Sem que Adolpus a tivesse conseguido impedir, Keira tomou Artemis e seguiu caminho sem olhar para trás.Cavalgou por horas sem parar durante a transição da noite para o dia, quase já não sentia seus pés e Artemis estava cansada, o animal era velho demais para corridas tão intensas, quase ao cair da tarde pode ver a bandeira de Intropeda no alto.
- Só mais um pouquinho garota você consegue, vamos lá - encorajou o animal que ao toque do seu carinho aumentou a velocidade num relinchar de confirmação
Quanto mais perto chegava podia avistar as tendas montadas de frente aos portões principais.
Hesitou, parou seu trajeto quando então se deu conta que não podia continuar. Precisava de um caminho alternativo e ela conhecia um, levaria mais tempo a chegar, mas se tivesse sorte estaria no jardim de sua casa antes mesmo do cair da tarde.
Tão logo mudou a rota, com a mesma velocidade continuou.Dentro do jardim traseiro de sua casa a mulher saltou do animal e correu para dentro, não antes de ter de lidar com os guardas sobre a porta que a olhavam curiosos e espantados ao verem as roupas que trajava a Duquesa.
— Onde está Edward? — gritou a mulher que correu para o quarto do Duque às pressas pela escadaria
— Keira? O que aconteceu com você? — o olhar surpreso de Elizabeth recaio sobre si.
— Onde está Edward? — pergunta irritada
— Em seu quarto — respondeu Elizabeth
Seu coração batia freneticamente, estava com medo de perdê-lo tanto medo, que a raiva ou suposto ódio estaria consumido pela dor e medo.
Quando adentrou e viu o corpo de seu amado sobre a cama com lençóis ensanguentado, correu para junto de sua cama e abaixou-se nela.
Embora seu corpo despojasse suor, sua pele estava fria, os lábios cianosados em uma cor rocha.
O corpo com a parte de cima despido e os ferimentos agora limpos e enfaixados respirava com dificuldades.
— Ele vai ficar bem? — dirigiu o olhar a mulher que o limpava.
— Os ferimentos são profundos e perdeu muito sangue, é cedo para dizer — acenou-lhe e voltou a olhar para Edward.
— Não queira livrar-se de mim Duque. Não pode fugir desse jeito — choramingou — Não depois de despertar tais sentimentos em mim — Keira segurava a mão do homem e a banhava com suas copiosas lágrimas — Não depois de fazer-me amar-te quando desejo odiá-lo. — de prantos sobre o leito do marido a Duquesa chorava sob o olhar atento e de igual modo melancólico de Lady Elizabeth.
Enquanto chorava por seu amado uma alta explosão se fez ouvir o que a fez dar um pulo e seguir a janela acompanhada de Elizabeth.
— Estão cada vez mais perto! — avisou Elizabeth.
O fumo da explosão estava mais perto, os homens empenhadamente tentavam derrubar os muros de Intropeda.
— Onde está Vicente?
— Defendendo os portões principais. — A mulher secou as lágrimas e afastou-se com uma última olhada para o marido.
— Onde vai? — Questionou Elizabeth — Keira? — sem resposta, vociferou.
— O quer?
— Julguei-a mal, espero que me possa perdoar por isso.
— Como acreditar que não esteve junto de Louise perante toda essa trama?
— Tudo que fiz na vida foi amar e cuidar de Edward. Nunca faria nada que o magoasse, sim. Admito que ignorei os boatos que Louise espalhou sobre si pela casa, mas quando a vi conversando com o mensageiro tão tarde da noite desconfiei que algo estava errado. — Suspirou e aproximou-se da mulher — o que quero dizer e sinto muito por não intervir quando tive oportunidade. — Lamentou sussurrante. A dor consumia seu ser e Elizabeth sequer conseguia pensar nada além de Edward lutando pela vida e se fosse sincera e reconhecesse seus pecados talvez Deus a perdoasse.
Sem a responder, Keira correu para fora e voltou a montar Artemis em direção a toda aquela fumaça. Cada cavalgada mais rápida que a outra até avistar a pequena concentração de homens liderados por Vicente.
— Keira? Perdão, Duquesa o que faz aqui?
— Vim ajudá-lo.
— Sem querer ofendê-la no que a senhora ajudaria?
— Ficaria surpreendido com que lhe posso ajudar, mas não temos tempo para conversa, como está a situação?
Vicente respirou pesadamente, sabia ser idiotice deixar a mulher debaixo de fogo seria mais um assunto com que se preocupar, mas como ela mesma disse não havia tempo para discussão que roubaria do pouco tempo que têm.
— Controlada a 250 metros dos portões — respondeu Vicente
— Quanto a integridade dos muros?
— Houve bombardeios recorrentes, mas ainda estão de pé.
— Alguma ideia de quem os ataca?
— O Barão.
— Darwin... o que ganharia com isso?
— Se Edward for morto, sem um herdeiro o Barão tomaria posse de Intropeda.
Caminhou para mesa com a planta de Intropeda sobre ela.
— Então não deixaremos isso acontecer.
— É o que pretendemos, mas precisa voltar para casa, vossa graça.
— Sou mais útil aqui do que lá.
— É perigoso mantê-la debaixo de fogo, se algo a acontecer o Duque mataria a todos.
— Primeiro precisamos garantir que ele sobreviva.
Vencido, Vicente aproximou-se da planta e com três outros homens explicavam o ponto de situação enquanto Keira silenciosamente ouvia a estratégias dos mesmos.
— Parte dos homens avançam para um ataque direto longe dos aldeões. Se reforçarmos a quantidade de homens junto ao castelo garantiremos a segurança do Duque caso os muros desabem. — Com pregas vermelhas espetadas a planta, o homem explicava.
— Para isso montem o barbacã e mandem mais homens para proteger a muralha! — ordenou Vicente
— Não vai funcionar — pela primeira vez a mulher respondeu, os olhares recaídos sobre si, fez-lhe continuar — Vi que têm muitos feridos e poucos homens, quantos terão na defesa dos portões se metade deles se dirigirem ao castelo e outra metade ao barbacã?
— Tem alguma outra estratégia? — Questionou o homem
— Ao invés de separar seus homens devia concentrá-los em um único ponto — Vicente arqueou o sobrolho enquanto ouvia a mulher continuar — as torres são quadradas o que é vantajoso por ser o ponto fundamental para a defesa do castelo. De lá se tem uma visão ampla de toda a região e podem abrigar os arqueiros do exército.
— Sugere que deixemos os portões?
— Sim.
— Thomas quer Intropeda e pelo pouco que o conheço seguirá para seu objetivo assim que passar pelos portões.
— E nós estaremos à espera!
— Exatamente, com os arqueiros aposto e a infantaria como a última linha de defesa teremos tempo e vantagem. — Keira explicava seu plano estratégico com os mercadores vermelhos sobre a planta para exemplificar as posições dos homens.
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A Duquesa
Historical FictionApós a misteriosa morte de General Ralf. Keira e sua mãe veem-se obrigadas a sobreviver por conta própria. Com suas dificuldades financeiras cada vez pior, lady Dayane, sua mãe, preocupada com a segurança da filha, anuncia seu casamento com Duque de...