Quando a noite caiu, Keira permaneceu trancafiada em seu quarto, não ousou levantar-se uma vez sequer.
Tivera negado as últimas refeições assim como qualquer artimanha que Deborah tenha inventado para fazê-la abrir a porta.
O quarto estava quase sem luz nenhuma, apenas a luz da lua era companhia para sua dor, não era nada romântico como em livros que lia era melancólico. Drama puro.
Continuou presa a posição que adotou mais cedo, sem mexer um músculo, pensava em como significava nada para o Duque. Tivera matado seu pai e casado com ela para se desfazer da culpa. Sentia o amor que tinha por Edward transformar-se em ódio e sabia quão perigoso podia ser tais sentimentos.
A porta foi aberta, e sequer cogitou olhar para quem a incomodava até aquelas mãos a tocarem.
- Assassino, - Edward petrificou ao encarar os olhos cheios de cristais de lágrimas nele. - Assassino. - O tapeou forte, dos olhos corriam-lhe copiosas lágrimas enquanto as ríspidas palavras eram expelidas de sua boca.
- Não sei o que sabe, mas...
- MAS O QUE? COMO TEVE CORAGEM DE ARRASTAR-ME PARA TODA ESSA IMUNDÍCIE? COMO OUSOU CONFESSAR-ME SEU AMOR? COMO PENSOU QUE O PERDOARIA? - Riu incrédula - a culpa lhe consumia não é Duque? Então vou amparar a viúva e a órfã e meu pecado será perdoado? Diga-me?! FOI O QUE PENSOU?
As palavras da mulher eram mais dolorosas que qualquer golpe de espada que tenha recebido na vida.
- Claro, por isso desposou-me - caminhou no sentido contrário ao homem e voltou a encará-lo - A reputação precisava ser mantida intacta. Como o Duque é generoso, casar-se com a filha do traidor um excelente sacrifício pela paz. Oh que homem nobre. - Acusava sem que o homem pudesse responder-lhe. - O odeio por ter me submetido a isso.
- Keira, peço que...
- Eu que o achei o homem integro. - Gargalhou - quase conseguiu me enganar. Quase - estreita os olhos e mostra-lhe a quantidade formada por seus dedos - o odeio Duque Compell. O odeio como jamais pensei odiar alguém, é mais desprezível que o homem que odeia.
- Não me compare com aquele homem...
- Ele ao menos não esconde sua face por trás de uma máscara da justiça. Vá embora, vá junto com seus homens, não desejo vê-lo nunca mais. Espero de verdade que morra sozinho e amargurado como sua tia.
- Se me deixar expli...
- VÁ EMBORA Edward... - vocifera a mulher entre lagrimas.
Edward então convenceu-se de ter perdido, o desgosto e fúria eram visíveis nos olhos da esposa e não só, a caminho da porta Edward pode ver lady Dayane petrificada, com os olhos marejados, as lágrimas caiam-lhe de maneira instantânea, a decepção em seus olhos eram difíceis de suportar.
Com uma última olhada para trás o homem acelerou os passos para fora sem importasse com a noite que os banhava deu início a viagem e junto aos homens que trouxe voltou para Intropeda.
O dia amanheceu a Duquesa tivera tomado uma decisão, por mais que tudo sugerisse o contrário ela não acreditava que seu pai fosse um traidor. O homem que a criou nunca atrairia a coroa. Tera tanta honra que a criou sobre esses valores. Como alguém que te ensina a ser integro poderia ter um caráter duvidoso?
- Bom dia, mãe.
- Bom dia, querida.
Lady Dayane comia algum lanche preparado por uma de suas damas quando Keira aproximou-se.
- A senhora sabia que Edward estava por trás da execução de meu pai? - encarou a mulher, Keira tinha o rosto impassível e Dayane atônita olhava para filha quase que boquiaberta.
- Acha que seria capaz de casá-la com o Duque se o soubesse?
- A senhora seria capaz? - Dayane sabia quão transtornada estava a filha, pois a ternura e amabilidade habitual da menina já não eram refletidos no olhar.
- Não é justo que faça isso - lamentou a mulher com cristais de água nos olhos.
- Como foi comigo? Alguma vez fez realmente algo por mim, mãe? Me enfeitava dos pés a cabeça para me exibir em seus eventos, ensinou-me a ser uma dama a quem qualquer lorde gostaria de desposar, por mim? - O tom da menina era tranquilo, mas ainda assim feria Dayane que sentia a decepção e agustia na voz da filha - pediu que vendêssemos tudo que tínhamos e eu cedi, pediu para que me casasse e casei, mãe.
- Está a ser cruel. - Choramingou Dayane, Keira levantou-se e antes de retirar-se anunciou sua decisão.
- Ei de descobrir o que realmente aconteceu e castigar o culpado, não importa quem esteja a minha frente ou atravesse meu caminho - caminha para fora do comodo, já na escadaria a caminho do quarto as palavras de Dayane que a seguia a alcançam.
- Não diga disparates, não te envolvas nisso. - Suplicou a mulher que segurava as lágrimas.
- Não me peça para ignorar a honra de meu pai, não ei de obedecer-lhe, não mais. - Vocifera Keira de maneira abrupta.
Lady Dayane tinha os olhos irrigados e consciência de que sua filha única perderia a vida na primeira tentativa, era loucura deixá-la ir, mas, seu tom de voz deixava claro que era sua decisão final, a menina não mudaria de ideia era tão teimosa quanto Ralf.
- Só lhe resta uma maneira de impedir-me. - Olhou diretamente nos olhos da mulher e aproximou-se - denunciar-me ao Duque ou torcer para que ninguém descubra - Lady Dayane chorou de horror, se a denunciasse, Keira podia ser humilhada por toda cidade ou pior, podia ser morta acusada de traição. Mas se ela fosse, também podia ser morta, mas, teria uma hipótese de voltar com vida.
Sem forças ela caiu sentada no sofá antigo de sua sala.
Quando a menina desceu, não se atreveu a erguer os olhos para uma última olhada em sua filha, isso seria como uma despedida, seu coração não aguentaria mais uma perda, não a perda de sua filha única, que apesar de seus esforços em torná-la mais feminina, as ações mostravam cada vez mais o caráter de um homem. Era incrível como Ralf conseguiu pintar Keira a sua imagem.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Duquesa
Ficção HistóricaApós a misteriosa morte de General Ralf. Keira e sua mãe veem-se obrigadas a sobreviver por conta própria. Com suas dificuldades financeiras cada vez pior, lady Dayane, sua mãe, preocupada com a segurança da filha, anuncia seu casamento com Duque de...