O telemóvel de Bárbara vibrou sobre as pernas da rapariga morena que, logo, voltou os olhos castanhos para o ecrã iluminado automaticamente. Neste leu a notificação que apresentava apenas o nome do contacto que lhe tinha enviado mensagem. No mesmo segundo, o seu coração pediu-lhe para sair daquela casa e conduzir ao encontro do ex-namorado, tal como este lhe pedia. Contudo, seguindo o seu lado mais racional, deixou-se estar sentada entre o internacional português e a estudante académica de sociologia.
Por duas semanas, ignorou todos os sinais que manifestavam a sua vontade de reencontrar o ex-companheiro, pois sabia que aquele tempo afastada dele, sem qualquer tipo de contacto, era necessário para o seu processo de recuperação do fim da relação e, especialmente, por estar suscetível a muitas emoções, quer positivas, quer negativas. No entanto, não podia ignorar o entusiasmo que sentiu ao ler o nome do contacto de Afonso por mais ligeiro que tivesse sido o sentimento. A verdade é que sentia falta dele, dos beijos dele e do toque quente em contraste na sua pele fria. Com estes pensamentos a invadiram o seu subconsciente, a jovem de dezanove anos de idade levantou-se do lugar, sem interromper o diálogo entre os duas pessoas sentadas ao seu lado e seguiu em direção da casa de banho.
De frente ao espelho, contemplou o seu reflexo no objeto de vidro. A sua face carregava uma expressão enigmática. Nem ela própria sabia decifrar o que sentia. Tudo aquilo que sentia antes da separação tinha voltado ainda com mais intensidade. Esperava que, depois da separação, tudo seria mais claro, contudo, agora, parecia estar errada, e o problema não era a relação, mas sim ela própria. Quis culpabilizar alguém e foi egoísta ao ponto de culpar a relação em vez de admitir que era ela que não estava bem. Um suspiro saiu por entre os lábios da morena e os seus olhos castanhos viajaram para a bancada de pedra que suportava o lavatório. Fechou-os por breves segundos de modo a tranquilizar o seu coração e regular a respiração. O seu olhar regressou ao espelho, voltando a observar-se a si própria, atentamente. Conduziu as mãos aos fios de cabelo, ajeitando o penteado. Por fim, saiu da divisão e seguiu para a varanda do apartamento, em vez de regressar para o lado de Teresa e Diogo.
A ribatejana pisou o espaço exterior vendo-se obrigada a cruzar os braços sobre o peito, cobrindo-se da brisa fresca da noite. As mãos caíram sobre o ferro, que servia de apoio para a estrutura de proteção, e permaneceu em silêncio, somente, escutando os comuns barulhos da noite. Pela primeira vez, desde que leu a mensagem, deixou-se respirar. Respirou fundo, inspirando novo ar e expirando tudo aquilo que a fazia sentir mal na esperança de uma renovação de emoções e sentimentos. Não aconteceu. Inspirou e expirou umas cinco vezes, mas aquilo que a fazia sentir pior que estragada continuou lá dentro a atormentá-la.
- Foi a Teresa que te enviou, não foi? – Embora estivesse numa luta com o seu eu interior, Bárbara foi capaz de sentir uma presença atrás de si e, pelo canto do olho, deparou-se com a figura do futebolista profissional.
- Por acaso, não. Fica a saber que não sou pau mandado de ninguém. Vim por iniciativa própria. – A morena sorriu, negando com a cabeça, e voltou a sua cabeça na direção do alentejano, um gesto que o mesmo levou como sinal para se aproximar dela.
- O meu ex-namorado pediu para o ir ver. – Após uns segundos em silêncio, a estudante de relações internacionais revelou, desbloqueando o telemóvel para mostrar a mensagem ao benfiquista. Apesar de o ter conhecido há poucas horas, sentia que podia confiar nele; além de que ela precisava urgentemente de conselhos. – Acabámos há duas semanas após muitos anos juntos. – Disse.
- Vais aceitar o pedido dele? – Diogo perguntou, devolvendo o telemóvel à rapariga ao lado dele.
- Não faço ideia. – Num tom sincero, a natural de Santarém respondeu.
- Imagino. – O benfiquista pronunciou-se. - Já estive no teu lugar, por isso, sei o que estás a sentir e deves acreditar em mim quando te digo que não vai ser nada fácil daqui para a frente.
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lack of control | diogo gonçalves
Teen Fiction"𝘛𝘩𝘦𝘴𝘦 𝘮𝘪𝘯𝘦𝘧𝘪𝘦𝘭𝘥𝘴 𝘵𝘩𝘢𝘵 𝘐 𝘸𝘢𝘭𝘬 𝘵𝘩𝘳𝘰𝘶𝘨𝘩 𝘸𝘩𝘢𝘵 𝘐 𝘳𝘪𝘴𝘬 𝘵𝘰 𝘣𝘦 𝘤𝘭𝘰𝘴𝘦 𝘵𝘰 𝘺𝘰𝘶" diogo gonçalves fanfiction 2021 -ɪᴀᴍᴍᴀʀɪ-