apaixonada? sim ou não?

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- Como estás?

Quando Bárbara, finalmente, decidiu sair do quarto após uma noite e uma manhã inteira lá fechada, encontrou a melhor amiga à entrada da cozinha a, pelo que via, preparar uma espécie de pequeno-almoço reforçado por ser tão perto da hora de almoço. Assim que se apercebeu da presença da morena com origens na zona ribatejana do país, Teresa questionou o bem-estar dela, recebendo um simples encolher de ombros.

- Como não sabia a que horas irias acordar, cheguei a preparar o pequeno-almoço a contar contigo, mas, como não estavas acordada, acabei por guardar as sobras no frigorífico. – Ao mesmo tempo que mexia entre as frigideiras e panelas, a de cabelos negros falou. - Então, decidi preparar um pequeno-almoço mais reforçado para te alimentares, porque não comes nada há muitas horas. Podes-te sentar à mesa que já está quase pronto. – Indicou, apontando para a mesa com os utensílios necessários para comer a refeição ainda em processo de preparação.

A estudante de ciência política e relações internacionais assentiu e acatou a ordem dada pela amiga. Sentou-se numa das cadeiras disponíveis e deixou-se ficar com a cabeça deitada sobre os braços enquanto aguardava pela estudante de sociologia. Poucos minutos depois, Teresa sentou-se à frente da morena, depois de a servir. Entre silêncio, apenas, com o som dos talheres a baterem nos pratos, a dupla de amigas iniciou a refeição.

- Precisas de mais alguma coisa? – A melhor amiga da praticante de atletismo perguntou, quando terminaram a refeição.

- De um abraço. – Num tom de voz quase inaudível, a morena lamuriou, mas, logo, recebeu aquilo que pediu à amiga. – Isto é tão embaraçoso. – Envolvida no abraço caloroso de Teresa, a filha do casal Andrade ainda proferiu.

- O quê? O nosso abraço?

- Claro que não. – Imediatamente, prontificou-se a esclarecer. – Toda esta situação. Em dois anos de faculdade, nunca tinha faltado por nenhuma razão. Nem mesmo quando me separei do Afonso, o que considero uma situação muito mais grave do que esta. Bastou alguém me chamar à terra e toda a minha vontade de fazer alguma coisa por mim mesma morrer. – Explicou, enterrando a face nas mãos de forma a esconder o que a sua face manifestava.

- Isso é injusto, 'Babi. – Teresa retorquiu, afagando os cabelos da amiga. – Nada do que disseste é a realidade. E, no fundo, tu sabes disso. O problema aqui, que se mantém, é o facto de continuares nesta fase de negação, em que colocas o Diogo numa posição em que ele não quer estar. – A de dezanove anos concluiu, referindo o facto de Bárbara persistir em calar os sinais que manifestavam os seus sentimentos face a Diogo.

- Estás a defendê-lo? – Num movimento brusco, a irmã de Laura e Catarina afastou-se da amiga e olhou-a, visivelmente indignada e confusa pela toma de partido.

- Nem te atrevas a levar para esse lado, Bárbara! Sabes muito bem que era incapaz de escolher o Diogo quando tu estás do outro lado. - Teresa protestou. - Mas, isso não quer dizer que eu seja cega, muito menos tu. – Bárbara abanou a cabeça, negativamente, e distanciou-se da melhor amiga, desocupando a cadeira e dirigindo-se para a divisão ao lado, a sala de estar.

- É inacreditável! Como é que vocês sabem mais dos meus sentimentos que eu? Não é por tu queres que eu esteja com ele que isso vai acontecer. Tira já o cavalinho da chuva se pensas isso. – Vociferou. A estudante de sociologia seguia os passos da amiga e, mesmo com o tom elevado da mesma, não a deixou de seguir. – Eu não gosto dele. Mete isso na tua cabeça.

- Fala a pessoa que esteve a chorar a manhã inteira, exatamente, por causa dele. Onde está a coerência do que dizes com a forma como ages? – Em igual tom de voz, Teresa contrapôs.

lack of control | diogo gonçalvesOnde histórias criam vida. Descubra agora