Capítulo |7|

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Querido Ethan, tem sido um pesadelo estar distante de casa, de você.
É tão doloroso que mal consigo respirar, os olhares de desprezo e desaprovação, seus murmúrios tornam-se pedregulhos jogados em mim.
Tenho chorado todas as noites, agarrada ao travesseiro. O Duque é um homem horrível, frio e grosso. Por favor, venha para Itropeda e leva-me contigo.
Já não sei como lidar com essa saudade que me quebra o coração em mil pedaços.
Venha o mais rápido que puder!

As lágrimas em seu rosto malhavam o papel, tivera escrito durante o seu pranto de lágrimas, e tudo sobre si estava embasado.

Nunca esteve realmente preparada para a metamorfose que houve em sua vida como julgou que estaria.

Tudo acontecera de um jeito súbito que a deixava inteiramente exausta, quanto física como emocionalmente.

Mas era forte, precisava ser, seu pai ensinou-lhe a ser.

Tais pensamentos a fizeram repensar em seu ato. Enviar o pedido de socorro para Ethan, não resolveria seus problemas, pelo contrário, traria mais deles. Quem sabe até colocasse Ethan em perigo, o Duque podia até mesmo mandá-lo matar.

Ela conseguia sozinha — ponderou.

Guardou sua carta no baú do lado da cama e voltou a dirigir-se ao jardim. Já era hora do chá da tarde com Camille e Deborah como companhia.

Esperava sua prima Camille, que prometeu-lhe trazê-la mais informações. No entanto, tivera se passado dias e não teve nenhum sinal da mesma, e hoje já era visível que o cenário seria igual.

Estava claro que não conseguiria nada se continuasse em Intropeda, mas, voltar para casa nessa altura seria suspeito, não fizera nem três meses desde o seu casamento.

— No que tanto pensas, minha Senhora? — indagou Deborah, preocupada com a sua senhora

— Ah Deborah... Intropeda é tão fastidiosa — desconversou. Levava a xícara à boca enquanto apreciava as folhas dançantes das árvores ao fundo da casa.

— Talvez não lhe tenhas dado uma chance ainda, o que tu gostas de fazer? — requisitou interessada

— O certo seria, o que uma Duquesa pode fazer?! — referiu

— Vejamos... uma duquesa deve acompanhar o Duque em jantares e viagens diplomáticas, se responsabilizar por alguns projetos de Intropeda ou fazer parte da associação de mulheres da cidade.

— Uma associação?

— Sim, ainda que não tenham a melhor fama, todas as senhoras de Intropeda a frequentam. — Confessou

Keira sabia como funcionava tais associações, tinha certeza que era um lugar onde mulheres sem o que fazer se reuniam para falar mal de outras mulheres sem o mínimo de pudor.

Suspirou lamentosa

Em seu momento sublime de contemplação das árvores, ocorreu-lhe que nunca tivera caminhado para além delas.

— O que tem por detrás dos portões traseiros?

— Mato, o lugar é tão desértico que ninguém passa pelos portões — Deborah explicou horrorizada. O que devia servir como alerta a não aproximar-se, tornou-se um incentivo à personalidade impulsiva da Duquesa.

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