o dia seguinte.

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Na manhã seguinte, não foi necessário o soar do despertador definido por Bárbara para que a mesma acordasse. Aliás, quando o irritante som ecoou pelo quarto encerrado, já as persianas das janelas tinham sido levantadas e a luz solar adentrava e iluminava a divisão, e a morena nascida na região ribatejana do país estava sentada no sofá-poltrona a apreciar o vento fresco da manhã a embater na sua face e a contemplar a paisagem deslumbrante proporcionada pelo céu limpo. Desocupou o cómodo sofá com o intuito de pegar no aparelho móvel e desligar o despertador. O relógio digital marcava as oito horas e trinta minutos do horário da manhã em ponto. Tinha acordado há exatamente uma hora, sem qualquer auxílio do despertador, ou por causa de algum tipo de barulho exterior, acordou do seu sono profundo de forma voluntário, o que, verdadeiramente, era algo impensável para alguém como a ribatejana, uma vez que muitas vezes é preciso o despertador tocar três vezes para ela, finalmente, abrir os olhos e livrar-se do sono que a forçava a manter os olhos cerrados.

Depois de uma hora encerrada dentro das quatro paredes, receosa de acordar os três restantes habitantes caso abandonasse o seu quarto, a estudante universitária do curso de ciência política e relações internacionais buscou a bolsa que continha os produtos cosméticos e deslocou-se para o exterior da divisão, mais precisamente, para a divisão ao lado, a casa de banho. Durante o curto caminho, reparou que a porta do quarto pertencente ao jogador da equipa comandada pelo treinador português Jorge Jesus estava fechada, levando-a a deduzir que ele ainda estava mergulhado num sono profundo, o que era de esperar, tendo em conta o horário tardio em que ambos se dirigiram para os respetivos quartos. Com a imagem do seu semblante refletida no espelho, a de cabelos escuros espalhou em pequenas camadas o creme facial, seguido do hidratante para os seus caracóis presos num rabo-de-cavalo, e, por último, aplicou uma sombra clara nos olhos e um batom de cor nude nos lábios. Regressou ao quarto, onde guardou a bolsa na mala de viagem já pronta para a viagem de regresso à capital portuguesa, e procurou pelo telemóvel, abandonando, de vez, o quarto.

Por breves segundos, confrontou-se com uma discussão com o seu subconsciente acerca do seu próximo destino. Inicialmente, assim que fechou a porta do quarto atrás de si, caminhou na direção das escadas, contudo, acabou por travar os seus passos e desviou o seu olhar para trás, exatamente para a porta fechada respeitante à divisão ocupada pelo alentejano, levando a que o seu olhar se dividisse entre o caminho já feito e aquele que tinha pela frente, ou seja, o caminho até à cozinha, onde era possível reparar que já era ocupada certamente pelo casal mais velho graças aos sons de louça a bater e vozes murmuradas. Face a isto, a melhor amiga de Teresa hesitou bastante, dado que a sua vontade era uma coisa e o seu subconsciente dizia-lhe outra coisa. No entanto, como tinha planeado consigo mesmo há uns dias atrás, ignorou aquilo que o seu subconsciente lhe dizia que ela devia fazer e recuou uns passos, girando o corpo na direção do corredor dos quartos. Parou à frente da porta e, no momento em que ia bater na madeira, reparou que as suas mãos estavam suadas.

- Por amor de Deus, Bárbara. – Protestou consigo mesma, esfregando as palmas das mãos nas calças de ganga pretas vestidas por si, ao mesmo tempo que revirava os olhos.

Aquele protesto tinha razão de existir, uma vez que, desde o momento em que o seu trajeto foi interrompido pelo travar dos seus passos no início das escadarias, o ritmo das batidas do seu coração tinha mudado substancialmente e o suor nas palmas das suas mãos eram só mais um indício do estado nervosa em que ela se encontrava.

É só o Diogo.

- Exatamente por isso. – Num murmúrio escapado entre dentes, a natural de Santarém respondeu ao subconsciente, o que resultou em mais um revirar de olhos devido à figura idiota que estava a fazer parada à frente de uma porta fechada e a falar sozinha.

lack of control | diogo gonçalvesOnde histórias criam vida. Descubra agora