lack of control | diogo gonçalves

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Bárbara tentava encaixar a chave da porta do prédio na fechadura. Sim, tentava, uma vez que sentia os olhos castanhos de Diogo a queimar a sua pele, o que a desconcentrava, mesmo que a sua tarefa fosse, unicamente, encaixar a chave na fechadura e abrir a porta. Estava a falhar miseravelmente. Até que uma ajuda do além lhe deu um empurrão e, especialmente, à chave e esta encaixou-se, finalmente, na fechadura e a porta do prédio abriu-se. Antes de entrar, fitou o jogador, mais uma vez, e encontrou-o com um sorriso de puro divertimento, o que a irritou ainda mais. Sorriu-lhe, cinicamente, e entrou no prédio. Fora da visão dele, a morena esboçou um tímido sorriso enquanto subia as escadas para o andar em que residia.

- Por onde raios andaste? – Teresa surgiu no campo de visão da melhor amiga, mal escutou a porta a bater. – Já viste as horas? Estavas a pensar em jantar às vinte e duas horas da noite? – Protestou, apontando para a televisão, onde estava a dar as notícias da noite num canal de notícia qualquer, que a estudante de relações internacionais e ciência política não tomou atenção, e tinha um relógio digital que marcava as vinte e uma horas e quinze minutos.

- Foste tu que quiseste McDonald's. – Bárbara encolheu os ombros, dirigindo-se para a cozinha. – Tens sorte que tive boleia do Diogo, senão a esta hora estava eu a sair da estação do metro. – Todo o aborrecimento que Teresa sentira pelo atraso da amiga desapareceu assim que escutou o primeiro nome do lateral direito a sair da boca da mesma.

- Diogo? Estiveste com o Diogo?

- Não comeces com as tuas cenas. – A filha de Maria e Fernando adiantou-se. – Eu não 'estive' com o Diogo. Encontrei-o e ele dispôs-se a trazer-me a casa, já que estava a anoitecer. – Esclareceu, gesticulando com os dedos a palavra 'estive' como se estivesse entre aspas.

- Eu não disse rigorosamente nada. Tu é que te sentiste na obrigação de explicar. – A rapariga de cabelos pretos atirou, procurando esconder o sorriso divertido que ameaçava surgir nos seus lábios.

Por entre murmúrios, a irmã mais nova de Catarina maldiçoou a melhor amiga enquanto tratava de colocar a mesa para jantarem. Depois de um jantar em que o tema principal foi o curto período de tempo que a ribatejana passou com o natural de Almodôvar, Bárbara refugiou-se no seu quarto, onde trocou de roupa para o seu pijama e iniciou a sua rotina noturna. Quando a terminou, deitou-se na cama, cobrindo-se com o lençol e o edredão, e agarrou no telemóvel para se distrair enquanto não tinha sono.

A primeira notificação que lhe saltou à vista assim que conectou o telemóvel ao wi-fi foi a de um novo pedido para a seguir no Instagram. Sabia muito bem de quem era, ainda antes de verificar. Quando leu o user do perfil do jogador das águias, só confirmou as suas suspeitas. O seu polegar esteve num vai e vem assim como a sua cabeça; só existia duas hipóteses, e, regra geral, quanto menos opções existirem, melhor, mas, naquele caso, a morena parecia querer mais uma opção que não a comprometesse tanto. Sentia que estava a seguir em frente demasiado rápido. No entanto, tinha a salvaguarda de que Diogo não estava interessado nela. E, mesmo com essa salvaguarda, deixou o pedido em pendente.

Optou por pousar o telemóvel na superfície da mesa de cabeceira e descansar não só os olhos, como também a cabeça. Uns minutos com os olhos fechados foram suficientes para que o sono a encontrasse e levasse a adormecer profundamente até que os raios de sol perfurassem as persianas e iluminassem o quarto. Contudo, mesmo com esse fio de luz, Bárbara não acordou logo. Foi o irromper de Teresa e a voz estridente que esta trazia com ela que obrigou a ribatejana a acordar.

Teresa premiu o interruptor que levantava as persianas e correu para a cama da melhor amiga que ainda procurava adaptar-se a tanta luz e ao tom de voz da estudante de sociologia. A morena de dezanove anos levantou-se o suficiente para se sentar na cama e ficar de frente para a melhor amiga.