto Edward sentia pela mãe, mas como ela iria saber? "Está aí outra coisa que aquele prepotente não fez questão de contá-la" pensou.
Porém seus pensamentos duraram só até algum empregado anunciar a visita de sua prima Camille que ela aguardou por semanas.
Desceu às pressas e encontrou Camille sentada debaixo da tenda enfeitada de trepadeiras e jasmins no quintal.
- Camille... - cumprimentou a prima - estava prestes a desistir, pensei que não viria mais depois de tanto tempo - expressou, convidou-a a se sentar quando fez o mesmo
- Perdão, foi complicado convencer meu pai a deixar-me sair, mesmo que fosse escoltada - essa última sussurrou dirigindo o olhar no casal de empregados que acompanhava a prima.
Keira então entendeu o pedido de ajuda.
Chamou Deborah e pediu que os levasse até a cozinha para que se refrescassem da viagem!
- Por que razão a mantêm vigiada? - inquiriu curiosa
- Por alguma razão meu pai acha que se me der espaço fugirei do casamento arranjado com o filho de algum sócio - mentiu, bem, disse meia-verdade.
Camille não ousava contar a prima que foi pega em umas de suas fugas para encontrar o homem por quem estava apaixonada.
Que tivera se entregado a ele mesmo sem estarem casados ou ao menos terem algum comprimento, não sabia como Keira reagiria, embora a prima sempre tivera a mente mais aberta, não podia saber como a mesma reagiria a tal confissão. Não porque tivesse vergonha, afinal, por mais que fosse loucura, podia ser justificada pelo sentimento mais louco e valioso, amor.
Por ele valia a pena arriscar tudo, seria a loucura mais sã que alguém poderia cometer. Por isso ela sequer se arrependia.
Acordou do breve devaneio quando sua prima tocou-lhe a mão e a encarou com os olhos curiosos
- Então? Conseguiu alguma informação sobre a morte de meu pai? - conferiu ansiosa
- Sim, não lhe trago boas notícias. Apesar dos homens quase falarem em código, o que lhe posse dizer é que...
Tudo começou há 20 anos, quando tio Ralf assumiu o comando das tropas de Mitch antes de Intropeda ser dividida à hierarquia atual, com suas ordens foram assassinados civis na conquista de territórios em Siro dizimaram um acampamento inteiro, reduziram a cinzas mulheres e crianças foram mortas pelos homens de seu pai - Camille explicava devagar e ainda assim Keira parecia estar a ouvir uma linguagem diferente da sua.
Cada palavra pior que a outra, nada fazia sentido.
- Parece que depois de muitos anos esse acontecimento ainda pesava sobre os ombros do rei em novas alianças, não podiam ter acordo com um governo que aniquila seu próprio povo.
- Como aconteceu, Camille?
- O culpado precisava pagar, mesmo que já tivesse se passado anos. Foi ordenado que o segundo homem emitisse a sentença de morte por traição contra a coroa.
- Para que seu governo voltasse a estar limpo aos olhos dos aliados - Keira sussurrou absorvendo quando então outro choque a tomou - O segundo homem no comando... não!
- Infelizmente sim, Edward foi o responsável pela ordem...
Keira sentiu o chão sair-lhe dos pés, tudo a sua volta girava enquanto as vozes na sua cabeça começavam a encaixar-se!
"Acha que ela o amará quando souber dos seus pecados?"
"Por que casou-se comigo? Sem o dote?"
"A filha do traidor"
Todos os comentários sobre si faziam sentido, Edward era o assassino de seu pai. O homem por quem está apaixonada matou o homem que ela mais amava. Era o seu fim.
- Sente-se bem? - perguntou Camille após ver o rosto e palidez instantânea da prima.
Lágrimas rolaram de seu rosto paulatinamente. Levantou-se sentindo a culpa assolar mais forte que o normal, sem despedir-se de Camille caminhou até seu quarto e vagarosamente confinou-se nele.
Sentia raiva e frustração, Keira, de frente a penteadeira correu o olhar ao espelho, quando encontrou seu rosto sentiu-se uma fraude, uma desilusão total para seu pai. Correu as mãos sobre a mesma o que carregou todas as coisas sobre o pequeno móvel ao chão emitindo estrondo no destroçar dos pedaços e como um gatilho, seu choro é acionado, intenso e copioso.
Só podia ter sido amaldiçoada com a pior das pragas.
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A Duquesa
Historical FictionApós a misteriosa morte de General Ralf. Keira e sua mãe veem-se obrigadas a sobreviver por conta própria. Com suas dificuldades financeiras cada vez pior, lady Dayane, sua mãe, preocupada com a segurança da filha, anuncia seu casamento com Duque de...