especial.

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A morena de dezanove anos acordou com um barulho que desconhecia, mas que a impediu de voltar a adormecer, ainda que não estivesse totalmente pronta para acordar e se levantar da cama. Os seus olhos castanhos viajaram pela divisão que serviu de quarto para aquela noite de cujas memórias queria bloquear e esquecer. Depois de uns minutos estendida na cama a olhar para o teto do quarto, levantou-se e saiu da cama, aproximou-se da janela, afastando os cortinados para deixar entrar a luz solar, e, por fim, abandonou o quarto. Dirigiu-se para a casa de banho e, no interior da mesma, retirou as peças largas que o lateral benfiquista lhe tinha emprestado para dormir mais confortável, substituindo-as pelo fato de treino envergado na madrugada daquele dia antes de se encontrar com o ex-namorado. Por último, antes de sair da divisão, lavou a cara, limpando os vestígios das lágrimas secas nos cantos dos olhos e do cansaço que carregava na face.

A fim de encontrar o melhor amigo do algarvio Gonçalo Rodrigues, Bárbara seguiu o som que indicava movimentações, indo o encontrar na cozinha, onde se deparou com a mesa composta por um jarro com sumo de laranja natural e outros alimentos para o pequeno-almoço, e com o moreno de costas para ela a preparar os restantes alimentos que iriam parar à mesa.

- Estás a cozinhar para um quartel de bombeiros? – Bárbara manifestou a sua presença na divisão ao questionar Diogo acerca da quantidade de comida que tinha preparado e continuava a preparar.

- Bom dia, já agora. – Ainda de costas para a universitária, o jogador cumprimentou-a. – Não sabia o que costumas comer ao pequeno-almoço, então preparei várias coisas para teres por onde escolher. – Diogo explicou, pousando a frigideira com ovos mexidos sobre o centro da mesa.

- O problema não é teres feito vários pratos, mas sim a quantidade que fizeste em cada um. Não costumo comer muito de manhã, pelo que vais ser tu a acabar com quase tudo. – A melhor amiga de Teresa comentou ao mesmo tempo que se aproximava do alentejano. – Precisas de ajuda em mais o quê? – Perguntou enquanto olhava para ele à espera que ele lhe respondesse. Inconscientemente, um sorriso invadiu os lábios da morena que contemplava a expressão séria e concentrada de Diogo enquanto este continuava os seus cozinhados.

- É errado. – Bárbara sentiu o seu coração parar de bater quando escutou a voz do benfiquista. Não entendia o contexto da resposta dele, pelo que tinha medo de ter ficado a olhá-lo tempo a mais e ter perdido o resto da conversa. – Para o bem da tua saúde, devias esforçar-te a comer mais no pequeno-almoço e sabes bem o motivo pelo qual te estou a dizer isso. – Uma sensação de alívio invadiu-a, mas ela esforçou-se para não a manifestar. Diogo aproximou-se dela, eliminando a distância segura que os separava, e a morena susteve a respiração pela proximidade, procurando manter uma expressão neutral. – Preciso que te afastes para poder chegar aos pratos, Bárbara. – Diogo falou, contendo os risos, visto que se tinha apercebido do efeito que provocou nela.

- Eu levo os pratos. – De imediato, Bárbara voltou-se para o armário que estava atrás dela.

- Tens a certeza? Não quero pratos partidos. – O de vinte e três anos provocou, gargalhando baixinho.

A estudante de relações internacionais praguejou no mesmo tom baixo que ele, no entanto, optou por não responder às provocações do natural de Almodôvar. A refeição tornou-se num tormento para ambos, visto que nenhum dos dois dava o passo em frente para cortar o silêncio constrangedor que se havido instalado.

- Obrigada---

Quando Bárbara decidiu "matar" o silêncio que durava tempo a mais, Diogo interveio, sem a deixar terminar.

- Não agradeças. Sempre que faço algo por ti, agradeces-me. Já estou cansado de te dizer que eu não sou obrigado a ajudar-te, por isso, nada de 'obrigadas'. – O atleta de futebol protestou.

lack of control | diogo gonçalvesOnde histórias criam vida. Descubra agora